A força hipnotizante de Nicole Kidman em The Undoing, nova série da HBO
Depois de ser aclamada por Big Little Lies, a atriz retorna em mais uma série dramática que merece ser assistida. Será que vem outro Emmy por aí?
Depois do sucesso de sua performance em Big Little Lies, Nicole Kidman resolveu se jogar de cabeça na televisão. Ela está de volta na HBO, através da série The Undoing, cujo segundo episódio vai ao ar neste domingo (1), às 23h. Aqui, a atriz repete a parceria não apenas com a emissora, mas também com o showrunner David E. Kelley – vencedor de 11 Emmys, dois deles por Big Little Lies.
Baseada no best-seller You Shoul Have Known, de Jean Hanff Korelitz, a minissérie tem seus seis episódios dirigidos por Susanne Bier. Vencedora do Emmy por O Gerente da Noite, ela também é conhecida por dirigir Bird Box, que fez sucesso na Netflix.
“Em Nova York, a vida de uma terapeuta de sucesso desmorona enquanto ela está prestes a lançar seu primeiro livro”. A sinopse de The Undoing não traz nada de especial, mas os nomes gabaritados da série e o capricho da HBO com suas produções são o suficiente para despertar o interesse. Felizmente, o primeiro episódio faz jus às expectativas.
Na trama, Nicole é a terapeuta Grace Fraser, casada com um oncologista também conceituado – vivido por Hugh Grant. O filho do casal está na pré-adolescência e estuda em uma daquelas escola caríssimas de Manhattan. Em uma reunião de mães, Grace conhece a jovem e misteriosa Elena Alves, cujo filho é um aluno bolsista. As duas desenvolvem uma inesperada conexão.
Elena provoca em Grace sentimentos inquietantes. Existe um claro fascínio mútuo, mas a jovem causa também um evidente desconforto – trata-se de uma outsider ousada. Ao mesmo tempo, a terapeuta sente empatia por essa jovem mulher, discriminada pelas outras mães do colégio por não ter o mesmo padrão sócioeconômico.
A química entre Nicole e a atriz Matilda De Angelis é muito boa, por mais que as escolhas do roteiro e da direção a respeito de Elena sejam questionáveis em dados momentos. Mas, por mais que elas funcionem bem juntas, é a atuação de Nicole que alavanca o arco dramático das duas. A atriz está hipnotizante em cena.
Existem duas Graces na tela e, ao mesmo tempo, há uma só – graças à atuação coesa e bem orquestrada da atriz. Ela é altiva, bem sucedida, belíssima, a mulher que ganha muito dinheiro dizendo aos outros o que eles devem fazer. Mas, frente a Elena e aos acontecimentos inesperados que se desenrolam, ela oscila, tem incertezas, inseguranças e não compreende muito bem o fascínio que sente.
Rever a potência de Nicole Kidman é gratificante, ainda mais depois de uma série de trabalhos não muito gloriosos no cinema. Ela é uma atriz que trabalha muito e que acaba se metendo em algumas roubadas ao longo do caminho. Basta lembrar que depois de Moulin Rouge, ela e Baz Luhrmann nos entregaram Austrália – infelizmente.
Nos últimos anos, Nicole esteve no remake absolutamente desnecessário de O Segredo de Seus Olhos, submeteu-se a uma peruca sofrível em Aquaman e embarcou em promessas que não se cumpriram, como no massacrado O Pintassilgo e no morno O Estranho Que Nós Amamos. Por outro lado, conseguiu sua mais recente indicação ao Oscar por Lion – que é um bom filme, mas não chega a ser memorável.
Na TV, depois da pouco celebrada participação em Top of the Lake, brilhou em Big Little Lies e agora volta em grande estilo com The Undoing. Em 2021, poderemos vê-la em Nine Perfect Stangers, do Hulu. Trata-se da adaptação do mais recente livro de Liane Moriarty – autora de Big Little Lies -, corroteirizada por David E. Kelley. Esta semana, Nicole também anunciou que vai trabalhar na série Things I Know to be True, da Amazon Prime Video – que é a adaptação de uma aclamada peça de teatro australiana.
Será que vem mais Emmy por aí? As probabilidades são boas, mas, especulações à parte, o mais importante é saber que vale muito a pena acompanhar a trajetória de Nicole Kidman na televisão.