Crítica: doce de leite batizado de ‘Verão 90’ já cansou
A história de superação da timidez de Patrick está durando um pouco mais do que deveria.
Em meados da década de 80, o então autor de novelas Silvio de Abreu praticamente criou o formato que seria repetido nas décadas seguintes nas novelas das sete. Suas tramas eram bem carregadas no humor e bastante ágeis, e desde então se instituiu que a faixa de horário seria para tramas leves e bem humoradas. ‘Verão 90’ é uma das histórias que segue essa receita, mas está com um probleminha na hora de abandonar algumas ideias já muito aproveitadas.
Recentemente, as autoras Paula Amaral e Izabel de Oliveira criaram uma história de um pote de doce de leite “batizado”. Toda vez que um personagem ingere o doce, fica em uma estado bem parecido como se tivesse usado entorpecentes. Esse acontecimento é uma referência direta ao episódio do “Verão na Lata”, um caso real que aconteceu no Rio de Janeiro no final dos anos 80 no qual centenas de latas com maconha foram arremessadas ao mar de um navio e chegaram às praias.
Por causa das restrições do horário, foi até inteligente as autoras transformarem a droga explícita em um pote de doce de leite, e esse entrecho ajudou a projetar o personagem de Klebber Toledo, o eletricista Patrick. Porém, a sensação que fica é a de que a novela estacionou nessa história e não quer sair mais.
Ainda nesta semana teremos mais acontecimentos relacionados ao doce de leite batizado. Madá (Fabiana Karla) e Patrick vão tentar descobrir a receita do doce de leite com a ajuda de Janaína (Dira Paes), e nisso ficarão sabendo a erva usada para dar o efeito alucinógeno. O problema é que o assunto já se esgotou, não apresenta mais situações novas. Parece até que o doce ainda é usado porque Patrick não tem mais história.
‘Verão 90’ segue a fórmula de histórias rápidas, vide o caso dos Tigres Asiáticos que durou umas duas semanas e já foi descartado para que novas tramas surgissem, como o caso da cantora La Donna ou então a versão praiana da programação da PopTV, mas o caso do Doce de Leite nem é tão divertido assim para durar tantos meses na novela.
A impressão que fica é a de que as autoras já esgotaram a criatividade e precisam circular as mesmas ideias enquanto não pensam em novas histórias. Quem perde com isso é tanto o ator principal envolvido no caso do Doce de Leite quanto o público que precisa ver isso na esperança de novas (e mais interessantes) tramas surgirem na novela. Vamos superar isso, galera!