Urias fala sobre turnê, processo criativo e próximos lançamentos
Cantora entregou uma performance poderosa e cativante durante o Festival do Orgulho, em São Paulo
Quando conversamos nos bastidores do Festival de Orgulho neste último sábado (02), Urias avisou: “Hoje vai ser cara séria, não vai ter sorrisos. Estou indo muito voraz, voracidade é o nome do dia”. Mas, se por um lado a apresentação poderosa realmente foi pautada pela força da mensagem-protesto contida nas letras, por outro, não faltaram, de fato, sorrisos – a plateia vibrou, cantou e pulou do início ao fim, animada com a presença de palco estrondosa da cantora. No nosso bate-papo, também teve espaço para a emoção de uma nova turnê (recém apresentada na Europa), e os spoilers da segunda e terceira parte do EP “Her Mind”, ainda por lançar.
CLAUDIA: você acabou de retornar a turnê europeia. Como foi levar a sua música para outro continente?
Urias: Foi muito louco, porque ver um monte de gente cantando a sua música em um país que você sabe que não fala a sua língua, é muito maluco. Não achei que esse momento fosse acontecer, achei que seria mais calmo, mas não foi. Não é a mesma energia, porque Brasil é Brasil, né, mas me senti muito bem acolhida.
A primeira parte de “Her Mind” trouxe músicas em três línguas diferentes, e influenciadas pela IDM, pop, trip-hop e até música latina. Como foi o processo de criação? Qual a inspiração
O processo de criação sonoro foi muito de estar junto dos produtores da música. Mas no sentido de entender o que eu ia fazer, eu comecei a pensar que no meu primeiro álbum eu falei muito sobre corpo, e nesse eu queria muito falar sobre mente, como ela funciona e as influências que ela tem no corpo, e foi assim que achamos o assunto para direcionar as músicas e a sonoridade veio vindo. Eu tentei focar no que eu fazia aqui, mas também queria mostrar para a galera de fora que esse também é um som brasileiro.
“Her Mind” veio em um momento que ninguém esperava, e com um estilo de som também surpreendente. O que veremos nas partes dois e três, que ainda não foram lançadas? Pode nos dar algum “spoiler”?
Eu vou continuar trabalhando esteticamente em outras cores, e vai ter esse gostinho de Brasil. Eu foco muito em fazer o que eu nunca fiz ainda. Vai ser algo novo, que ninguém viu em mim. Eu acho que ninguém estava esperando muito esse lançamento agora, porque eu adiantei para poder ir para essa turnê fora já com as músicas, sabe? As pessoas que acompanham meu trabalho não entenderam nada, e nem eu (risos). Estou processando tudo isso.
Para finalizarmos: estamos hoje no Festival de Orgulho, que celebra a comunidade LGBTQIAP+. Como você enxerga a importância de eventos como esse?
Eu acho importante, e é inegável. Tudo o que destaca o nosso trabalho e coloca em equidade com outros trabalhos de fora da bolha, com todos estes nomes de peso, leva para um próximo passo para não precisar mais dividir as coisas. Esse é um próximo passo que eu quero ver.