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Burburinho, polêmica e reflexão. Jornalista e editora digital de CLAUDIA, Júlia Warken foca o olhar em questões contemporâneas que inquietam as mulheres.
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Série da Netflix sobre comida de rua é também sobre mulheres batalhadoras

Dinâmica e deliciosa de assistir, a série "Street Food: América Latina" mescla cultura, comida popular e histórias emocionantes

Por Júlia Warken
Atualizado em 7 ago 2020, 15h36 - Publicado em 7 ago 2020, 13h55

No ar desde o final de julho, “Street Food: América Latina” é uma das melhores coisas que a Netflix lançou recentemente. Uma verdadeira joia que merece atenção em meio à enorme quantidade de opções – nem sempre boas – do catálogo.

O programa gerou algum burburinho por ter um episódio filmado no Brasil – em Salvador, mais especificamente – e, através das redes sociais, muita gente começou a falar a respeito da série como um todo. São seis episódios de cerca de meia hora, cada um em uma cidade cuja comida de rua tem elementos marcantes: Buenos Aires, Salvador, Oaxaca, Lima, Bogotá e La Paz. Em 2019, a Netflix lançou a temporada asiática da série, que acabou ficando mais conhecida no Brasil só agora.

Para quem está morrendo de saudade de viajar ou de simplesmente comer comida na rua como “antigamente”, “Street Food: América Latina” vem com sabor de nostalgia. A efervescência dos mercados populares, a aglomeração em torno das barracas e quiosques, os vendedores ambulantes na beira da praia, a “boquinha” nas imediações dos estádios de futebol. A série consegue mostrar coisas que nos são muito familiares e, ao mesmo tempo, desperta o interesse em conhecer sabores e lugares novos.

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Mas há um detalhe que torna a coisa toda realmente especial: essa não é apenas uma série sobre comida e cultura, ela é sobre pessoas. E que pessoas! Cada episódio mostra vários personagens, mas sempre há um que ganha destaque em cada cidade.

Ao longo dos seis episódios, cinco desses protagonistas são mulheres e quatro delas têm histórias de vida semelhantes: Suzana (Salvador), Valentina (Oaxaca), Luz (Bogotá) e Emiliana (La Paz). São senhoras de origem muito humilde, que começaram cozinhando em casa para a família e nunca puderam se dedicar ao estudo profissionalizante. Começaram a “cozinhar para fora” por necessidade e nem sabiam muito bem por onde começar. Mas o talento, a dedicação e o carisma falaram mais alto, mesmo que a trajetória tenha sido árdua. Estas não são simplesmente histórias sobre a descoberta de um ofício e da “mão boa para o tempero”. São histórias de muita luta.

Para além das emocionantes histórias de superação, cada uma das senhoras em questão também carrega consigo largos sorrisos, o orgulho da própria trajetória e um senso de gratidão. Elas são puro carisma e acabaram se tornando referência em suas comunidades não só pela comida, mas também pela simpatia. E vale frisar que todos os episódios merecem ser assistidos. Pato (Buenos Aires) e Tomás (Lima) também são ótimos personagens e têm boas histórias para contar. Isso sem falar nos pratos. Além disso, a série é dinâmica e consegue ser leve mesmo quando toca em temas delicados.

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Delícias de rua: o acarajé não poderia faltar no episódio sobre Salvador. (Foto: Netflix/Divulgação)

É interessante perceber que “Street Food” não inventou a roda ao mesclar comida e histórias de vida. Assinada pelos mesmos criadores, “Chef’s Table” é outra série documental da Netflix que faz isso, apresentando um chef renomado por episódio – incluindo o brasileiro Alex Atala. Os dois programas têm propostas diferentes, já que um é totalmente focado nos profissionais e o outro visa mostrar as comidas mais populares das ruas de determinada cidade. Mesmo assim, acredito que é possível fazer um pequeno paralelo entre as duas séries, em relação ao recorte de gênero. Dos 30 episódios de “Chef’s Table”, 9 são focados em chefs mulheres. Em “Street Food” há 15 episódios (contando com a temporada da Ásia) e 11 têm mulheres como personagens principais.

Não é mera coincidência e diversas das histórias apresentadas em ambos os programas nos mostram isso. No topo da cadeia alimentar, os grandes chefs ainda são homens em sua maioria. Nas barracas de rua e nos restaurantes populares, são as mulheres que pilotam o fogão – assim como nas casas. Movidas pela necessidade, elas transformam o ofício doméstico em fonte de renda. E quantas são devidamente valorizadas? Acredito que esse é um outro ponto positivo de “Street Food”: a série nos convida a ver o que há de humano por traz da comida que custa pouco e alimenta muitos. Com um olhar mais atento, também podemos refletir sobre por que há tantas mulheres nesse meio. Quase sempre anônimas, elas são gigantes e deveriam ser mais prestigiadas.

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