Dançar para não dançar
O tabu do sexo na maturidade precisa ser combatido, quero mais é dar vexame quando o assunto é me amar
Erotizar na maturidade. Strip? Pole Dance? Burlesque? Tenho tentado… Já caí na gargalhada no meio da ceninha entre quatro paredes, mas acho fundamental para as cinquentonas esse teatrinho-erótico.
É uma masturbação fitness. É como encontrar o ponto G no meio das pernas, só que você usa o corpo todo. Cabelão, braços, coxas, dorso, seios, bundas… Tem ainda o bocão, a paradinha estilo Anitta (#sóquenão) e artifícios como a lingerie, a cadeira, o tecido de cetim. Se a Cher ousa; se Madonna dança divinamente; se a desconhecida gorda e flácida requebra feito cabrocha, porque não eu?
E para isso a Zumba tem me ajudado. O professor, aos berros, às 8 da manhã, faz o maestro desta coreografia ensaiada (até parece que decoro…). Finge ser o bofe da minha vida e eu acredito. Ele me pega, me cola em seu corpo, me chama de Kikinha e fecho os olhos enquanto me conduz ao encontro do meu Eros.
Aos poucos, o suor, a adrenalina-endorfina-dopamina-ocitocina respondem “presente” e match com o meu Deus do Prazer. A coreografia ajuda, os pensamentos voam, a nostalgia comparece e eu me sinto poderosa, gostosa, fêmea.
Quero causar, acasalar e transar. O tabu do sexo na maturidade começa nessa faixa etária. Longos casamentos desfeitos; corpos machucados pelo tempo; corações destruídos pelas mágoas. E para algumas mulheres, o começo da despedida da vida sexual se dá nos 50+.
Eu mesma fiquei quatro anos sem beijar na boca, reclusa em minha virgindade voluntária, após uma convivência de 24 longos anos com meu ex-marido, até reencontrar um antigo namorado de adolescência. Foi tipo queimada. Fogo intenso. E hoje quero mais é dar vexame quando o assunto é me amar. Gozei!