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Fábio Garcia escreve sobre televisão desde 2012, mas consome a telinha desde que se entende por gente. Ama programas ruins que dão a volta e ficam muito bons

‘Orgulho e Paixão’ termina com história legal e protagonista chatinha

As desventuras amorosas de Elisabeta e as irmãs Benedito termina hoje, com a exibição do final da novela.

Por Fábio Garcia
Atualizado em 17 jan 2020, 10h23 - Publicado em 24 set 2018, 13h22
 (Globo/Reprodução)
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Preciso confessar que eu tinha um pouco de pé atrás com Orgulho e Paixão, uma novela que me parecia equivocada em cada decisão. A informações na época do anúncio não ajudavam: tinha personagens importantes demais, o autor Marcos Bernstein vinha de um fracasso anterior (‘Além do Horizonte‘, aquela novela meio seriado ‘LOST’) e eu não conseguia engolir o casal formado por Nathalia Dill e Thiago Lacerda (um repeteco de ‘Alto Astral‘). Muitos meses depois, a trama está aí mostrando que eu estava errado em quase tudo (porque o casal principal realmente é bem chato).

A ideia do autor de transformar cinco livros de Jane Austen em uma única novela chamada ‘Orgulho e Paixão’ casou muito harmonicamente. As irmãs Benedito inseridas na história original do livro “Orgulho e Preconceito” funcionaram muito bem, assim como o fato de Ema (baseada num outro romance da autora) ter sido transformada em amigona da protagonista Elisabeta. A utilização de tantos personagens não transformou a novela numa bagunça, e sim numa história que sempre tinha algo novo para apresentar. O foco sempre estava em alguma das irmãs, deixando a história muito dinâmica e delicinha de acompanhar.

 

 

‘Orgulho e Paixão’ trouxe aquele clima gostoso de novela das seis de Walcyr Carrasco, só que sem personagens jogados no chiqueiro (ok, teve um chiqueiro com a Lídia no primeiro capítulo, mas acabou por aí). A novela era bem iluminada, alegre e ainda surpreendeu o público quando (do nada) se transformava em musical. Não víamos personagens cantando e dançando assim desde as memoráveis cenas de ‘Meu Pedacinho de Chão‘.

Outro mérito do autor foi promover mudanças de acordo com a resposta do público. O casal queridinho Luccino (Juliano Laham) e Otávio só aconteceu porque perceberam uma repercussão positiva do público. Ernesto (Rodrigo Simas) e Ema (Agatha Moreira) foi outro casal que roubou a cena e transbordava química, ausente até no casal principal. Vamos lembrar que, de acordo com a premissa da história, era para Ernesto se interessar por Elisabeta, então ficamos contentes com a essa mudança.

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Orgulho e Paixão

(Globo/Victor Pollak/Divulgação)

Claro que nem tudo foi perfeito. Para manter a história sempre andando, o autor precisou inventar uma quantidade gigantesca de vilões para a novela, e nem todos renderam tanto. Xavier (Ricardo Tozzi) funcionou apenas como uma pessoa consumida pelo recalque, enquanto Uirapuru (Bruno Gissoni) serviu para mostrar como o conceito de boy lixo existe desde o século passado. Porém, a grande vilã da história ficou um pouco exagerada. Lady Margareth (Natália do Vale) passou um pouco no quesito vilania, ela ficou completamente obcecada em acabar com Elisabeta a ponto de parecer vilã de filme da Disney.

No fim, o saldo da novela foi extremamente positivo. Fiquei feliz de ter errado minha impressão inicial, porque ‘Orgulho e Paixão‘ acabou se tornando uma das minhas novelas favoritas para se acompanhar. Espero que Elizabeth Jhin mantenha o nível com ‘Espelho da Vida‘.

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