Apê de 69 m²: Ideias simples e funcionais de decoração
Quando fez o projeto deste apartamento carioca, a arquiteta Carolina Mendonça não imaginava que acabaria morando nele – e que poderia avaliar na prática suas próprias criações
Sem quebra-quebra nem troca de revestimentos, ela conseguiu deixar o imóvel do jeito que o proprietário, o profissional de marketing esportivo Kim Galvão, queria: simples e funcional, pronto para receber toda sua coleção musical. “Não mexi sequer na parte elétrica. Só acrescentei alguns pontos de iluminação no forro de gesso – que, aliás, já tinha os 15 cm de rebaixamento necessários”, conta.
Ao embarcar em uma longa viagem, Kim deixou o apê temporariamente vago, bem na época em que a arquiteta e o marido, o engenheiro de produção Daniel Kurka, procuravam um lugar para morar enquanto seu próprio lar entrava em reforma. “Acabamos alugando o espaço, e tem sido ótimo. Pude constatar que o projeto oferece mesmo muita praticidade no dia a dia!”, afirma.
Rack e rock disputam os holofotes na sala
❚ A base neutra é o ponto de partida para muitos dos projetos da arquiteta Carolina Mendonça. “Esse recurso permite que, caso enjoe, o morador consiga mudar a cara do ambiente só trocando os acessórios”, justifica. Neste caso, as paredes brancas, o sofá bege e o tapete de couro natural quadriculado (3,20 x 2 m) formam a trinca fundamental. A partir dela, Kim escolheu quadros e outros itens coloridos – e a arquiteta aprovou a composição.
❚ Marcenaria foi a solução para tirar proveito de uma das paredes, que recebeu um móvel multifuncional de MDF (2,70 x 0,45 x 2,49 m). Rack, estante e prateleira, revestidos de laminado branco, apoiam equipamentos e objetos de decoração. O painel, com acabamento no padrão Ébano Grígio, da Duratex, serve de suporte para a TV e ainda esconde toda a fiação.
❚ O espaço inicialmente reservado para abrigar uma guitarra se tornou o cantinho da música. Nele, ficam expostos instrumentos, um amplificador e um porta-CDs em formato de bomba de combustível, garimpado na tradicional feira de antiguidades da rua do Lavradio, na capital fluminense.
Ajuste fino em 69 m²
❚ Na cozinha, entre a bancada da pia (1) e o móvel que embute a mesinha (2), foram reservados 98 cm para circulação.
❚ No segundo quarto, uma porta se comunicava com o banheiro. Como este passou a ter apenas uso social, a passagem foi fechada por um armário (3). O acesso ao lavabo agora é feito exclusivamente pela porta do corredor (4).
Praticidade no jantar e na cozinha
❚ Também de MDF, feito sob medida, um segundo móvel multifuncional (1,90 x 0,55 x 2,49 m) se destaca na sala de jantar: ele serve simultaneamente como buffet e bar com direito a adega climatizada.
❚ O ar retrô fica por conta da mesa Saarinen e das cadeiras Panton – uma delas, preta, destoa propositalmente do conjunto branco.
❚ Hoje, Carolina tentaria convencer o proprietário a abrir mão de seu pedido por um tapete escuro nessa área. “Ele pode até ajudar a disfarçar alguns tipos de manchas, mas, no dia a dia, exige muita manutenção, pois evidencia pequenas sujeiras”, relata.
❚ Já a outra solicitação de Kim – a mesinha para refeições rápidas embutida na marcenaria da cozinha – é considerada um grande acerto. “Nós a usamos muito, especialmente no café da manhã”, diz a arquiteta. Sobre o tampo, fica um de seus xodós: a torradeira colorida que ganhou de presente de casamento (modelo similar: Tart In Arlequin , 23 x 14 x 21 cm, Pylones).
❚ Uma divisória de vidro fosco incolor, com painel fixo de 0,80 x 2,47 m e porta de correr de 0,83 x 2,47 m, isola a lavanderia sem barrar a luz natural na cozinha, ao mesmo tempo em que protege as roupas lavadas da fumaça e da gordura proveniente do preparo dos alimentos.
Visual caprichado e espaço para deixar tudo organizado na suíte
❚ No banheiro, além dos revestimentos, a pedra da pia original, com recorte arredondado, também foi mantida – sob ela, o novo gabinete de MDF (99 x 51 x 64 cm) acompanha a curvatura. Para completar, Carolina desenhou um generoso armário de parede (1,63 x 0,12 x 1,19 m). “Procuro fazer esse tipo de móvel sempre o mais largo possível, porque fica bonito e dá para guardar muita coisa”, explica, acrescentando que, apesar de ampla, a peça não deixa o visual carregado graças às portas espelhadas.
❚ Embora tenha dispensado reformas pesadas, o projeto incluiu uma interferência, executada no quarto: para nivelar um dente na alvenaria, deixado por uma coluna, a arquiteta aplicou gesso na parede, que foi ainda tingida de vermelho. No entanto, ela abriu ali um nicho, com 10 cm de profundidade, que Kim converteu em galeria, com fotos em preto e branco de alguns de seus artistas favoritos: Nirvana, Janis Joplin, Jimi Hendrix, Bob Marley e Bob Dylan.
❚ Na mesma superfície, foi posicionada a cabeceira da cama. Feita de MDF, com acabamento no padrão Amêndola Rústica, da Duratex, ela integra os criados-mudos, que apoiam peças decorativas, como a luminária com a imagem dos Beatles e a escultura de porcelana assinada por Romero Britto.
❚ Um home office foi montado no outro lado. O protagonista do espaço é o móvel de MDF, com o mesmo acabamento da cabeceira, que incorpora escrivaninha (2,10 x 0,50 m), painel (2,10 x 1,17 m) e prateleira (1,85 x 0,25 m). Sob a mesa, também de MDF, só que com acabamento branco, um armário com gavetas e portas com sistema fecho-toque.
❚ Ao lado da bancada, outro pilar foi oculto por um nicho de MDF (1,32 x 0,12 x 1,90 m), que abriga mais do acervo musical de Kim.