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Documentário sobre Clarice Lispector nos aproxima da escritora

"Perto de Clarice" (1982), de João Carlos Horta, foi um dos destaques das sessões de preservação no Festival de Cinema de Ouro Preto

Por Paula Jacob, de Ouro Preto
Atualizado em 6 jul 2023, 13h05 - Publicado em 4 jul 2023, 10h40

Um dos pilares da Mostra de Cinema de Ouro Preto, a CineOP, é a preservação e o resgate histórico do cinema nacional. O que se torna essencial, considerando a infortuna trajetória da sétima arte no país, que encontrou dos mais diversos empecilhos pelo caminho, inclusive incêndios e inundações. Além, claro, de falta de incentivo e cuidado com o patrimônio cultural por parte de uma sequência longa de administração pública.

Por isso, as sessões de memória da programação do festival se tornam tão valiosas. Entre os curta-metragens disponíveis para o público assistir in loco ou de casa, Perto de Clarice (1982), de João Carlos Horta, estava entre os mais aguardados. Gravado em película 35mm, o documentário passou por um processo de digitalização e correção de cores em alguns trechos, tornando não só a imagem desta célebre autora mais imortal que já é, mas também atual, atualíssima em suas indagações sobre a vida.

O que mais gosto em Clarice Lispector é a falta de medo para enfrentar a literatura, que, no seu caso, representava tantas outras coisas para além da palavra, do contorno da caligrafia, da língua portuguesa bem orquestrada. Era um lugar de lucidez, de encarar de frente as amarguras do sentir que tanto a desorientaram. “Tomado os fantasmas pela palavra”, diz um dos entrevistados. A voz off sobrepõe imagens de arquivo de sua insistência na escrita como modo de corporificar a si mesma aqui, agora – talvez por isso seja tão imortal, sua obra e sua pessoa.

Trechos de entrevistas com a própria também fazem parte desses longos-curtos 12 minutos, que poderiam ser 2 horas e cinco dias – jamais me importaria em ficar. A língua da sua boca, enrolada para falar aquela que não era sua alfabetização materna, mostra as possibilidades poéticas. Ela brinca falando sério que “está morta” naquele momento na TV, porque não estava escrevendo. A vida no hiato, entre um livro e outro. Um filme que me fez pensar ainda mais sobre tudo o que já penso quando falamos de literatura, mulheres, memória, identidade.

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Importante demais o trabalho das equipes, dos incentivadores e apoiadores desse movimento de restauro e digitalização de filmes. Porém, ainda precisamos avançar nos recursos destinados para isso, e também na disseminação e alcance dessas obras para um público além. O cinema é nosso, ou deveria.

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