Documentário vai registrar o trabalho de curandeiras indígenas mexicanas
Depois de abordar a violência contra as mulheres, a fotógrafa Maya Goded, vencedora do prêmio da National Geographic, quer focar em espiritualidade
Em 2016, quando encerrou os trabalhos do livro “Sexoservidoras”, sobre prostitutas vivendo à margem da sociedade, a fotógrafa e documentarista Maya Goded estava fisicamente e espiritualmente exausta.
“Estava desapontada com a Justiça mexicana, deprimida e até pensando em deixar a fotografia, mas quando estava investigando os casos das mulheres de “Sexoservidoras”, vi que eram também pessoas buscando milagres, então comecei uma peregrinação pessoal para uma cura interior”, disse ela a CLAUDIA por videoconferência, em seu apartamento na Cidade do México.
Maya hoje é a primeira latina americana a ganhar o prêmio do National Geographic, Storytelling Fellows e terá um ano concluir o documentário “Sanación, Cuerpo y Territorio” (Cura, Corpo e Território), que vai abordar a resistência das mulheres indígenas contra a exploração da biodiversidade, dos recursos naturais, além de mostrar o conflito socioambiental na América Latina, através da prática de seus rituais de cura, experiências espirituais e medicina tradicional.
“De repente toquei que há toda essa cultura ancestral de cura espiritual, então me perguntei por que não começar a mostrar a cura para violência”, ela disse.
Maya, que começou a sua carreira trabalhando como a assistente da fotógrafa Graciela Iturbide, foca em temas como sexualidade feminina, a violência de gênero e defensores do meio ambiente em seus trabalhos.
Ela está empolgada com o desafio. “Há outros níveis de cura, de cura espiritual e me deu vontade de desenvolver essa pesquisa”, explicou Maya. “Então voltei a fotografar e quis mesclar as vozes das mulheres com quem estava trabalhando. Elas me fizeram refletir que estamos muito consumistas e precisamos achar outras maneiras de viver, aprender a nos sintonizar com a natureza”, comenta.
Além da mexicana, oito profissionais dos campos da fotografia, jornalismo, tecnologia, cinema e arte receberam o prêmio.
“Estamos testemunhando o poder da narrativa para ilustrar as questões críticas do nosso tempo e inspirar ações para tornar nosso planeta um lugar melhor”, disse Kaitlin Yarnall, vice-presidente sênior e Chief Storytelling Officer, da National Geographic Society. “Estou muito empolgada com as histórias, os temas e as vozes que esses nove storytellers compartilharão ao longo do próximo ano e que certamente nos lembraremos pelas próximas gerações.”