Mati Diop: a 1ª mulher negra a concorrer à Palma de Ouro em Cannes
Saiba um pouco mais sobre a cineasta franco-senegalesa que está conquistando seu espaço no mundo cinematográfico.
O Festival de Cannes, evento que prestigia cineastas, produtores e atores, começou na última terça-feira (14) e vai até sábado (25). Lá, diversos filmes são exibidos e, após, há a entrega de prêmios àqueles que mais agradaram o juri.
A Palma de Ouro é o prêmio mais importante do festival. É equivalente à categoria de Melhor Filme do Oscar.
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Dentre os indicados desse ano, ‘Atlantique‘, da França, chama a atenção. Isso porque a direção do longa é comandada por Mati Diop, a primeira mulher negra a concorrer ao prêmio principal. Ela compete com outras 18 produções de diversos países.
Mati tem 37 anos, é atriz e diretora franco-senegalesa – e possui 18 filmes em seu currículos. Nascida em Paris, ela é filha do músico Wasis Diop e sobrinha de Djibril Diop Mambéty. O talento para as artes e o audiovisual já estava em seu sangue.
Estudou e contribuiu com pesquisas artísticas para o Palais de Tokyo e no Estúdio Nacional de Artes Contemporâneas de Fresnoy, ambos localizados na França. Seu primeiro papel como atriz foi em ‘35 Doses de Rum‘, de 2008. Como diretora, ‘Atlantique’ é seu primeiro filme.
Hoje, ela herda a tradição artística de sua família e traz para as telonas um pouco da sua visão sobre o mundo e assuntos de cunho social e político. Seu filme indicado à Palma de Ouro tem como tema principal a imigração de povos, a segregação social e costumes distintivos relacionados às mulheres.
‘Atlantique’ retrata a fuga de trabalhadores do subúrbio de Dakar, no Senegal, que estavam construindo um prédio futurista, mas nunca recebiam pelo serviço. Um desses trabalhadores é Suleiman, que decide escapar do país pelo mar. Ele é apaixonado por Ada, uma mulher que está sendo forçada a se casar com um homem que não ama.
O elenco conta com Mame Sane, Traore, Abdou Baide e Aminata Kane. Além de diretora, Mati Diop também é corroteirista do longa.
A cineasta está fazendo história em Cannes, mas ela mesma se diz um pouco triste com esse fato.
“Meu primeiro sentimento de ser a primeira diretora negra [com um filme indicado à Palma de Ouro] foi um pouco triste, já que isso apenas aconteceu hoje, em 2019 […] Eu sabia disso, mas é sempre um lembrete de que muito trabalho ainda precisa ser feito”, disse Mati para a BBC.
Mesmo assim, ela ainda acredita que o marco possa inspirar outras mulheres a lutarem pelas suas conquistas. “Se para algumas jovens diretoras negras eu possa representar uma nova dinâmica, eu estou extremamente feliz”, disse.