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Da moda ao leite de aveia: a virada de Giovanna Meneghel

Após experiências na moda e uma pausa no exterior, ela fundou a Nude, marca de leite de aveia sustentável, que é referência no mercado de alimentos plant-based

Por Carol Castro
Atualizado em 7 Maio 2025, 19h26 - Publicado em 7 Maio 2025, 19h24
Conheça a história de Giovanna Meneghel
Conheça a história de Giovanna Meneghel  (Assessoria/Reprodução)
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Aos 17 anos, Giovanna Meneghel não teve muito tempo para pensar com clareza qual caminho escolheria para sua vida profissional. Terminou o ensino médio e via apenas duas possibilidades para ter uma vida financeiramente estável e sólida: Direito ou Administração — escolheu a primeira. Logo nos primeiros meses de graduação na PUC, em São Paulo, entendeu que aquele não era o seu lugar. Mas seguiu.

“Logo no primeiro ano, já comecei a falar: ‘acho que não é isso’ e só não saí por medo, não tive coragem de deixar porque era uma boa faculdade. Comecei a fazer estágios para entender o que eu queria”, conta.

Depois de uma breve passagem por agências de publicidade, se identificou com o mundo da moda. “Acabei trabalhando quase a faculdade inteira com moda, desde revista até estúdio de design, na parte da criação. Quando acabei, decidi ter uma experiência com moda fora do país”, relembra.

Em Londres, chegou a trabalhar na renomada marca de Alexander McQueen, quando a estilista Sarah Burton estava à frente da empresa. Foi na capital inglesa onde também conheceu o futuro marido, Alexander Appel – e ele teria um papel importante em suas decisões futuras.

Três anos depois, em 2012, voltou ao Brasil e fundou a Editeur, uma startup de moda. Giovanna ajudava seus clientes a catalogar suas roupas para aprimorar o guarda-roupa. Chegou também a criar uma coleção de joias para uma joalheria mineira. Os negócios não iam tão bem e, em 2016, ela encerrou a startup.

Foi nesse período, ainda em São Paulo, que descobriu algo que mudaria sua trajetória: o Stanford Ignite, curso de empreendedorismo e inovação da Universidade de Stanford.

“Quando eu trabalhava em moda, comecei a me sentir incomodada com a questão do consumo excessivo, da sustentabilidade, com tantas coleções ao longo do ano. E o curso da Stanford foi transformador! Eu me dei conta que o que fazia meus olhos brilharem era a inovação. Um dos módulos era sobre sustentabilidade – e aquilo me encantou, comecei a pesquisar mais”, lembra.

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Enfim, a pausa

Conheça Giovanna Meneghel, fundadora da Nude, marca de leite vegetal
Conheça Giovanna Meneghel, fundadora da Nude, marca de leite vegetal (Assessoria/Reprodução)

A proposta de ter uma pausa, algo sonhado na adolescência, chegou de forma inesperada: o namorado de Giovanna havia passado em um MBA no exterior e precisaria sair do Brasil. Ele a convidou para ir junto. Mas teria um custo: Giovanna precisaria abandonar seus projetos profissionais.

“Era um bom momento para dar um tempo e acompanhá-lo. Mas foi uma decisão muito difícil para mim, sempre tive muito orgulho de ser uma mulher independente. Eu tinha meu trabalho, minha carreira”, conta.

“Mas era um momento também que eu precisava de uma pausa. Topei ir com ele. E foi muito legal, porque ele podia fazer um módulo em Singapura, nós fomos para lá. Fomos também para a França. Foi culturalmente muito rico. Às vezes, na vida, a gente só vai de um trabalho para outro, sem pensar se aquele é o caminho que realmente te faz feliz, que te completa.”

A pausa rendeu frutos. Quando moravam em Berlim, na capital alemã, em 2016, Giovanna experimentou, pela primeira vez, um capuccino com leite vegetal. Ela sempre teve intolerância à caseína, uma proteína do leite, e, por isso, fugia dessas bebidas.

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“Fiquei impressionada. Era muito bom! Aqui no Brasil, o sabor desses leites ainda não era bom. E lá o movimento de leite de aveia era muito forte. As gôndolas dos mercados estavam cheias de opções, às vezes chegava nas cafeterias e havia um aviso na porta: estamos sem leite de aveia.”

Aquilo chamou a atenção da empreendedora. De férias no Brasil, o casal percebeu uma oportunidade. Por aqui, ainda faltavam boas opções — e lá fora bombava. Então, por que não tentar colocar no mercado uma marca realmente saborosa? Alexander abandonou o emprego e, ao lado de Giovanna, começaram a desenhar e organizar o nascimento da futura empresa.

Dois partos

Como a jovem saiu do mundo da moda e se tornou uma empresária de sucesso
Como a jovem saiu do mundo da moda e se tornou uma empresária de sucesso (Assessoria/Reprodução)

Giovanna tinha uma carta na manga para começar o negócio. Os pais eram donos de um sítio em Marilândia do Sul, no interior do Paraná, e, há anos, plantavam aveia para vender em flocos, farinha e outros produtos secos.

“Eu falei: ‘olha, tem uma oportunidade aqui para vocês’. Vocês podem construir uma planta para fazer leite de aveia e a gente vira cliente de vocês”, propôs. “Não temos exclusividade de compra com eles, apenas com o nosso processo. Quer dizer, o nosso processo de enzimação do leite é só nosso.”

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De volta ao Brasil, o casal se mudou temporariamente para Londrina, para ficar perto da fábrica — e passar o primeiro ano inteiro dentro dela, desenvolvendo a fórmula do produto. Reuniram outras três pessoas: um profissional de pesquisa e desenvolvimento, uma especialista em sustentabilidade e um expert em café.

“Essa empresa, já que é de alimento, precisa ter qualidade extrema e já nascer sustentável. A gente queria que fosse uma Empresa B. E que o produto mostrasse o impacto ambiental aos clientes. Então, todos os nossos produtos nascem, e sempre nasceram, com a pegada de carbono na frente da embalagem”, diz. “E precisávamos considerar a importância do café na experimentação do produto, porque nós conhecemos o leite de aveia em uma cafeteria.”

Durante esse processo de pesquisa, havia outra gestação a caminho: o primeiro filho do casal. Em 2020, o bebê e a Nude nasceram.

“Em todos os nossos relatórios de avaliação surgia o termo transparência, porque a gente queria que o consumidor soubesse da nossa pegada ambiental, dos processos de sustentabilidade. E queríamos que fosse um nome curto, possível de falar em qualquer idioma. Achamos que Nude trazia um pouco isso. Você está despido, sem medo de mostrar o que está por trás daquela caixinha.”

A Nude hoje

Consolidada, a marca apostou cada vez mais em sustentabilidade. No ano passado, deixou de comprar crédito de carbono para reduzir o impacto ambiental. “A gente acredita que, na realidade, precisamos investir em projetos de mitigação”, explica.

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E é o que eles têm feito. Segundo Giovanna, 45% das emissões da Nude vêm das plantações de aveia. Justamente por isso, hoje trabalham com duas fazendas – uma orgânica e outra não orgânica – para avaliar quais os impactos de cada uma. “Com isso, vamos entender como diminuir as emissões nas plantações de aveia, já que essa é a nossa matéria-prima.”

Além disso, transformaram os descartes em outro produto: uma barra de cereal proteica. “Quando a gente produz o leite de aveia, coloca a aveia, água e enzima. Isso vira um líquido. Mas sobra uma porção sólida ao ser filtrado. E isso era descartado. Como todo descarte, essa biomassa emite gases de efeito estufa. Analisamos esse produto nutricionalmente e vimos que era basicamente proteína e fibra. Então a gente pegou essa biomassa e transformou num cereal proteico, recém-lançado.”

Outro orgulho da empresária é o quadro de funcionários majoritariamente feminino: 70% da liderança é composta por mulheres. “Só temos dois homens nas cadeiras de liderança, e um deles é o Alex, que é cofundador. E é muito legal, porque todo mundo tem filho, então a gente desenvolveu um sistema de trabalho de muito apoio. O volume de trabalho é grande, mas a gente se apoia muito. Achamos um equilíbrio entre trabalho e vida pessoal muito legal. A gente vê isso no engajamento, no prazer com que nossos funcionários trabalham.”

Giovanna se encontrou. Mais do que isso: encontrou na pausa o seu propósito e, com a Nude, fez da sustentabilidade o centro da sua nova jornada.

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