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‘A Favorita’: É incrível ver 3 mulheres atuando de maneira tão grandiosa

Olivia Colman, Rachel Weisz e Emma Stone estão maravilhosas e fazem com que os personagem masculinos pareçam meros acessórios na tela.

Por Júlia Warken
Atualizado em 16 jan 2020, 01h54 - Publicado em 24 jan 2019, 17h59

O trio Olivia ColmanRachel Weisz Emma Stone são alma de “A Favorita”, longa que recebeu dez indicações ao Oscar 2019. Poucas vezes temos a oportunidade de ver três mulheres comandando um filme com tanta maestria – e fazendo com que os homens pareçam meros acessórios na tela.

Esse é, sem sombra de dúvida, um dos maiores méritos do filme. E não é a toa que as três atrizes foram indicadas ao Oscar – Olivia como Melhor Atriz, Rachel e Emma como Coadjuvantes. Mas é legítimo dizer que nenhuma delas é coadjuvante aqui.

Ambientado no século 18, o longa mostra a história da rainha Anne (Olivia), Sarah (Rachel), sua melhor amiga e conselheira política e da mais nova empregada delas, Abigail (Emma).

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Anne e Sarah são unha e carne e a rainha conta com sua fiel escudeira para tudo. A monarca está doente e tem dificuldade em gerenciar a crise pela qual a Inglaterra está passando durante uma guerra contra a França. Sarah lhe faz companhia dia e noite, cuida de sua saúde e ainda toma conta da administração do palácio real e das decisões políticas que definem os rumos do país.

Enquanto Anne é insegura e melancólica, Sarah é forte, determinada e muito autoconfiante. Só que isso é abalado com a chegada de Abigail, uma prima de Sarah que começa a trabalhar para no palácio. De início, a garota parece amável e inofensiva, mas acaba se mostrando uma pessoa manipuladora que almeja subir na vida – e que consegue conquistar o carinho de Anne, despertando a raiva de Sarah.

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Num primeiro momento a sinopse pode parecer incômoda por bater na tecla da rivalidade feminina, tema que é abordado com uma insistência problemática pelo cinema e pela TV. Mas, nesse caso, o filme vai muito além e nos entrega uma trama que coloca as mulheres realmente em destaque. A competição aqui não tem nada a ver com alguma figura masculina, o que é algo revigorante. Os homens aparecem em cena, é claro, mas são secundários do início ao fim.

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Outro diferencial de “A Favorita” é a esquisitice típica dos filmes do diretor grego Yorgos Lanthimos. Mas se você é fã do trabalho dele nos filmes “Dente Caminino”, “O Lagosta” e “O Sacrifício do Cervo Sagrado”, então talvez você se decepcione dessa vez. “A Favorita” é de longe o longa mais comercial do cineasta e, dentre os títulos citados aqui, é o único que não tem a assinatura de Lanthimos no roteiro. Ou seja, para os padrões dele, trata-se de uma obra mais ~normalzinha~. Mesmo assim, dá para reconhecer o estilo característico de Lanthimos – que foi indicado ao Oscar 2019 de Melhor Diretor e é tido como um dos cineastas mais inventivos da atualidade.

“A Favorita” é ácido, beira o absurdo, tem algumas passagens indigestas e boas doses de niilismo. Além disso, mescla dramas pesados com humor inteligente e conta com um senso de ternura que, de alguma forma, faz todo sentido em meio à atmosfera esquisita e truculenta que o longa expõe. Porém, apesar de esse ser um combo que instiga, dá para dizer que o filme peca na perda de ritmo durante a metade final.

(Fox Film do Brasil/Divulgação)

Ele começa bem mais empolgante do que termina, mas, ainda assim, é capaz de entregar uma experiência muito interessante. Como frequentemente acontece com quem assiste aos filmes de Lanthimos, pode ser que você saia do cinema sem saber se gostou ou não do filme, mas certamente ele vai ficar na sua mente por algum tempo.

Outro ponto positivo é a reconstituição de época. Cenário, figurino, maquiagem e cabelo, tudo é primoroso. As situações que se desenrolam também dão o tom perfeito do recorte histórico, como uma curiosa corrida de patos e as sessões do parlamento britânico – em que todos os integrantes são homens, menos Anne e Sarah. Aliás, pode-se dizer que o filme está cheio de convites à reflexão sobre gênero – mas isso é feito de maneira sutil, o que dá uma camada extra de brilho ao longa.

(Fox Film do Brasil/Divulgação)

Ao final, “A Favorita” não é um filme que agrada a todos e que talvez não entre para a sua lista de favoritos ao Oscar – com o perdão do trocadilho. Mas, por mais que não seja palatável a todo mundo, os filmes de Lanthimos merecem ser assistidos por provocarem no expectador uma estranheza construtiva, daquelas que mostram novos lugares aos quais o cinema pode nos levar. E isso é ótimo!

Mas se esse motivo te parecer meio rebuscado demais, dê uma chance ao longa pelo simples prazer de ver o trabalho espetacular de três atrizes afiadíssimas, que têm tudo para inspirar não apenas o protagonismo feminino, mas o múltiplo protagonismo feminino em filmes de alto nível. É o protagonismo de fato, que enche a tela do início ao fim, mas sem forçar a barra para fazer isso.

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Olivia, Rachel e Emma são mulheres que dançam entre si e que têm potência de sobra para sustentar um filme digno de dez indicações ao Oscar. É lindo de ver.

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