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EXCLUSIVA: Jurnee Smollett-Bell abre o coração sobre ‘Aves de Rapina’

A atriz, que interpreta Canário Negro, se declara apaixonada pela personagem e revela detalhes dos bastidores do filme.

Por Júlia Warken, Guta Nascimento, thiagoabril
Atualizado em 11 fev 2020, 16h39 - Publicado em 11 fev 2020, 16h34

Pouco conhecida pelo público antes de “Aves de Rapina”, a atriz Jurnee Smollett-Bell vem sendo muito elogiada pelo papel de Canário Negro no filme. Muitos fãs até pedem que ela ganhe um filme solo.

A atriz também se declara apaixonada pela personagem que levou às telonas. “A Dinah é muito uma garota que se preocupa com outras garotas. E ela tem um coração enorme. Foi isso que eu amei nela nas HQs”.

Nessa entrevista, cedida pela Warner e publicada com exclusividade por CLAUDIA, Jurnee fala sobre os bastidores do longa – que envolveram treinamento físico intenso – e sobre a conexão entre ela e o resto do elenco. Também revela detalhes do processo criativo e indica qual é sua quadrinista favorita: Gail Simone.

Confira aqui a entrevista com Jurnee Smollett-Bell:

O que fez você se interessar por esse projeto?

Ai meu Deus, eu amo o universo de Gotham. Obviamente eu sou uma fã do universo da DC, mas, honestamente, o que mais chamou a minha atenção foi o fato de que eu senti que o filme era novo e diferente. Parecia que eles iam mostrar um lado diferente de Gotham. E eu nunca tinha visto um grupo 100% feminino dos quadrinhos se unir em um filme. Então, a oportunidade de fazer parte desse novo capítulo, que me parece um novo capítulo para a DC como um todo, era tão incrivelmente empolgante. Tipo assim, eu jamais pensei que seria recusada no elenco ou algo do tipo (risos). Entende? É verdade. Eu me joguei no teste de elenco, meio que porque eu não tinha nada a perder.

E cá estamos. Isso se mostrou a coisa certa a se fazer e você é perfeita para o papel.

Com certeza. Você precisa tentar, você precisa tentar. Você mira na lua e alcança as estrelas.

Você disse que é fã do universo da DC. Você lia quadrinhos ou só assistia aos filmes?

Geralmente eu sou mais ligada nos filmes e também em videogames, como “Injustice 2”. Foi assim que eu conheci a Canário Negro. E eu sempre amei o “canto da canário”, porque qualquer pessoa que estivesse jogando contra ela ia ficar muito irritado, pois é algo que vem do nada e o adversário não tem o que fazer (risos). Ela é muito única, porque, entre as Aves, ela é a única com um superpoder. Ela é uma metahumana.

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As mulheres partindo para a briga em “Aves de Rapina” (IMDb/Divulgação)

E ela ainda nem compreende o quão poderosa ela é.

Exato. E isso foi fascinante para mim, porque quando eu fui aprovada no elenco, eu comecei a pesquisar sobre a Dinah Lance [o nome verdadeiro da personagem]. Eu fui até a fonte. Eu fui atrás das HQs e li tudo o que pude. De início, eu fiquei confusa em ver quantas vezes ela foi retconned [termo em inglês que se refere ao momento em que o autor de uma história revela novos elementos do passado do personagem, que acabam mudando a maneira como vemos os fatos. É o diminutivo de retroactive continuity – continuidade retroativa]

Continuidade retroativa é o que os autores mais gostam de fazer. Mas acredito que, quando você tem tantos anos de história contada, é ótimo ter um recomeço fresquinho.

Certo. Mas de início foi meio difícil de entender quem ela é, porque há várias histórias de origem.

Há uma versão dela, ou uma linha específica da história que te ajudou a achar inspiração?

Sim. A ideia de a Dinah Lance viver na sobra da mãe dela, Dinah Drake, que é uma justiceira que está tentando livrar Gotham dos bandidos – eu me conectei muito a isso. Então a gente bebeu dessa fonte para a história de origem da Canário Negro [que é mostrada no filme]. O que a gente queria explorar era o sentimento de uma mulher que é muito poderosa, mas reluta em usar esse poder. Quando a gente conhece a Dinah no filme, ela está fechada para o mundo e ela não quer saber de salvar Gotham, ou de servir a alguém, ou de ajudar. Honestamente, eu acho que ela pensa “o que eles fizeram por mim?”. O coração dela foi partido, porque a mãe dela morreu fazendo esse trabalho. E o que é interessante sobre a Dinah é que, por mais que, superficialmente, pareça que ela está morrendo de medo de ter o mesmo destino da mãe dela e de morrer por causa desse trabalho, na verdade ela está com mais medo do fato de que ela é realmente capaz de ser melhor do que a mãe dela.

E, para se esconder do mundo, ela trabalha como cantora no bar de um dos maiores vilões da cidade, Roman Sionis?

Que ironia!

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Ela literalmente se colocou naquela situação.  

Mas, ao mesmo tempo, ela teve que se virar sozinha desde que a mãe dela morreu. Tipo assim, ele [Roman Sionis] tirou ela da rua e lhe deu um trabalho e, por mais estranho que pareça, ele acredita no potencial dela. Ele vê algo nela que ninguém mais vê. E uma coisa lamentável sobre a natureza humana é que, às vezes, você simplesmente precisa sobreviver. E ela é uma sobrevivente. Ela não é bem sucedida na vida, de maneira nenhuma.

Antes de tornar-se a Canário Negro, Dinah trabalha como cantora (Warner/Divulgação)

Ela é um pouco como a Cassandra Cain nesse filme. Ela simplesmente está fazendo o que precisa fazer.

Ela está apenas fazendo o que precisa fazer e eu acho que ela se vê na Cassandra Cain. Foi interessante explorar essa ideia de uma mulher que é capaz de ser mais poderosa que qualquer um a sua volta, mas, mesmo assim, ela tem esse jeito dela. O filme traz a temática da emancipação: emancipar-se de uma pessoa, emancipar-se do sistema. Mas, com a Dinah, é realmente sobre emancipar-se de si mesma. Tem uma coisa que é mais poderosa do que uma prisão. É o aprisionamento mental.

Ela precisa de um tipo diferente de liberdade?

É um tipo diferente de liberdade. Ela precisa se libertar da sua própria prisão mental, do seu próprio encarceramento mental.

Mas ela está se auto-sabotando?

Sim, ela está se auto-sabotando. Não tem ninguém bloqueando o caminho dela, a não ser ela mesma.

Ironicamente, é a Arlequina, essa notória criminosa, que meio que força a Dinah a ajudar uma pessoa, a fazer alguma coisa.

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Bem, a questão é que a Dinah é muito uma garota que se preocupa com outras garotas. E ela tem um coração enorme. Foi isso que eu amei nela nas HQs. E especialmente nas da [quadrinista] Gail Simone. Eu amo o jeito como ela escreveu sobre a Dinah e o jeito como ela fez as interações, a relação da Dinah com outras mulheres ou outras pessoas com as quais ela se uniu. Isso me fez ver que a Dinah tem um coração enorme e muita compaixão. Então, quando a gente conhece a Dinah [no filme], ela está realmente muito para baixo. Mas ela está lutando contra sua natureza, pois ela tem um grande coração. Então, mesmo que ela não suporte a Arlequina – ela a considera muito irritante -, ela não consegue ficar sem fazer nada quando vê alguém em perigo. Porque é o coração dela que manda nessas horas.

Mas ela não quer ser definida como uma bem feitora, definida como uma justiceira. Ela ainda não quer ser essa pessoa. Isso foi difícil para mim e também divertido de interpretar, porque eu tive que ter muita paciência, já que ela ainda não era a Canário Negro que nós sabemos que ela vai se tornar. Então, eu precisei ser muito paciente para dar ritmo a isso, porque, através dos quadrinhos, nós vemos que ela está constantemente se unindo a grupos. Ela é uma personagem que precisa de uma tribo. Mesmo que ela seja assim, quando a gente a conhece [no filme], ela quer ser solitária, mas é porque ela está indo contra sua própria natureza. A natureza dela é de querer pertencer, fazer parte de uma tribo, achar um grupo.

Dinah e Arlequina no bar de Roman Sionis (Warner/Divulgação)

Me fale um pouco sobre o seu grupo no set de filmagens. Esses atores incríveis com os quais você trabalhou: Margot Robbie, Mary Elizabeth Winstead, Rosie Perez e Ella Jay Basco. E, claro, você trabalhou mais com Ewan MdGregor do que com as atrizes, e com o Chris Messina também.

Ah, eu amo eles! Eu amei trabalhar com o Chris e com o Ewan. Eles são muito divertidos. Eles são dois piadistas. Foi um sonho. Eu ia trabalhar todos os dias me beliscando por fazer parte desse projeto. Esse elenco é fantástico. Tipo assim, você entra no set e todos estão dando o máximo de si, transpondo os limites físicos.

Antes de entrar no set, vocês tiveram a oportunidade de criar uma conexão durante os treinos de luta?

A gente criou uma conexão! E isso foi maravilhoso. Frequentemente, como atores, a gente tenta criar uma química antes das filmagens. Vocês saem juntos, vocês combinam de jantar, qualquer coisa para construir uma história. E com esse grupo, a Mary e eu começamos a treinar meses antes das filmagens. E aí a Rosie entrou junto e depois a Margot. Então a gente teve essa experiência de conexão quando estávamos nas trincheiras.

Interpretando a Canário Negro, você teve algumas das cenas de luta mais difíceis.

Sim!

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O papel tem muita fisicalidade.

Realmente teve muito, muito esforço físico. E eu quis fazer tudo. Eu queria tentar fazer tudo. E os [treinadores] 87Eleven, uma das coisas que fazem eles serem tão bons, é que eles treinam você para fazer tudo. E eu tive uma dublê maravilhosa, a Anisha Gibbs. Mas o melhor presente que ela me deu foi ir à minha casa para me ajudar a treinar. Eu tive muito apoio. Com a minha treinadora, Jeanette Jenkins, eu treinava cinco dias por semana e eu mudei minha alimentação. Cara, a quantidade de sais de banho Epsom que eu tive que usar (risos).

O que você mudou na sua alimentação?

Bom, como mulher, você sempre é pressionada a ter um determinado tipo de corpo. E nesse trabalho eu senti a liberdade de não me importar tanto com o meu visual, então eu quis me focar mais na maneira como eu estava me sentindo fisicamente.

Você provavelmente comeu mais do que estava acostumada?

Eu comi muita comida. Eu queria ganhar peso, mais especificamente, eu queria ganhar músculos, e ganhei. Eu consegui ganhar o suficiente de músculos e eu nunca havia me sentido tão forte na vida. Eu comi muita proteína. Eu vivia de shakes de proteína. Tinha esse shake que eu fazia, que a minha treinadora me ensinou, com manteiga de amendoim, proteína de ervilha, um óleo de coco à prova de balas, que é incrível, banana e aveia. E eu tomava isso diversas vezes por dia, entre as refeições. Eu fazia três refeições e lanchava duas vezes por dia.

Jurnee Smollett-Bell no Brasil: em dezembro, ela veio a São Paulo para a CCXP (CCXP/I Hate Flash/Divulgação)

Isso faz com que seus músculos cresçam?

Bem, sim. Porque com a quantidade de horas que eu estava treinando, você pode acabar perdendo muito peso e fincando muito magra, que era algo que eu estava evitando. Tinha que manter os músculos, me manter magra e me sentir forte. Se você olha para alguns dos melhores lutadores de artes marciais da história, como o Bruce Lee, ele era muito pequeno e magro, mas com muito músculo. Você pode ver cada músculo do corpo daquele homem. Seria impossível alcançar o nível de perfeição que ele alcançou – tipo, ele dedicou a vida inteira a isso – mas eu realmente estudei muito sobre ele e fui inspirada por ele.

Você teve uma conexão mental com o treinamento?

Com certeza. Existe um nível de calma e paz que vem da disciplina que o treinamento exige. A disciplina, a resistência para passar pela dor, a noção de que a dor é temporária. O que eu quero dizer é que essa é realmente uma experiencia espiritual, treinar o seu corpo para ser uma máquina. É muito, muito espiritual, porque você está sentindo dor. Então, ou você vai focar na dor e a dor vai te traumatizar de maneira que você terá medo de fazer certos movimentos, ou você vai se jogar de cabeça e superar isso. Eu tenho muito respeito por atletas, porque é muito empoderadora a maneira como eles conseguem treinar o corpo para ser um instrumento. Então, não precisar resguardar meu corpo, de certa maneira, mas senti-lo sendo transformado em um instrumento… eu me senti muito empoderada com isso.

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O que você quer que o público leve desse filme?

Eu acho que esse filme é para você se divertir, sabe? É entretenimento à moda antiga. A gente se divertiu muito fazendo ele e eu acho que é uma oportunidade para apenas ir ao cinema, deixar os problemas e a bagagem da vida do lado de fora, e apenas escapar. É muito divertido. O filme não se leva muito a sério. E ele chuta bundas.

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