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Sofia Menegon

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Sofia Menegon é feminista, idealizadora da podcast Louva a Deusa e consultora em relacionamento e sexualidade

Relacionamento aberto é para todo mundo?

Quando podemos ser imensamente quem somos e permitir que o outro seja imensamente quem é, é possível intitular a relação como livre

Por Sofia Menegon
Atualizado em 2 mar 2023, 15h07 - Publicado em 11 Maio 2022, 09h26
Busca pela não monogamia cresceu, mas não significa que seja para todos.
Busca pela não monogamia cresceu, mas não significa que seja para todos.  (fauxels (Pexels)/Reprodução)
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Em 2020, as buscas por “relacionamento aberto”, em sites de pesquisa, cresceram 70%. Will Smith, Bela Gil, Samara Felippo, Fernanda Nobre revelaram aderir a esse modelo de relação. A não monogamia é o assunto do momento entre as celebridades, mas será que serve para todo mundo?

Fato é que nem sempre tivemos a exclusividade como quesito indispensável nas relações. A monogamia surge a partir de uma motivação bastante problemática: garantir que a herança paterna pudesse ser transmitida aos filhos consanguíneos. Em outras palavras, a monogamia foi criada para controlar os nossos corpos. O patriarcado e esse modelo baseado na exclusividade vivem em plena relação simbiótica.

Isso não quer dizer que você, mulher empoderada e independente, precise abrir o relacionamento para ser legitimada como tal. Não monogamia está longe de ser sinônimo de liberdade e feminismo. Inclusive porque, entre as muitas formas de viver esse modelo amoroso, existem aquelas que insistem na manutenção desse mesmo sistema de opressões. 

Mas escolher como amar não passa só por esse olhar para a sociedade. Como amamos e como nos sentimos amadas nem sempre é uma escolha, para começo de conversa. É uma decisão que nos atravessa por inteiro, que percorre cada afluente da nossa identidade, das nossas verdades e memórias.

Transições de modelos relacionais podem ser, portanto, processos dolorosos, lentos, libertadores e, muitas vezes, dispensáveis. 

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Viver um amor, ou amores, livre(s) está intimamente ligado a como nos sentimos dentro da relação. Se nos sentimos insatisfeitas, tolhidas, reprimidas em nossos desejos, anseios e vontades, por exemplo, então talvez não seja uma relação livre de verdade. Mesmo que ter outros vínculos e outros afetos faça parte do acordo do casal. 

Por outro lado, ainda que não esteja nos planos abrir-se para múltiplos vínculos românticos e sexuais, um relacionamento pode sim ser considerado livre. Quando podemos ser imensamente quem somos e permitir que o outro seja imensamente quem é, é possível intitular a relação como livre.

Tomar consciência da nossa trajetória humana dentro das construções sobre o amor é importante. Mas respeitar nossos próprios limites também é. Então, a não monogamia é para quem deseja vivê-la e se sente pronta para isso. Do contrário, é apenas mais uma forma de nos colocar em moldes.

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