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Eles vestiram preto no Globo de Ouro, mas esqueceram de protestar

Apoio dos homens às causas das mulheres no Globo de Ouro 2017 se limitou às roupas pretas e ao brochinho: ninguém se preocupou em protestar de fato.

Por Ligia Helena
Atualizado em 17 jan 2020, 10h30 - Publicado em 8 jan 2018, 12h07
BEVERLY HILLS, CA - JANUARY 07: Dave Franco (R) poses with James Francoand his award for Best Performance by an Actor in a Motion Picture Musical or Comedy in 'The Disaster Artist' in the press room during The 75th Annual Golden Globe Awards at The Beverly Hilton Hotel on January 7, 2018 in Beverly Hills, California. (Photo by Kevin Winter/Getty Images) (Kevin Winter/Getty Images)
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O Globo de Ouro 2017 foi marcado pelos protestos das mulheres contra os casos de assédio em Hollywood, a desigualdade salarial e o machismo. Muito se falou sobre homens e mulheres unidos pela causa, vestindo preto no tapete vermelho e usando o broche desenhado pelo movimento Time’s Up. Mas tanto quanto o dress code, chamou a atenção o fato de que nenhum dos vencedores da noite usou o espaço de seus discursos para protestar em favor da causa.

Sim, claro que eles citaram mulheres importantes de suas vidas. Desde o primeiro vencedor, Sterling K. Brown, até o último, Gary Oldman, todos agradeceram às namoradas, mulheres, filhas e mães. Ewan McGregor, inclusive, agradeceu à esposa, Eve Mavrakis e à namorada, Mary Elizabeth Winstead, no mesmo discurso. Mas ninguém teve coragem de botar o dedo na ferida e falar sobre os casos de assédio, sobre Harvey Weinstein, sobre suas colegas de profissão que sofreram e sofrem nas mãos de predadores sexuais.

Guillermo del Toro
O diretor Guillermo del Toro, feliz com seu Globo de Ouro de Melhor Diretor (Kevin Winter/Getty Images)

Com a exceção de Seth Meyers, que apresentou o prêmio e, logo no começo, disparou uma série de piadas sobre Weinstein, e ao produtor executivo de “The Handmaid’s Tale” Bruce Miller, que fez uma referência ao movimento #metoo em seu discurso, restou às mulheres falar sobre essa questão que tanto as prejudica. O apoio ficou no broche e na roupa preta – que, inclusive, é a cor mais usada nos trajes de gala masculinos, independentemente de protestos.

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Mesmo homens que trabalharam em séries e filmes que tem violência contra a mulher como tema – como é o caso de Alexander Skarsgård, vencedor do prêmio de melhor ator coadjuvante em TV por “Big Little Lies” – ignoraram a temática em seus discursos, e se limitaram a agradecer as colegas de elenco “extraordinariamente talentosas”.

O contraste entre a postura das mulheres e dos homens era gritante. Elas levaram ativistas para falarem em favor de suas causas no tapete vermelhoElisabeth Moss citou Margaret Atwood e disse que agora mulheres são a história. Laura Dern pediu por justiça restaurativa, empregos para vítimas de violência e educação para que as meninas saibam que devem falar dos abusos que sofrem. Oprah Winfrey fez um discurso inteirinho dedicado às mulheres que sofrem assédio e abuso e lutam para que as coisas mudem.

Enquanto isso, os vencedores homens recebiam seus prêmios como se nada estivesse acontecendo ou precisasse mudar. Com seus discursos padrão e piadinhas – Aziz Ansari agradeceu até à Itália pela boa comida, mas não mencionou violência ou assédio – fica evidente que as mulheres em Hollywood ainda estão lutando sozinhas e precisarão romper muitas barreiras e derrubar muitos privilégios masculinos até chegar o novo dia nascendo no horizonte prometido por Oprah Winfrey.

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