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Stéphanie Habrich

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Stéphanie Habrich é CEO da editora Magia de Ler, apaixonada pelo mundo da educação e do jornalismo infantojuvenil. Fundadora do Joca, o maior jornal para adolescentes e crianças do Brasil e do TINO Econômico, o único periódico sobre economia e finanças voltado ao público jovem, ela aborda na coluna temas conectados ao empreendedorismo, reflexões sobre inteligência emocional, e assuntos que interligam o contato com as notícias desde a infância e a educação, sempre pensando em como podemos ajudar nossos filhos a serem cidadãos com pensamento crítico.

A diversidade em pauta na Copa do Mundo

Com esse tema sob os holofotes do planeta, a colunista Stéphanie Habrich questiona como a educação evoluiu para que o assunto ganhasse proporção

Por Stéphanie Habrich Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
7 dez 2022, 08h45
seleção alemã em protesto na copa do mundo do catar
Os jogadores alemães em protesto pela falta de liberdade de expressão no Catar.  (Markus Gilliar - GES Sportfoto//Getty Images)
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Neste fim de ano, todos os olhares estão voltados para a Copa do Catar – e isso não tem a ver apenas com o futebol. Esse evento, que reúne diversas nações, sempre rende discussões que vão muito além dos estádios. Dessa vez, algumas das principais polêmicas envolvem o país-sede, seja por denúncias envolvendo a morte de trabalhadores da região durante as obras dos estádios, seja por posicionamentos do governo local.

Por lá, por exemplo, a homossexualidade é crime e catarenses reclamam que a liberdade de expressão é constantemente violada. Todo esse cenário incentivou uma série de manifestações por parte de países participantes. A seleção alemã, por exemplo, posou para a foto oficial da sua partida de estreia cobrindo a boca, uma forma de protesto pela falta de liberdade de expressão no Catar. Já os atletas iranianos não cantaram o hino do seu país como apoio às manifestações que estão ocorrendo onde moram.

Na mesma partida, jogadores da seleção inglesa se ajoelharam, prática que simboliza a luta contra o racismo. Ao menos sete seleções chegaram a cogitar que seus capitães usassem uma braçadeira com a frase One Love, em referência a uma campanha criada na Holanda, em 2020, em que diversas cores representam diferentes raças, origens, identidades de gênero e orientações sexuais. No entanto, a Fifa (Federação Internacional de Futebol) anunciou que iria punir quem adotasse o uso do item.

Misturar temas da atualidade com um evento dessa magnitude não é novidade. Mas, de acordo com a psicóloga de adolescentes e jovens adultos Ana Carolina Marques, a persistência em falar sobre diversidade está ocorrendo porque, hoje em dia, as pessoas estão muito mais irredutíveis em relação ao preconceito. “Acredito que [a diversidade] já é uma pauta mais discutida, então quando vemos [atitudes com as quais não concordamos] em uma Copa, estamos lidando com coisas que não cabem mais na atualidade ganhando palco”, diz.

Aprendendo com as novas gerações

Para mim, o fato de estarmos falando cada vez mais sobre diversidade tem muito a ver com os mais jovens. Sinto que, hoje em dia, a educação permite muito mais trocas e diálogos do que antigamente, quando ela tinha um caráter bem mais impositivo – tanto por parte dos pais e responsáveis quanto dos professores. E é essa troca que permite que os adultos aprendam e evoluam graças a crianças e adolescentes. 

De acordo com a psicóloga com quem conversei, um dos fatores que fazem com que a diversidade e o preconceito sejam assuntos do dia a dia dos mais jovens é o contato com as redes sociais. “A diversidade sempre esteve aqui, mas hoje em dia, com a internet, você não consegue ignorá-la. Nas redes sociais, por exemplo, as crianças podem se deparar com alguém da idade delas que sofreu racismo por ser preta, então essas redes ampliaram muito esse contato [com o outro]”, defende. “Por isso, os pais estão tendo que falar sobre esses assuntos mesmo que não queiram”, completa.

Para Ana Carolina, é comum ouvir relatos de adolescentes que corrigem os pais quando eles fazem comentários ofensivos ou usam termos incorretos, por exemplo. “Se o adolescente já sabe falar sobre isso é porque na infância ele já ouviu […]. Hoje a diversidade já é uma realidade que é muito mais discutida, então se eles não discutem isso em casa, discutem com certeza na escola”, diz.Segundo a especialista, outro motivo para esse tema aparecer de forma orgânica para as novas gerações é a representatividade: “A diferença é que hoje estão deixando essas pessoas que estavam à margem participar de filmes, séries, quadrinhos etc.”. 

O respeito não pode ser seletivo

Acredito que seja importante afirmar que a diversidade pode estar presente de várias formas. Quando você viaja para outro país, por exemplo, se depara com a diversidade em vários aspectos. Eu mesma, por não ser brasileira, sempre senti que tinha aspectos diferentes em relação às pessoas com quem convivo no meu dia a dia. Ouve-se muito que todo tipo de diversidade deve ser respeitado e, por isso, vale pedir que tratemos a situação do Catar com a delicadeza que o tema merece. Falar sobre um governo que tem posicionamentos polêmicos é um exercício constante de não-generalização. Isso porque não podemos nos esquecer que as crenças das autoridades nem sempre condizem com os da população de modo geral. Por isso, concordo com a Ana Carolina quando ela diz que “existe um preconceito muito grande com o Oriente Médio, então falar disso é importante para dar visibilidade para as pessoas que estão invisíveis naquela região”.

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Como fazer com que a diversidade seja um tema presente na educação?

De acordo com projeções da ONU, o mundo teria atingido a marca de 8 bilhões de habitantes no dia 15 de novembro. Pensando na magnitude desse número, perguntei à Ana Carolina como incluir a diversidade como um tema da educação, uma vez que, conforme a nossa população aumenta, é de se esperar que tenhamos habitantes cada vez mais diversos. Para ela, uma forma de fazer isso é incentivando, desde a escola, que as crianças consigam entender quem são. “Entendendo que tem outras pessoas que não são iguais a ela e que podem ter outras cores, religiões, sexualidade, etc., a criança conhece a si mesma”. Ela ainda cita um exemplo: “Lembro que quando eu fiz vestibular, tive que assinalar qual era minha cor, mas nunca me vi como branca nem como preta. Pensei ‘e agora?’. Anos depois fui entender melhor sobre colorismo, mas isso me fez muita falta quando eu era criança”, relata. O contato com o que é diferente é um dos principais objetivos do jornalismo. Para mim, permitir que as crianças estejam cientes dos principais acontecimentos do mundo – e de toda a diversidade que existe nele – é uma importante ferramenta para mudar a educação. 

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