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Depois da denúncia: sobreviver à violência doméstica é só o começo

Sobrevivi à violência doméstica. E agora? Acolhimento e escuta empática são fundamentais, assim como não reduzir a existência da mulher à agressão sofrida

Por Izabella Borges
8 abr 2022, 08h48
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  • Sobreviver à violência doméstica significa muito mais do que a nossa mente condicionada pode imaginar. E fazer o rompimento deste complexo ciclo é, sim, um ato que exige demais da mulher. Estamos falando de reunir forças onde não se tem, criar coragem para buscar ajuda e conversar com as pessoas mais próximas. Expor os anos de agressões suportados, para muitas, é motivo de vergonha e constrangimento. Depois de tudo isso, ainda precisam enfrentar o julgamento social e o descrédito associado ao seu relato.

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    Antes de mais nada, é preciso entender que, além da dinâmica própria do ciclo da violência doméstica, outros fatores também aprisionam as mulheres aos seus agressores: o medo da concretização de ameaças contra seus filhos, a dependência financeira e, até mesmo, a emocional, que advém de relacionamentos disfuncionais e patológicos.

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    Contudo, e infelizmente, o desgaste emocional na vida desta mulher não acaba na coragem de compartilhar com amigos e familiares, e na denúncia. Por isso, é imprescindível que haja, desde o momento inicial, um atendimento adequado por parte das autoridades policiais, com acolhimento e escuta empática. Sem contar o olhar especializado para a compreensão integral deste difícil fenômeno.

    Izabella Borges escreve sobre direito, comportamento, autoconhecimento e tudo que dialoga com a experiência feminina numa sociedade patriarcal
    Izabella Borges escreve sobre direito, comportamento, autoconhecimento e tudo que dialoga com a experiência feminina numa sociedade patriarcal (Divulgação/Divulgação)

    No lugar disso, os agentes descredibilizam as suas palavras e questionam sua vida – dentre outros comportamentos de revitimização. Não só: reforçam o modelo social patriarcal, pondo em xeque todo o sistema público, bem como os princípios da Lei Maria da Penha, criada justamente para a proteção integral dos direitos humanos da mulher.

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    Na prática, muito embora existam excelentes leis que são referências até mesmo em âmbito internacional, poucos agentes públicos são, de fato, capacitados para lidar com este tipo de criminalidade, seus reflexos e suas raízes sociais e culturais. Os motivos são óbvios: eles (como todos nós) foram socializados em um modelo machista e sexista.

    É preciso desconstruir também a falácia da “vítima perfeita”. A mulher vítima de violência doméstica é, usualmente, idealizada como aquela submissa, frágil, passiva, incapaz de reconstruir a sua história. Aquelas que “ousam” retomar sua vida social de forma rápida ou que se mostram “felizes” nas redes sociais ou em público são constantemente julgadas. Essa concepção precisa ficar para trás: aprisionar uma mulher no lugar de “vítima” por toda a sua vida, reduzindo a sua existência à violência que sofrera, é cruel.

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    As mulheres vítimas de violência, em todas as formas pelas quais esta se manifesta, devem ser consideradas em sua individualidade, como seres que pensam, sentem, agem e vivem de maneiras diferentes. Enquanto sociedade, nos cabe o acolhimento. Do poder público, nos resta cobrar a efetivação de políticas públicas de prevenção e repressão eficientes. Das sobreviventes, nada deve ser exigido.

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