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Sofia Menegon é feminista, idealizadora da podcast Louva a Deusa e consultora em relacionamento e sexualidade
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Há mais que uma mesa entre nós

Acho que é amor sim, pelo menos aqui. Então, se amor tem, o que é que falta?

Por Sofia Menegon
10 ago 2023, 08h41

Eu aqui, você do outro lado da mesa. Celulares às mãos, comida no prato e quilômetros de distância entre nós. Você se levanta e leva o prato, deixa o que sobrou da gente. Restos. Eu fico. Fecho os olhos e me lembro do que costumavam ser os nossos jantares. Eu com medo de colocar qualquer líquido na boca porque você me fazia rir sem parar. E quando não tinha mais riso, nos olhávamos, contávamos do passado, dos sonhos, rascunhávamos o nosso futuro.

E, então, uma mesa e mais nada. Palavras soltas agora representam um risco iminente. Exaustão. Quando foi que esgotamos a paciência, o tesão, a vontade? Quando foi que o amor se esvaiu? E se não é amor, o que é que nos mantém aqui, dividindo a mesa, a cama, o teto e mais nada?

Ainda gosto do seu cheiro. Quando sorri para algum vídeo no celular, invejo sua tela. Queria ser eu a causar uma alegria qualquer, ainda que besta. Tenho saudade das suas mãos no meu corpo, da sua voz ao pé do ouvido, da sua playlist piegas, do seu pé gelado escondido embaixo do meu. Acho que é amor sim, pelo menos aqui. Então, se amor tem, o que é que falta?

Fôlego. Tenho a sensação de que passei tempo demais tentando fazer caber a peça errada do quebra-cabeça. Sabe aquelas pecinhas que quando você olha tem certeza de que encaixam, mas são só uma pegadinha do fabricante? Aí você aperta, gira, espreme. Às vezes culpa a máquina que certamente cortou errado. A peça fica gasta, suja, consumida. E quando menos se espera, descobre-se que ela só estava mesmo no lugar que não era dela. Pronto, coube.

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Somos essas pecinhas. Fazíamos tanto sentido, mas nunca encaixamos de verdade. Logo eu, que vivo dizendo aos tantos ventos que não precisamos de encaixe, me espremi e te expandi para que coubéssemos nesse enorme delírio. Ah, mas como foi bom delirar com você, fantasiar esse amor surrealista, cheio de cores e sonhos justapostos assim, sem grandes explicações. E se a gente tirar a mesa e seguir assim, sem muita lógica, sem pensar demais, será que dá para continuar? 

Não sei. Há muito mais que uma mesa entre nós. Não somos mais as mesmas artistas pintando a vida, destemidas, borrando a casa de tinta e rindo da bagunça. Agora a gente tem medo do que ficou espalhado. As costas doem demais, os joelhos não suportam o peso dessa limpeza. Acho que chegamos ao fim. Fim.

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