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Alexandre Simone e Lucas Galdino, comunicadores e criadores do @historiasdeterapia, contam causos que vão do emocionante ao cômico

A história real de uma mãe com Down que criou filha e netos

A história de Cris e Izabel desafia preconceitos e mostra que o afeto não tem limites

Por Alexandre Simone e Lucas Galdino
13 jul 2025, 07h00
maternidade e sindrome de down
A maternidade é diversa e individual.  (Getty Images/Getty Images)
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A primeira vez em que Cris ouviu alguém dizer que sua mãe não poderia ter filhos, ela ficou confusa. Era uma aula de Ciências, e a professora explicava sobre genética e cromossomos, até mencionar, com tom de certeza, que quem tem a síndrome é estéril. Mas a mãe de Cris tinha síndrome de Down — e ela mesma era prova viva de que aquilo não era verdade.

Diante da afirmação, só uma explicação parecia possível: talvez fosse adotada. Mas não era. Na dúvida, procurou um tio. Depois um médico. E, aos poucos, as perguntas deram lugar a uma certeza: sim, sua mãe tinha síndrome de Down. Sim, era sua mãe biológica. E sim, nada disso tinha feito diferença alguma até aquele momento. 

Cris faz questão de dizer que teve uma infância comum — porque é assim que ela quer que a gente entenda: normal, como a de qualquer criança. A mãe a levava para a escola, ensinou as primeiras letras, fazia o melhor lanche para as amigas, penteava o cabelo com capricho e brincava no chão. Mãe igual a todas as outras. Mas a sociedade raramente enxergava dona Izabel como ela realmente era: uma mulher, uma mãe, uma força.

Caçula de 19 irmãos, ela nasceu no interior de Goiás e foi criada no colo dos pais e dos irmãos mais velhos. Cresceu sendo chamada de manhosa, mimada, diferente — mas nunca teve um diagnóstico. De fato, ela demorou para andar, falava um pouco enrolado, se isolava… mas tudo era justificado porque era “o jeitinho dela”.

Só aos 35 anos, depois de mais de uma década tentando engravidar, é que um médico deu nome ao que todos antes tinham apenas intuído: síndrome de Down. O médico foi categórico, disse que ela nunca engravidaria, pois era biologicamente impossível.

Informou que a tal trissomia do 21 tornava mulheres inférteis. Dona Izabel, que desde sempre contrariou o que diziam ser regra, engravidou meses depois.

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“O mundo ainda precisa aprender que ser diferente nunca foi sinônimo de ser menos”

No nascimento de Cris, a família teve certa desconfiança da capacidade de sua mãe. Mas ela não tem dúvidas: sua mãe é a melhor que poderia ter. Foi quem a ensinou tudo o que sabia, quem se dedicou por inteiro, quem esteve presente em todos os momentos. Quando Cris teve seus próprios filhos, foi Izabel quem assumiu os cuidados, enquanto ela estudava e trabalhava.

Foi mãe duas vezes — da filha e dos netos — com o mesmo amor e dedicação de sempre. Ainda assim, nem mesmo Cris escapou de reproduzir o estigma em algum momento. Quando seu primeiro bebê nasceu, ela hesitou em deixar a mãe dar o primeiro banho — teve medo. Não queria magoá-la, mas também não sabia se ela daria conta.

Mas a vida, que é sábia, deu a ela um segundo filho. E, desta vez, ela entregou o recém-nascido nos braços da mãe sem medo. Cris conta essa história com orgulho. Porque sabe que até mesmo pessoas que cresceram livres do preconceito podem, em algum momento, deixar ele escorregar. Mas isso não a define. O que define essa história é o afeto.

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A trajetória das duas é exemplo para muita gente. Pessoas que achavam que uma mulher com síndrome de Down não poderia ser mãe — ou que nunca tinham parado para pensar que uma vida comum, feita de pagode, bolo de fubá e carinho no cabelo — pode, sim, ser vivida por qualquer um.

Os medos alimentados pela nossa sociedade precisam ser revistos. Pessoas com deficiência têm o direito de ocupar os espaços, viver suas histórias, formar família, ter filhos e serem felizes, como qualquer um. 

A dona Izabel, que hoje é a vovó Bela, continua fazendo os melhores bolos e sendo a alma da casa. Cris segue contando essa história, não porque ela é diferente, mas porque o mundo ainda precisa aprender que ser diferente nunca foi sinônimo de ser menos.

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