‘A Lavanderia’: o que é verdade e o que é ficção no filme da Netflix
Estrelado por Meryl Streep, o filme é baseado famoso caso dos Panama Papers. Mas será que a história real é realmente contada em 'A Lavanderia'?
Na última sexta-feira (18), a Netflix liberou ‘A Lavanderia‘, filme com Meryl Streep, Gary Oldman e Antonio Banderas que deu o que falar mesmo antes de sua estreia. O longa é baseado no escândalo dos Panama Papers, um esquema criminoso que desviou muito dinheiro e fez diversas vítimas.
Para se ter uma ideia, os advogados envolvidos no crime real, Jürgen Mossack e Ramón Fonseca, tentaram impedir o lançamento do longa. Ou seja, a repercussão está realmente agitando todos.
Dirigido pelo ganhador do Oscar Steven Soderbergh, ‘A Lavanderia’ se propõe a contar, com um tom humorístico, essa história chocante contada no livro (agora relançado) “Secrency World“. Mas você sabe o que é verdade e o que é ficção em relação ao acontecimento real? A gente te conta.
Primeiro, precisamos falar sobre o que foi esse escândalo de fato. Em linhas bem gerais, Mossack e Fonseca aplicaram vários golpes financeiros que envolviam paraísos fiscais absurdos e que deixou pessoas falidas – a treta foi real.
É realmente difícil explicar TUDO, pois existem mais de 11 milhões de documentos confidenciais que reúnem um número insano de informações sobre as vítimas desses advogados. Mas, para explicar da maneira mais fácil possível, um usuário do Reddit fez uma analogia que exemplifica bem a essência de todo esse problemão.
Essa “historinha” criada por DanGliesack, explica o conceito de paraíso fiscal, que são países onde os bancos seguem normas menos rígidas do que no resto do mundo. O Panamá já foi considerado um paraíso fiscal e é por isso que o golpe retratado em ‘A Lavanderia’ aconteceu lá.
“Quando você ganha 25 centavos, você coloca no cofrinho. O cofrinho está em uma prateleira no seu armário. Sua mãe sabe disso e ela o confere de vez em quando, então ela sabe quando você coloca mais dinheiro ou gasta.
Agora, um dia, você pode decidir: ‘Não quero que minha mãe veja meu dinheiro’. Então, você vai para a casa do Johnny com um cofrinho extra que você vai guardar no quarto dele. Você escreve seu nome e o coloca no armário dele. A mãe de Johnny está sempre muito ocupada, por isso ela nunca tem tempo para verificar seu cofrinho. Então, você pode manter o seu lá e isso permanecerá em segredo.
Agora, todas as crianças da vizinhança acham que isso é uma boa ideia e todos vão para a casa de Johnny com cofrinhos extras. O armário de Johnny está cheio de cofrinhos de todos os vizinhos.
Um dia, a mãe de Johnny chega em casa e vê todos os cofrinhos. Ela fica muito brava e liga para os pais de todos para que eles saibam.
Agora, nem todos fizeram isso por motivo ruim. O irmão mais velho de Eric sempre rouba seu cofrinho, então ele só queria um esconderijo melhor. Timmy queria economizar para comprar um presente de aniversário para sua mãe sem que ela soubesse. Sammy acabou fazendo isso porque achou divertido. Mas muitas crianças fizeram isso por um motivo ruim. Jacob estava roubando o dinheiro do almoço da bolsa de sua mãe. Os pais de Fat Bobby começaram uma dieta e ele não queria que os dois descobrissem quando ele estava comprando balas”.
Na analogia do texto, a “mãe de Johnny” é o Panamá. E foi assim que a movimentação dos advogados se deu de maneira invisível, sendo descoberta apenas muito tempo depois. Os dois advogados foram descobertos somente quando uma pessoa anônima liberou os milhões de documentos para leitura.
Do Panamá para a Netflix
Agora, ‘A Lavanderia’ conseguiu representar isso nas telinhas para o público. Bom, de certa forma, sim. Os atores Gary Oldman e Antonio Banderas vivem os dois protagonistas do caso e reproduzem com similaridades o golpe que foi orquestrado na vida real.
Já Ellen Martin, a personagem de Meryl, não existe, e foi apenas criada para ser a peça fundamental que liga o sumiço de dinheiro com o Panama Papers. No filme, Ellen está de férias e vai para o Panamá com o marido. Juntos, eles passeiam de barco e sofrem um triste acidente que acaba tirando a vida do homem.
Ao recorrer ao seguro financeiro da empresa do barco, ela descobre que a companhia havia comprado uma apólice falsa. E isso foi feito através de uma conta no exterior. A partir daí, ela investiga a fonte dessa irregularidade até chegar nos detratores.
Apesar dessa mulher não ter existido, o acidente de barco, sim, existiu. Em 2016, o New York Post publicou uma matéria dizendo que o operador do barco que afundou no Lake George (o mesmo retratado no filme) foi uma das vítimas de Mossack e Fonseca.
Para construir o arco do filme, o diretor inseriu ainda alguns personagens “vítimas” do esquema que não necessariamente são baseados em casos verídicos. Afinal, assim como já dissemos, existem milhões de documentos confidenciais com vários registros das vítimas. Estudar cada caso para, então, selecionar alguns para servir como base do roteiro do filme seria meio que impossível.
Entre as polêmicas que continuam surgindo, ‘A Lavanderia’ tem uma proposta interessante que se diferencia das cinebiografias tradicionais. Em vez de utilizar uma narrativa retilínea para tratar esse caso, o filme adapta elementos interessantes – como a “quebra da quarta parede” e o tom sarcástico durante a história – e organiza tudo em um drama com pitadas de comédia.
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