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Dani Moraes é escritora, jornalista e especialista em escrita terapêutica
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O tempo depois do tempo

Um bate-papo especial com a escritora espanhola Maria Dueñas

Por Dani Moraes
10 jun 2022, 09h52

Dissolver o tempo. Talvez este seja o principal ingrediente mágico das histórias. Esteja à frente, viaje ao passado, coexista entre momentos e espaços, desapareça ou ressurja inesperadamente. Ler um romance é um jeito de se permitir embarcar numa brincadeira atemporal, como criança vestida de cientista, transferindo líquidos coloridos de um tubinho para o outro, adicionando pigmentos, terra, água, detergente ou pó de giz. Um tantinho daqui, misturado com um pouco de outro e… voilá: uma poção exclusiva, que jamais será reeditada. 

Estou certa de que foi um tanto a partir da arte de manipular delicadamente essa variável fantástica que a escritora espanhola Maria Dueñas conquistou leitores em todo o mundo. Seu livro de estreia, publicado em 2009, O Tempo entre Costuras, foi lido por mais de 5 milhões de pessoas e adaptado como série para TV e streaming.

O inesperado sucesso mudou o destino da autora, que até então dedicava-se exclusivamente à vida acadêmica. Em pouco tempo, Maria tornou-se escritora em tempo integral e publicou mais três romances (A melhor história está por vir, As filhas do Capitão e Destino: La templanza) – mesclando sempre fatos históricos com narrativas instigantes. O tipo de escrita que envolve até a última página. 

Doze anos depois do primeiro livro, Maria Dueñas lança Sira, obra que dá continuidade à história de sua protagonista mais conhecida. Agora mais experiente e madura, Sira vive novos desafios com a criação do filho e a luta para continuar atuando – ou seria existindo – profissionalmente, após a maternidade. Embora se passe no final dos anos 1940, após a Segunda Guerra Mundial, qualquer semelhança entre “Sira” e a contemporaneidade pós-pandêmica não será mera coincidência.

Celebrar a arte e a vida de pertinho

sira Maria Dueñas
Você é nossa (o) convidada (o) para este encontro especial. (Divulgação/Divulgação)

Para celebrar o tão esperado lançamento, em parceria com CLAUDIA, nesta terça-feira (14/06), às 19h, vou mediar um bate-papo com sessão de autógrafos com Maria Dueñas, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo. Para aquecer o debate, adiantei um aperitivo dessa conversa por aqui. Confira só! Vai dar vontade de saber mais sobre o que podemos esperar de “Sira” e quem sabe de nós, após este salto no tempo. 

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Dani Moraes – Maria, em ‘Sira’, a protagonista vive um momento mais maduro e com novas prioridades. Como você enxerga e relaciona o amadurecimento da personagem, o seu desenvolvimento como autora e as vivências dos leitores ao longo desses 12 anos?

Maria Dueñas – De fato, a Sira que encontramos neste novo trabalho amadureceu enormemente. Duas guerras passaram por ela, múltiplas aventuras e experiências vitais, companheiros de viagem que a enriqueceram… Em todos os sentidos, ela é uma mulher muito mais experiente, vai ser mãe, vai se abrir para novos amores e amigos, vai reajustar suas prioridades e sua forma de se posicionar diante do mundo.

Quanto a mim como autora, quando publiquei “O tempo entre Costuras” eu era uma professora universitária que entrava na esfera literária com uma estreia. Depois de cinco romances, hoje tenho a sorte de ser uma autora reconhecida, com muitos leitores ao redor do mundo, e é por isso que me sinto imensamente grata. Mas comecei a escrever aos 40 anos, quando já tinha uma vida atrás de mim, por isso minha transformação pessoal foi bem menos drástica que a de Sira.

E no que diz respeito ao público leitor, acho que não vi grandes transformações. A forma de acessar livros por meio de novos canais aumentou, como vendas online, leitura eletrônica ou audiolivro, mas a natureza e a essência dos meus leitores continuam as mesmas: pessoas que gostam de ler e anseiam por encontrar histórias que os absorvam e toquem a alma.

Dani Moraes – ‘Sira’ se passa no período pós-guerra. O nosso contexto pós-pandêmico aproxima ainda mais os leitores da história?

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Maria Dueñas – Quando comecei a escrever “Sira”, nem de longe podia imaginar que o mundo passaria por uma pandemia ou que falaríamos de uma possível terceira Guerra Mundial, como resultado dos dramáticos acontecimentos vividos na Ucrânia devido à invasão russa. Tudo isso, de certa forma, faz com que o que Sira vivenciou há cerca de setenta e cinco anos ganhe nova relevância. E, sim, acho que talvez aproxime os leitores da história e das experiências da nossa protagonista e das circunstâncias históricas que ela viveu.

Dani Moraes – Que características tornam Sira tão próxima das mulheres contemporâneas?

Maria Dueñas – Mesmo sem grandes aspirações ou ambições no início, Sira é, de certa forma, uma mulher à frente de seu tempo. Ela é independente, é profissional e, como as mulheres de hoje, luta para equilibrar a vida particular com o trabalho, esforçando-se para que suas atividades não prejudiquem seu vínculo com o pequeno Victor, seu filho. Quanto aos desafios das mulheres, nos últimos anos tivemos um enorme progresso, mas, claro, ainda há muitos desafios pela frente.

Dani Moraes – Tenho percebido um aumento substancial no volume de mulheres escrevendo e também no interesse por clubes de leitura. Qual a importância da literatura ficcional na formação de uma escritora?

Maria Dueñas – O mesmo aconteceu na Espanha nas últimas décadas, e eu diria que nos últimos anos em particular muitas mulheres entraram no mundo literário e editorial, obtendo muitos títulos interessantes e milhões de leitores fiéis. Quanto aos leitores de ficção, também vemos diariamente que são maioritariamente mulheres, que também participam muito ativamente em clubes de leitura e eventos literários e culturais de todo o tipo.

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Acho que a leitura de ficção é essencial para um escritor que aspira a consolidar suas obras. Lendo autores clássicos e contemporâneos, nacionais ou estrangeiros, você aprende muito. Costumo dizer que mesmo lendo livros ruins você pode aprender lições interessantes sobre o que evitar em seus próprios livros.

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