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Stéphanie Habrich é CEO da editora Magia de Ler, apaixonada pelo mundo da educação e do jornalismo infantojuvenil. Fundadora do Joca, o maior jornal para adolescentes e crianças do Brasil e do TINO Econômico, o único periódico sobre economia e finanças voltado ao público jovem, ela aborda na coluna temas conectados ao empreendedorismo, reflexões sobre inteligência emocional, e assuntos que interligam o contato com as notícias desde a infância e a educação, sempre pensando em como podemos ajudar nossos filhos a serem cidadãos com pensamento crítico.
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Por que nem sempre boas intenções bastam para ajudar quem mais precisa?

Cerca de 33 milhões de pessoas passam fome no Brasil. Saiba o que sugiro que façamos para minimizar essa situação

Por Stéphanie Habrich Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
5 jul 2022, 08h45

O mês de junho trouxe uma das notícias mais tristes em 2022 para os brasileiros. Em dois anos, o número de pessoas no país que não tinham o que comer diariamente quase dobrou, resultando em cerca de  33 milhões de brasileiros na insegurança alimentar.  As informações fazem parte do 2º Inquérito Nacional Sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil.

No jornal Joca, sempre fazemos questão de trazer temas desse tipo, que refletem a situação do país. Por contarmos com um público que vem das mais distintas realidades econômicas, acredito que seja essencial explicarmos que, em um cenário onde tantas pessoas vivem a insegurança alimentar, ter um prato de comida todos os dias é um privilégio. E que cabe a quem tem essa sorte promover as mudanças no nosso país.

Fazer o bem, sim, mas olhando a quem

Recentemente, aprendi que não basta a vontade de ajudar para que isso seja feito de forma eficiente. Quem me trouxe esse ensinamento foi o Michel, de 16 anos, cuja família conheci há cerca de quatro anos. Até então, eu acreditava que, se alguém estivesse passando fome, a melhor coisa que eu poderia fazer seria doar uma cesta básica. Ou, caso visse alguém com frio nas ruas, a melhor atitude seria separar casacos e cobertores para doar. 

Mas foi conversando com o Michel que eu entendi que só quem está precisando de ajuda sabe exatamente qual é a melhor forma dessa assistência acontecer. Na casa dele, por exemplo, houve momentos em que sua família recebeu cestas básicas, mas não tinha gás para preparar os alimentos que chegavam. Por sorte, eles tinham álcool e puderam usá-lo para fazer fogo. Mas, se não conseguissem contar com esse material, a ajuda poderia não ter sido aproveitada. Assim, por mais cheios de boas intenções que os doadores fossem, isso não bastaria para melhorar a situação de uma família. 

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É claro que, às vezes, uma cesta básica, por exemplo, faz toda a diferença na alimentação de uma família durante determinado período. Mas não podemos ignorar o fato de que ninguém conhece melhor as necessidades da pessoa assistida do que ela própria. Nesses momentos, acredito que a escuta e o interesse pelo outro sejam essenciais para entendermos como ajudar. 

“Acho que as pessoas deveriam conhecer melhor a família que pretendem ajudar e ver quais são as reais necessidades”, já argumentou Michel em uma de nossas conversas. Não posso deixar de concordar com ele. Sei que, às vezes, por melhores que sejam as ideias de como prestar apoio a quem precisa, as boas intenções são insuficientes quando postas em prática.

Um país com tantas particularidades

Pedi licença ao Michel para compartilhar outra situação pela qual a família dele vem passando. Quando sua mãe, recentemente, precisou de uma cirurgia nos rins, o adolescente teve que ficar em casa para cuidar de duas irmãs – uma delas, de 14 anos, possui uma doença autoimune que requer cuidados constantes, e a outra tem apenas dois anos. 

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A questão é que as faltas de Michel e de sua irmã na escola durante esse período fizeram com que eles perdessem o benefício do Bolsa Família. Isso porque, de acordo com as diretrizes do projeto, “é monitorada a frequência de adolescentes e jovens de 6 a 17 anos […] beneficiários do programa”.

Em um país do tamanho do Brasil, é claro que não é possível levar em conta as especificidades de cada cidadão ao criar programas sociais. Também sei que a regra que fez com que a família de Michel perdesse o direito ao benefício tem como objetivo incentivar a educação das crianças e jovens. E, obviamente, não imagino que seja viável analisar a realidade de cada uma das milhões de famílias brasileiras ao implementar cada decisão. 

No entanto, acredito que quem deseja, por conta própria, ajudar a reverter o cenário da fome no Brasil precisa focar mais nas pessoas assistidas. Cestas básicas à parte, precisamos estar menos atentos na ajuda imediata que iremos dar e mais em como podemos, no longo prazo, melhorar a vida dessas pessoas

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Quando perguntei ao Michel do que, na opinião dele, os brasileiros mais precisam para reverter o cenário da fome, ele me disse acreditar que é de empregos. Eu ainda acrescentaria mais dois fatores a essa equação: educação e informação. Isso porque, além do fato de que o ensino de qualidade é essencial, acredito que é só nos informando e conhecendo a realidade de quem precisa de ajuda que iremos conseguir realizar uma mudança real. 

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