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Alexandre Simone e Lucas Galdino, comunicadores e criadores do @historiasdeterapia, contam causos que vão do emocionante ao cômico

Uma chance ao amor: a esposa do primo

No caso de Leandro e Amanda, não controlar os sentimentos, apesar dos julgamentos, resultou num “felizes para sempre”

Por Alexandre Simone e Lucas Galdino
Atualizado em 22 jul 2024, 15h41 - Publicado em 21 jul 2024, 08h00
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Às vezes, vale deixar de lado as imposições sociais em nome da felicidade (Getty Images/Getty Images)
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Relações familiares são complexas. Muito dessa complexidade vem de tabus sociais que tomamos como verdades absolutas, que ditam o aceitável ou não. Por exemplo, o que você acha de um rapaz se casar com a ex-namorada do seu primo-irmão? Ao responder “acho errado” de forma rápida e superficial, muitas vezes estamos seguindo padrões estabelecidos, sem considerar as nuances dos sentimentos envolvidos.

Leandro e Luís são primos-irmãos. Têm a mesma idade, cresceram juntos e são mais próximos entre si do que de seus respectivos irmãos. Ou melhor, eram.

Por volta dos 20 anos, Luís começou a namorar Amanda, uma garota que conheceu na faculdade de Biologia. O namoro durou cerca de sete anos e todos achavam que os dois iriam se casar, mas Amanda sempre priorizou os estudos e estava decidida a trocar alianças só depois de concluir o doutorado.

No começo, esse plano era compartilhado com Luís, mas no meio do caminho ele sentiu vontade de adiantar o casório. Por falta de compatibilidade na construção dos sonhos, os dois terminam — numa boa, sem brigas. 

Durante o namoro de Luís e Amanda, Leandro fez parte da vida deles, afinal, ele era como um irmão para o primo. Viagens, baladas, botecos, piadas internas… Os três eram muito próximos. Leandro namorou algumas garotas e elas faziam parte desse universo compartilhado. Quando terminaram, Leandro foi o ombro amigo dos dois e, a partir disso, começou a fazer parte da vida da Amanda sem o Luís. 

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Eles se tornaram amigos, mais do que eram, até porque a Amanda que ele conhecia era a “Amanda, namorada do primo-irmão”. Já esta outra Amanda era como uma nova amiga. 

Leandro e Luís também continuaram com seu vínculo, até que as coisas começaram a se abalar alguns anos após o término do casal. Foi quando Leandro e Amanda iniciaram um romance inesperado.

No momento em que os dois começaram a se relacionar, a primeira pessoa para quem Leandro contou foi o primo, que não aceitou muito bem a relação: “Como assim namorar minha ex?”. Mas não tinha volta, os dois estavam apaixonados, e isso acabou interferindo na relação dos primos, que se afastaram. Eles não se odiavam ou brigavam, mas já não eram próximos.

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A família dos primos, por outro lado, fingiu que nunca havia conhecido Amanda — mesmo ela tendo frequentado as festas por sete anos! Embora todos soubessem do passado, decidiram agir como se fosse a primeira vez que ela estava ali. 

Era uma espécie de acordo tácito, uma tentativa de evitar atritos e desconfortos que poderiam surgir. No final das contas, essa reação era pura dissimulação, já que a fofoca nunca deixou de circular.

Leandro, por sua vez, encarava a situação com um misto de coragem e serenidade. Enquanto a sociedade podia julgar sua escolha como uma traição contra o primo, ele acreditava que o amor verdadeiro não podia ser contido pelo que os outros acham correto, e que tentar fazê-lo só levaria à infelicidade. Afinal, tem como controlar o que se sente?

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No caso de Leandro e Amanda, eles nem tentaram. Depois de três anos juntos, decidiram se casar. Isso já faz dez anos e seguem muito felizes, apesar da tristeza que cerca Leandro pela falta que sente do primo.

Em um mundo permeado por tabus sociais e expectativas impostas, a sentença é irredutível: Leandro e Amanda estão errados em construir essa relação amorosa. A verdadeira reflexão surge quando nos perguntamos: por que consideramos essa situação errada? Será que estamos julgando com base em preconceitos infundados ou em uma compreensão superficial da dinâmica do relacionamento? Será que estamos realmente levando em conta os sentimentos e desejos das pessoas envolvidas, ou estamos apenas repetindo padrões sociais sem questionamento? 

Talvez, ao invés de julgar rapidamente, devamos nos perguntar se estamos dispostos a reconhecer e celebrar a coragem daqueles que seguem seus corações, independentemente das convenções sociais. 

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