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Martchela - Ministra do Namoro

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Jornalista, atriz e humorista, @martchela__ é apresentadora do Lambisgóia Cast

“Sóbria de Boy”: vamos espalhar a palavra do “Boysober”

Vou bater de porta em porta pregando essa palavra e recomendando Bell Hooks

Por Marchela
9 mar 2024, 08h55
boysober
Neste ano, o foco é em mim mesma. (Aditya Saxena/Unsplash)
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A comediante Hope Woodard espalha a palavra do “Boysober“, ou, pela tradução, “Sóbria de Homem”. Ela diz que não é ser celibatária, mas dá um tempo de flertes, paqueras, pegar e até mesmo transar com homens para ter uma vida mais saudável. Logo, eu, Martchela, não poderia concordar mais.

Cansei. Joguei a toalha real. Sempre discordei da frase “só se cura uma bebedeira com outra bebedeira”. Fala isso quem é jovem. Quem passou dos 30 não sabe se está com dengue, covid ou ressaca. Demoramos o dobro para nos recuperar.

“Mas é quando você menos esperar…” Eu já esperei, não esperei nada, desesperei e… perdi a saúde mental. Sim, uma pessoa (ou pessoas) neste caso: homens, podem (e tiram) nossa saúde mental. Fique atenta aos sinais.

Depois de um grande baque, é preciso respirar. Depois de uma queda no mar, de se afogar, você não vai direto correndo mergulhar. Você dá um tempo. E por que não podemos fazer isso quando o assunto é relacionamentos?

Eu me dei um ano, quem sabe dois, ou quem sabe a vida toda, sem relacionamentos – drama – mas quem me conhece sabe que a minha lua é em câncer. E tô a fim real de me dar esse tempo. Respeitar meus limites, saber que não tô legal o suficiente e prefiro me reestruturar, para daí quem sabe pensar no assunto.

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E assim como a comediante, sugiro que se você passou por uma queda grande, está cansada de se desiludir… dê esse tempo. Eu sei que eles dizem que se recuperam rápido, transam com a cidade inteira após relações intensas ou não tão intensas assim, e a gente, às vezes, quer dar o troco ou correr atrás do próximo para se curar. Acho interessante fazer o inverso.

Respeitar seus sentimentos, lamber as feridas ou deixar sangrar até estancar. Acho inclusive amadorismo da parte de quem já corre para a próxima sentada sem antes se analisar, descobrir como ficou, o que sobrou, o que ficou intacto, como se sente, o que está dolorido ou até mesmo adormecido.

Acho totalmente faixa branca quem emenda uma relação em outra. Eu juro que isso me deixa sem palavras, mas após anos na terapia entendo que o outro não tem estrutura e ferramentas para ficar sozinho. Acho feio. Bobo. Não serve para mim.

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Minha companhia é tão boa que prefiro mil vezes ficar sozinha do que dividir e partilhar a vida com qualquer um. Toda vez que eu choro por alguém (e olha, não são poucas as vezes, e por isso não enlouqueci de vez), uma amiga vira e fala: “até o próximo e bla, bla, bla”.

Meu amor, se eu tiver um próximo e sofrer de novo, eu desisto de uma vez. Portanto, eu autodecreto que quem pegou, pegou em 2023 e retrospectivas, porque estou sóbria este ano.

Tipo a Kefera, que se reinventou, deu um tempo de tudo (inclusive álcool) e se dedicou apenas a ela, e agora tá sarada. Não acredito que eu vá ficar sarada (até gostaria, e meus joelhos agradeceriam), mas talvez minha alma agradeça.

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Eu, autointitulada ministra do namoro, declaro: está aberta a temporada das mulheres sóbrias! Vou bater de porta em porta pregando essa palavra e recomendando Bell Hooks.

OBS: Se por acaso me ver beijando alguém no rolê, não se desespere… eu posso mudar de ideia… ainda é março e nem tudo é tão sério, nem eu.

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