Oscar 2018: Mulheres, fiquem de pé
Como disse McDormand durante a cerimônia, "o que queremos é trabalho"
Não. Não falarei de vestidos, joias, make e cabelos. Enchi. O que mais me chamou a atenção –apesar de uma certa chatice da festa– foi o tom plural da cerimônia. Parecia a Arca de Noé. Tinha de um tudo. Negros, indianos, árabes, hispanos, até brasileiros, isso sem falar na figura amazônica-lisérgica-pirante da bestial criatura de “A Forma da Água“. E no meio disso tudo, as sensacionais Meryl Streep e Frances McDormand. A primeira pelo conjunto da obra, por uma delicadeza e naturalidade. Esforço zero em atuar. A outra, um furacão de ousadia. Coragem pura.
“Todas nós temos histórias para contar. Vamos falar de nossos projetos. Inclusão. Temos que ter inclusão”, bradou Frances McDormand, a sem maquiagem vencedora por sua excepcional atuação num papel que, mesmo sem conhecê-la, imagino ser um pouco de sua característica pessoal.
Frances é nua. É incômoda. Foi à festa como quem vai a casa de uma amiga. Cabelos repicados, quase molhados. Sem joias. Sem make. Sem vergonha. E disse tudo.
“Não viemos aqui pela comida. O que nós mulheres queremos é trabalho.” Sem mais!