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Verdadeira Natureza, por Mariana Ferrão

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Mariana Ferrão é jornalista, palestrante e CEO da Soul.me, empresa especializada em bem-estar, qualidade de vida e desenvolvimento humano. Aqui, marca um encontro quinzenal com as leitoras - e consigo mesma
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‘Estar Bem Aqui’: a maior autorização que eu já me dei na vida

No livro, que tem lançamento oficial nesta quinta-feira (1), me autorizei a me colocar no papel de forma crua e vulnerável

Por Mariana Ferrão
1 dez 2022, 10h34
Livro Estar bem Aqui - mariana ferrão
O processo de escrita foi uma cura: narrando minha própria história, organizei minhas emoções, meus pensamentos e criei novos significados para as minhas experiências. (Divulgação/Divulgação)
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Escrevo esta coluna com uma leve taquicardia. Ao meu lado direito, 21 caixas de papelão. Cada uma delas tem 24 livros autografados dentro. Do lado esquerdo, 17 caixas. Cada uma também com 24 livros. Mas todos ainda esperam minhas dedicatórias e assinaturas. São mais de 400 livros ainda por autografar. Para ser exata, 408. O prazo de entrega está se esgotando. Isso porque já o prorroguei duas vezes.

O livro Estar Bem Aqui, que será oficialmente lançado no dia 1/12, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo, é o meu grande projeto de 2022. Mais do que isso – ele é a maior autorização que eu já me dei na vida!

Comecei a escrever ainda pequena: poemas, pequenas histórias, contos. Quando estava no ensino médio (na minha época colegial), tive um professor de língua portuguesa maravilhoso, o Carlos Emilio Faraco. Um dos primeiros livros que ele nos pediu para ler foi Dom Casmurro, de Machado de Assis. Lembro-me de quão rápido e vorazmente devorei a história de Bentinho e Capitu. Em uma das aulas, Faraco propôs à classe o seguinte desafio: “Quem reescrever este romance, narrado pela Capitu, está dispensado de todas as provas até o fim do colegial”.

 Eu fui para a casa e não consegui parar de pensar naquilo. Não porque quisesse dispensa das provas, mas apenas porque sentia-me compelida a escrever aquela história, a me colocar no lugar daquela personagem icônica, a olhar pelos mesmos olhos de ressaca que Machado havia criado majestosamente. Sim, eu sei: era um ato ousado, talvez insolente, mas é preciso lembrar que na época, eu era uma adolescente, querendo mesmo romper limites ou quaisquer barreiras.

Sentei-me à frente do PC que meu pai tinha em casa e escrevi sem parar por duas tardes inteiras. Foram 150 páginas em um único fôlego. Na aula seguinte, levei o material impresso para o Faraco. A história não estava nem na metade, mas eu queria muito mostrar a ele o que já havia feito.

 Quando nos encontramos novamente, ele me devolveu os papéis com uma pequena anotação: “Não ousei sugerir nada. Siga em frente.”

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Travei. Travei por muito tempo. Aquele elogio sem direcionamento me deixou absolutamente perdida. Estava bom? Como seguir adiante sem nenhuma correção? Aquilo era absurdo. Eu queria um feedback, uma crítica – algo para melhorar. O comentário do Faraco me trouxe a sensação de que eu estava sozinha no processo, e sozinha, eu não ia conseguiria ir adiante – era isso que eu pensava.

Mas a vontade de publicar um livro nasceu ali. E foi sendo secretamente cultivada dentro de mim por quase três décadas.

Muita gente que lê de vez em quando aquilo que escrevo já me disse que eu deveria publicar um livro. Tenho muitos livros começados. Talvez uns oito em uma pasta no computador chamada LIVROS. Mas nenhum deles me capturou a ponto de me levar adiante.

Sinto que as narrativas que precisam existir são como imãs, já nascem com esta capacidade de nos prender. Talvez até agora eu tenha tentado escrever o que não precisava existir e por isso nunca tenha conseguido finalizar o processo.

 Neste livro, Estar bem aqui, me autorizei a me colocar no papel de forma crua e vulnerável. Por isso, preciso confessar: fiz o livro  em primeiro lugar por mim e para mim!

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O processo de escrita foi uma cura: narrando minha própria história, organizei minhas emoções, meus pensamentos e criei novos significados para as minhas experiências.

O caminho desde a primeira página até ponto final foi tortuoso, cheio de altos e baixos, mas incrivelmente rico porque me permitiu um mergulho profundo do qual ainda estou voltando a tomar fôlego!

Ao longo do processo, muitas vezes senti que não daria conta, mas ao mesmo tempo, algo me impulsionava dizendo que se parasse, não conseguiria continuar vivendo sem terminar o livro.

Então, simplesmente segui.

Depositei na obra meu amor por mim e agora espero que este amor chegue até todas  as pessoas que vão ler!

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Lançamento: 01/12, 19h
Livraria Cultura Conjunto Nacional
Endereço: Avenida Paulista, 2073 (deck da loja)

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