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Augusto Cury: “religião pode ser fonte de doença ou saúde mental”

O autor brasileiro mais lido da década bateu um papo com a gente sobre sonhos, gestão emocional, educação e religiosidade.

Por Júlia Warken
Atualizado em 21 jan 2020, 00h54 - Publicado em 8 dez 2016, 00h38

O psiquiatra Augusto Cury, também conhecido como o escritor brasileiro mais lido da última década, está adentrando um campo novo: o do cinema. Seu best seller O Vendedor de Sonhos chega às salas de todo o país nesta quinta-feira (8), trazendo  Dan Stulbach e Cesar Troncoso no elenco, e Jayme Monjardim na direção.

Assim como outros livros de Cury, O Vendedor de Sonhos é um mix entre ficção e autoajuda, em que os personagens vivem situações criadas para fazer o público refletir a respeito da condição humana. Na trama, Júlio Cezar (Stulbach) é um renomado psicólogo que está prestes a cometer suicídio, mas muda de ideia ao ser aconselhado por um morador de rua (Troncoso). O misterioso mendigo, conhecido como Mestre, então passa a guiá-lo numa jornada de autoconhecimento e de reflexão sobre os rumos da sociedade de consumo.

Num momento chave da história, o Mestre se apresenta como o vendedor de sonhos, aquele que vende o que o dinheiro não pode comprar, e Cury vai fundo em explicar a introdução profética do personagem: “Precisamos redefinir o que são os sonhos. Sonhos não são desejos. Desejos são intenções superficiais e sonhos são projetos de vida. Precisamos também redefinir a sociedade, porque essa sociedade de consumo é altamente estressante. Você busca cada vez mais bens materiais, produtos e serviços, mas não faz a mais importante viagem que um ser humano deve empreender, que é a viagem pra dentro de si mesmo“.

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Para ele, a busca pela realização dos sonhos deve ser amplamente incentivada, mas isso não tem nada a ver com uma corrida egocêntrica, onde cada um só pensa na própria felicidade. Cury defende que essa jornada deve estar intimamente ligada ao que ele chama de gestão da emoção. “Mas como focar no eu como diretor do nosso script sem cair na escravidão do ego (egocentrismo, egoísmo e individualismo)? O eu tem que ser maduro, ele tem que pilotar bem a aeronave mental. Em primeiro lugar, não podemos gravitar na órbita do que os outros pensam e falam de nós. Em segundo lugar, a emoção não pode ter – metaforicamente – um cartão de crédito ilimitado, ou seja, não pode ‘comprar’ aquilo que não lhe pertence. Ninguém vai ao supermercado e compra tudo o que vê pela frente, mas emocionalmente nós fazemos isso o tempo todo”.

E como é que faz para redefinir a sociedade em larga escala e fazer com que as pessoas passem a gerir melhor suas emoções? Em relação a isso, Cury defende que seus livros não são de autoajuda e prefere que sejam considerados ferramentas de democratização do acesso à psicologia. Mas, além de produzir um extenso conteúdo com linguagem acessível – ele tem 47 livros publicados – o autor também é categórico em defender que a educação nas escolas precisa ser reformulada de uma vez por todas.

“As escolas estão doentes, formando pessoas doentes para uma sociedade doente. A educação nos ejeta para fora, mas não nos ensina a ter a habilidade para dirigir o nosso próprio script. Não nos é ensinada a gestão da emoção. Mas eu te digo uma coisa, de acordo com estatísticas, 100%  dos executivos de destaque são selecionados nas empresas por competências técnicas, só que 80% são despedidos por falta de habilidades sócio-emocionais. Isso porque as escolas e universidades nos habilitam a atuar no teatro social, no mundo físico, mas não no teatro psíquico.”, aponta.

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Segundo ele, o tal vendedor de sonhos não é apenas um personagem único. Cury explica que todos podem vender sonhos, a partir do momento em que conseguem gerenciar a própria emoção – para depois incentivar os outros a fazerem o mesmo. Mas, para que isso aconteça, o respeito à individualidade é algo primordial.

Além de apontar os defeitos no sistema educacional, o escritor defende que a reestruturação da sociedade também precisa passar por uma mudança na forma como as religiões são difundidas hoje. Ele aborda o tema da religiosidade em seu mais recente livro, O Homem Mais Inteligente da História, que fala sobre Jesus. Cury costuma dizer que já foi um dos maiores ateus que pisaram na Terra, mas hoje se considera um “cristão sem fronteiras” (ele não segue nenhuma religião específica), pois descobriu que Cristo foi – como ele define – o grande mestre da gestão da emoção.

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“A intolerância é um câncer na sociedade e isso [pregar a intolerância] vai totalmente contra o que Jesus vivenciava intensamente. Ninguém é digno de uma religiosidade ou de uma espiritualidade saudável se não respeita os diferentes. As religiões podem ser uma fonte de doenças mentais, se geram intolerância, ou uma fonte de saúde psíquica, se geram generosidade, altruísmo, capacidade de abraçar o diferente e fazer da vida um espetáculo único e imperdível”.

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