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Westworld: entenda por que as mulheres são a força que move a série

A chave está na natureza “humana” de Dolores e Maeve. ATENÇÃO: este texto pode conter spoilers se você não tiver visto pelo menos metade da 2ª temporada

Por Raquel Drehmer
Atualizado em 16 jan 2020, 12h36 - Publicado em 25 jun 2018, 07h30
Maeve (Thandie Newton) e Dolores (Evan Rachel Wood) (HBO/Divulgação)
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A segunda temporada de “Westworld” chegou ao fim na noite deste domingo (24), deixando os fãs de queixo caído e ansiosíssimos pela terceira temporada, já confirmada pelo HBO para 2019. Assim como nos nove episódios anteriores, o season finale mostrou Dolores (Evan Rachel Wood) e Maeve (Thandie Newton) donas da coisa toda, a força que moveu os rumos que a história tomou.

O segredo deste domínio está na natureza humana dada às anfitriãs. É o que indica o psicólogo e escritor Tiago Cabral: “A série lida com o que há de mais profundo sobre nossa sociedade. Até que ponto nossas ações somos nós mesmos e a partir de onde somos programados para sermos como somos e agirmos como agimos? Todos temos muitas personas dentro de nós”.

A escolha por duas mulheres para demonstrar isso encontra embasamento teórico na psicanálise, de acordo com o psicólogo. “Há um ponto da psicanálise que afirma que a mulher não existe, ela é construída. Vimos a construção das duas ao longo de todos os episódios”.

Vamos detalhar um pouco cada uma, então, para entendermos isso melhor.

Dolores: a mulher dona de sua própria história

Westworld – Dolores
(HBO/Divulgação)
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Inicialmente, aprendemos que Dolores foi construída para ser dócil, submissa, perfeita dentro do que se entende socialmente como a perfeição feminina. “Ela se libertou dessa programação para ser a protagonista de sua vida. Dolores é a expressão do feminismo: deixa o script para ser dona de sua própria história”, explica.

Suas ações e reações, inclusive, desmontam o “bicho papão” que muitos imaginam ser o feminismo. No afeto pelo pai (Louis Herthum) e na emoção que demonstrou com as últimas ações de Teddy (James Mardsen), Dolores deixa claro que é perfeitamente possível ter sentimentos e ser dona de si. Um lado não impede o outro.

Westworld – Dolores e o pai
Dolores com seu pai: o sentimento sempre esteve dentro dela (HBO/Divulgação)
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“A emoção faz parte da nossa biologia”, esclarece o psicólogo. “Não manifestar sentimentos uma boa parte do tempo, como Dolores fez nesta temporada, não significa que ela não sinta nada. Não faz diferença em quem a pessoa é. O sentimento está lá dentro o tempo todo e pode ser reprimido para permitir a construção de quem a pessoa quer se tornar.”

Daí a força de Dolores. Ela representa os milhões de mulheres que lutam para chegar onde querem, que engolem em seco para alcançar seus objetivos. É a mulher que pode parecer dura, mas não perde a ternura nem o foco.

Maeve: a mulher em construção constante

Westworld – Maeve e filha
(HBO/Divulgação)
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Já Maeve, segundo Tiago, é a mulher sendo construída. É o questionamento constante.

Como no caso dela a programação foi mostrada explicitamente, sempre pairou no ar a dúvida sobre até onde ia seu livre arbítrio. Será que tudo o que ela faz é parte de uma programação super elaborada – tão elaborada que ela mesma não percebe? Pode ser que sim, mas deixemos isso de lado para analisarmos o que foi apresentado nos episódios, ok? 😊

A narrativa da maternidade foi determinante para entendermos a evolução de Maeve. “A lembrança da existência da filha pode ter despertado um sentimento que estava oculto nela, como acontece com tantas mulheres ao se depararem com a maternidade. Nem todas as mulheres reagiriam da mesma forma. A natureza humana é mais complexa que isso”, defende o psicólogo.

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Assim, o surgimento da leoa, da mulher que defende sua prole com unhas e dentes (e muita munição, no caso dela), é também um debate sobre em que medida o papel social da mãe é pré-moldado. “Quando o Lee (Simon Quarterman) fala que a relação dela com a filha foi programado, que ela foi configurada – por ele, inclusive – para sentir aquele afeto, fica a dúvida. Mas ela demonstra claramente, na sequência, que faz a escolha.”

Westworld – Maeve e Lee
Lee nem sempre deixou Maeve feliz, mas lançou o questionamento fundamental sobre seu desenvolvimento na história (HBO/Divulgação)

Maeve, portanto, é a representação da mulher que sacrifica tudo quando se percebe mãe, caso tão comum na nossa sociedade. A diferença é que, na série, ela opta por isso. “Na sociedade, a mãe dificilmente tem a chance de escolher. Por isso o questionamento é tão importante e cativante”, finaliza o especialista.

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