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Minas de Minas: mulheres no centro da arte de rua em BH

Arte urbana ajuda empoderamento feminino e ocupação da cidade a andarem juntos

Por Abril Branded Content
Atualizado em 17 jan 2020, 11h02 - Publicado em 21 dez 2017, 17h03
Minas de Minas na criação do painel que homenageia Elza Soares, em BH (Silvi Palma/Divulgação)
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Estampada por muros de toda a cidade, a arte de rua de Belo Horizonte vive um momento de efervescência, principalmente com o rap e o grafite. Nesse contexto, as mulheres vêm marcando cada vez mais a sua presença e desempenham papel decisivo na ascensão acelerada da capital mineira na cena nacional. O #hellocidades, projeto de Motorola que incentiva as pessoas a explorarem mais suas cidades, conta algumas dessas histórias.

No dia a dia, o florescimento da arte urbana é mais visível por meio do grafite, que traz vida para as paredes da cidade e causa reações diversas. As intervenções fazem com que os passantes saiam do piloto automático para, de fato, reparar a cidade. “É muito bonito, alegra o dia da gente e faz prestar mais atenção no caminho”, reflete Rogélio da Silva, que assistia à confecção de um mural pelas mãos da crew Minas de Minas na rua Guaicurus, no hipercentro da cidade.

O trabalho foi feito em função do aniversário dos 120 anos da capital (completados no dia 12 de dezembro de 2017) e retrata Teuda Bara, atriz belo-horizontina, membro do grupo Galpão e um ícone da cidade. O tributo integrou um projeto chamado “Nós Podemos Tudo”, que se propõe a representar mulheres empoderadas que fizeram ou fazem história. Além de Teuda, já foram homenageadas as cantoras Elza Soares e Karol Conka e a também atriz Taís Araújo.

“O processo de escolha é bem profundo e passa pela representatividade daquela pessoa”, explica Carolina Jaued — a Krol. Segundo as meninas da crew, a escolha de Teuda para estampar o aniversário de 120 anos da capital levou em conta a importância da atriz para a história da arte municipal e também a sua e força em desafiar estereótipos e padrões de beleza.

Representatividade nas redes e nas ruas

Para compor a crew Minas de Minas, Krol tem a companhia de Viber, Nica e Musa. Segundo as moças, a relação do empoderamento feminino com a ocupação do espaço público também passa pela representatividade.

“Quanto mais referências de mulheres atuando na cena, maior vai ser o número de mulheres que se disponibilizam a ocupar esse espaço”, analisa Nica. “É uma forma de afirmar que tem mulheres fazendo [arte de rua], que a gente tem a mesma capacidade. Muitas vezes, a gente tem uma visão até diferente [dos homens] sobre o que é a rua, e isso é passado nos nossos trabalhos”, completa a colega Viber.

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Elas contam que a mulher grafiteira passa por certas dificuldades que um homem não passaria, como algumas tentativas de intimidação e assédio, questões que elas aprenderam a contornar com o passar do tempo. “A minha postura é falar de igual para igual. Sem brigar, mas mostrando a mesma força”, resume Viber.

Muito mais do que isso, elas contam que, nas ruas, aprenderam a observar a dinâmica da cidade e seus moradores, já que chegam a ficar mais de 12 horas pintando em um mesmo lugar. Do mesmo modo, as moças também não passam despercebidas, e sempre há alguma reação dos moradores “para o bem e para o mal”, conta Krol.

A falta de representatividade faz com que, muitas vezes, um homem qualquer que esteja por perto seja parabenizado pelo trabalho que elas estão fazendo. Situação que a artista Priscila Amoni encarou, em julho de 2017, enquanto pintava nada menos do que o então maior mural da América Latina feito por uma mulher (o recorde foi batido em dezembro de 2017, também em BH, mas por uma artista argentina, Milu Correch).

“Eu estava pintando, e um amigo estava sentado na ponta da escada observando. Veio uma pessoa e deu parabéns para ele pela arte, enquanto eu ainda estava lá em cima fazendo o trabalho”, conta Priscila. Como ela reagiu? “Fazer o quê, né? Às vezes a gente faz piada e segue”, diz.

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Mar de arte

Esse trabalho de Priscila foi produzido como parte do Festival Circuito Urbano de Arte (CURA), quando vários edifícios do centro da capital receberam pinturas gigantescas, simultaneamente. As obras podem ser observadas a partir da rua Sapucaí, e as organizadoras do festival esperam tornar do lugar o primeiro mirante de arte urbana do mundo. “É um objetivo ambicioso, mas essa é uma rua muito viva culturalmente e importante para o meio artístico de BH”, pondera Juliana Flores, que organizou o CURA com Priscila Amoni e Janaína Macruz.

Para Juliana, a arte urbana traz um novo olhar para a cidade e valoriza os espaços. “Depois do festival, uma senhora que mora em frente a uma das pinturas me contou que a arte fez com que ela se inspirasse a até decorar mais a casa, deixar o lugar mais bonito”, conta.

Música de rua

Não são só as mulheres grafiteiras de BH e região que estão despontando na cena. No rap, a capital mineira também carrega com orgulho alguns nomes de peso, como Clara Lima, Bárbara Sweet e Tamara Franklin. Essa última lançou, em 2016, o disco Anônima, com letras autorais fortes que levantam a bandeira do feminismo negro em uma miscelânea de ritmos regionais.

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Cantora Tamara Franklin é um dos expoentes da música independente de BH (Pablo Bernardo/Divulgação)
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Para Tamara, as mulheres sempre estiveram presentes no hip hop e nas artes de rua em geral. “Essas mulheres estão se empoderando e assumindo um lugar de protagonismo do próprio trabalho. Isso tem um impacto muito grande, porque permite levantar temas que são do universo feminino e que um homem não teria condições de fazer com essa propriedade”, analisa.

Tamara, na verdade, é de Ribeirão das Neves, um município dormitório da Região Metropolitana de Belo Horizonte e de grande vulnerabilidade social. Sempre que pode, ela gosta de enfatizar sua origem, lembrando que alguns de seus vizinhos são grandes referências no hip hop mineiro, como Monge Mascavo e Lan Matarazzo. “A população tem uma garra muito grande e consegue driblar essas dificuldades de morar em uma cidade dormitório, então eu tento passar de alguma forma o amor que eu sinto por lá”, conta.

Do amor de Tamara pela cidade em que nasceu à recepção dos grafites das ruas de BH, a arte de rua da capital mineira está ligada ao sentimento dos belo-horizontinos. “A gente faz uma coisa que emociona, que mexe com as pessoas”, resume Nica, da crew Minas de Minas.

Por isso, quando cruzar pelas ruas de BH, faça isso de ouvidos atentos e olhos abertos. Na capital mineira, cada esquina é um tesouro. Registre seus momentos e compartilhe com a hashtag #hellocidades! Para saber mais maneiras de se conectar com Belo Horizonte, acesse o site hellomoto.com.br.

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