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Yohama Eshima fala sobre representatividade dentro e fora das telas

A atriz brasileira fala sobre guinada na carreira e a conscientização sobre esclerose tuberosa, condição de seu filho

Por Raíssa Basílio
4 set 2023, 10h04

“Para mim é diferente esse lugar de mulher nas telas, na verdade, eu nunca ocupei. Sempre preencho o de japonesa ou amarela. É uma revolução conseguir me enxergar em uma história em que sou uma mulher, não necessariamente em uma narrativa sobre uma imigrante japonesa. Agora, eu consigo me enxergar como uma mulher brasileira, que é o que eu sou”, conta a atriz Yohama Eshima, que está filmando seu primeiro trabalho na Netflix. Pedaço de mim será a primeira telenovela do streaming, e contará também com Juliana Paes e Vladimir Brichta na produção.

Após o sucesso com a estreia na Rede Globo em Travessia, trama de Glória Perez que chegou ao fim em maio deste ano, Yohama Eshima está experimentando, pela primeira vez, uma guinada no audiovisual brasileiro, que passa a enxergá-la em sua totalidade, como uma atriz e não como uma minoria. Aproveitando o novo trabalho, conversamos com a artista sobre carreira, representatividade e conscientização sobre esclerose tuberosa, condição de seu filho.

A projeção depois de Travessia

Como a policial Yone, braço direito da delegada Helô, interpretada por Giovanna Antonelli, em Travessia, Yohama ganhou muito destaque na novela. A personagem caiu no gosto do público e foi galgando mais espaço de tela.

Giovanna Antonelli e Yohama Eshima em
Giovanna Antonelli e Yohama Eshima em “Travessia” (Globo/João Miguel Júnior/Divulgação)

“Ainda está sendo uma experiência maravilhosa, fazer novela das nove na Globo é uma projeção muito grande. Algo que eu mesma não imaginava e eu considero um grande presente do universo e do Mauro Mendonça Filho [diretor televisivo] e da Gloria Perez. A minha personagem cresceu durante a novela e ganhou espaço nesse sentido de ser uma mulher de liderança”, celebra.

“Eu nunca vou me esquecer da cena em que estávamos procurando um mafioso e liderei um grupo de homens. Eu andando na frente e vários homens atrás de mim. Que sensação de poder que eu senti naquele momento. É algo que, para nós mulheres, é muito novo ainda. Foi uma personagem importante nesse lugar de representatividade do poder feminino, de que a gente pode ocupar lugares sim de estratégia, de poder, de decisões, e isso foi muito legal. Eu tive a oportunidade de crescer dentro da novela e o público me abraçou”, recorda.

Chegar ali, no entanto, não foi fácil. Por muitos anos, a atriz sequer era cogitada para papéis em que sua origem não fosse o foco. “Nos roteiros, geralmente aparece escrito: ‘mulher de 20 a 30 anos’, ou ‘homem de 30 a 40 anos’. Eu nunca era chamada para ser a mulher, apenas quando estava escrito: ‘mulher japonesa, chinesa ou mulher asiática’. Então, eu nunca fui considerada a mulher. É algo muito recente”, completa.

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Representatividade sem estereótipos

Yohama Eshima está no elenco da primeira novela da Netflix.
Yohama Eshima está no elenco da primeira novela da Netflix. (Vera Loik/Divulgação)

Yohama comenta também sobre um lugar que não condiz (e nunca deveria ter existido) mais com o estereótipo de mulheres amarelas, o da fetichização, algo que também acontece com atrizes negras. “Eu já fiz muito papel onde minha personagem era extremamente submissa, que é esse lugar da fetichização das mulheres amarelas. Hoje em dia, eu não faço mais e me proponho a fazer uma contraproposta, sabe? Por que não têm um outro olhar?”, conta.

“Na Netflix, a minha personagem é completamente oposto disso. Ela tem ali a sua curva na dramaturgia, mas é uma mulher que sabe o que quer”, conta. Pedaço de mim, a primeira novela feita pelo streamming, está prevista para estrear em 2025. “É uma nova forma de contar uma história assim, é um novo formato original Netflix, que não foi visto em nenhum lugar. É a primeira vez que fazem algo assim.”

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Yohama conta que foi ótima a experiência de trabalhar com Juliana Paes e Vladimir Brichta, e que sua personagem conversa diretamente com o núcleo deles, que são os protagonistas. “Pela primeira vez, eu faço um papel que tem uma relevância, que tem uma história e que tem até uma casa, sabe? É uma vitória enquanto atriz amarela. Parece algo muito banal falar que a minha personagem tem uma casa, não é? Mas isso ajuda muito nesse lugar de ocupar, de falar sim, de ser uma personagem com tais características, com uma história forte para contar. O spoiler é que ela tem uma casa [risos]”, conta sobre seu papel.

Maternidade e trabalho

A atriz Yohama Eshima
A atriz Yohama Eshima (Vera Loik/Divulgação)

Além de uma talentosa atriz, Yohama é também uma excelente mãe para Tom, agora com 2 anos. Atualmente, ela equilibra sua profissão com a maternidade. “A minha família toda é de Curitiba, eu não tenho rede de apoio familiar aqui, então é a rede de apoio paga mesmo. Uma pessoa me ajuda diariamente com o Tom, enquanto eu faço as coisas. Eu fico o dia inteiro conectada, trabalhando e recebendo fotos e vídeos. Eu fiquei um tempo sem trabalhar no primeiro ano dele e eu achei que não ia conseguir fazer nada da vida além de ser mãe”, lembra.

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“O trabalho foi essencial para que eu pudesse me restabelecer enquanto profissional, mulher e mãe”, ressalta Yohama. “Antes de ser mãe, a gente também era uma pessoa que gostava de trabalhar, curtir, viajar. Quando você sai e deixa seu filho em casa, você consegue se ver também! Eu notei que conseguia ter um diálogo superinteressante que não fosse só sobre o Tom, sabe? É um redescoberta”, completa.

Tom tem uma doença rara chamada esclerose tuberosa, ainda pouco conhecida. Por conta da condição, ele requer mais atenção e a artista conta que sua rotina vem acompanhada de terapia, todos os dias, e uma carga grande de remédios. “Antes mesmo da novela, eu e o meu companheiro tomamos uma decisão se falaríamos sobre a condição do Tom. Eu, enquanto mãe, estava sentindo muita necessidade de troca. Até para me poupar do desgaste que era explicar sobre isso o tempo inteiro quando eu recebia alguma visita, eu resolvi falar sobre no meu Instagram. Depois da visibilidade do meu trabalho, eu comecei a entender que era realmente muito importante. É uma mutação pouco conhecida.”

Yohama relata que descobriu a condição do filho ainda durante a gestação, e que experimentou um enorme sentimento de culpa, que precisou ser diluído aos poucos. “Ele veio na família que tinha que vir e a gente trabalha justamente para propagar a informação da esclerose tuberosa e também para para abrir espaço, porque há muito preconceito, né? O Tom ainda é pequeno, ele vai fazer 3 anos, então ele não aparenta ter algum tipo de deficiência. Ele tem uma saúde ótima dentro das condições dele e não é uma doença degenerativa, como citam em vários lugares. Só que é doença que você precisa ter cuidado diário e que a gente vai precisar cuidar a vida inteira. Mas isso não quer dizer que ele vai ficar mal, ele pode ficar muito bem e ser uma pessoa completamente funcional dentro da sociedade”, esclarece.

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A doença, no caso de Tom, é caracterizada por diversos tumores, que vão aparecendo em diversas partes do corpo. É preciso ficar sempre acompanhando. “O caso dele é grave, pois tem muitos tumores no cérebro e ele tem muitas crises convulsivas. Esse é o nosso maior dilema, porque a gente não consegue controlá-las, desde os três meses de idade”, conta. Mesmo assim, Yohama segue positiva e segue espalhando informações sobre o assunto em suas redes, o que ajuda outras pessoas que passam por uma situação semelhante. “Não é o meu filho que tem limitações, é a sociedade, e é por isso que eu abordo sobre isso. Não é fácil dar visibilidade e acessar famílias, mas é isso, a gente precisa, de fato, acertar os lugares e dar as informações cabívei.s”

Em breve, veremos Yohama Eshima na Netflix, mas, até lá, você pode acompanhá-la nas redes sociais.

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