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Natália Dornellas é jornalista, podcaster e ativista da longevidade. Procura por avós e avôs para prosear e histórias de #avosidade para contar. É criadora do podcast Conversa de Vó e cofundadora da plataforma 40+ AsPerennials
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Testemunha de 106 anos de história

Vó Catharina se impressionou quando viu o primeiro avião sobrevoar a roça

Por Natalia Dornellas
Atualizado em 4 out 2022, 17h36 - Publicado em 4 out 2022, 11h06

Imagine ser testemunha de 106 anos de história, acompanhar mudanças e revoluções tecnológicas, políticas, culturais, geográficas e econômicas importantíssimas como as que o mundo viveu no último século? Pensando nisso, fiz 5 perguntas para a dona Catharina, de 106 anos, com ajuda da neta, Carol Angelucci.

Catharina Denarde Angelucci nasceu no dia 15 de maio de 1916. Filha de imigrantes italianos, ela teve  8 filhos (2 abortos espontâneos), que lhe trouxeram 13 netos, 11 bisnetos e 1 tataraneta. Ativa a vida toda, ela não teve oportunidade de frequentar a escola por muito tempo, pois aos 11 anos precisou ajudar o pai na lida da roça, onde trabalhou também ao lado do marido Nicola, com quem se casou aos 21. Depois do terceiro filho, foi morar em Ibitinga, onde se dedicou à lavação de roupas para fora, enquanto cuidava da casa e dos filhos.

Dona Catharina compartilhou com a coluna a sua receita de longevidade, mas deixou claras as dificuldades de se chegar a sua idade, apesar de todo o carinho e cuidado que recebe da família com quem vive desde os 95 anos. As falas são fortes e merecem ser escutadas e pensadas. Lembrando que no último sábado, com pouquíssimo alarde no Brasil, comemorou-se o Dia Internacional do Idoso, data que nos convida a refletir sobre como têm vivido nossos velhos e como nós viveremos se na velhice chegarmos.

catharina, 106 anos
Dona Catharina na juventude. (Acervo Pessoal/Divulgação)

Qual foi o maior acontecimento da humanidade nesses 106 anos para a senhora?
DONA CATHARINA: Quando vi o primeiro avião, na roça, passando em cima da cabeça, ficamos admirados e assustados, porque ninguém sabia o que era aquilo, um barulho alto…  Nem meu pai, que veio da Itália, não sabia o que era. Olhavam a sombra no chão sem saber o que era aquilo.

Viver tanto tempo é acumular muita sabedoria. O que a senhora recomenda para quem gostaria de chegar à sua idade?
DC: Não recomendo para ninguém chegar nessa idade. Você não tem liberdade, porque nunca está sozinha, tem que obedecer os outros. Mas quando perguntam o que recomendo para viver muito, digo que sempre trabalhei muito e me alimentei bem, com a comida fresca da roça. Além disso, nunca desejei o mal para os outros.

dona catharina 106 anos
“Não recomendo para ninguém chegar nessa idade. Você não tem liberdade, porque nunca está sozinha”. (Acervo Pessoal/Divulgação)

O que acha que o mundo ganhou de bom da sua época para agora?
DC: A experiência do povo na vida…A própria evolução da humanidade. A liberdade conquistada também ao longo do tempo, de se expressar. Nos meus tempos, ninguém conversava, não tinha diálogo na família, ninguém te explicava nada. A gente crescia (Deus que me perdoe falar), mas parecia animal.

Do que tem mais saudades?
DC: Saudade da infância, do meu pai e da roça, porque naquele tempo a única maneira de eu estar perto do meu pai era trabalhando na roça, já que não existia brincadeira entre pais e filhos. Antigamente eu crescia e aprendia, hoje em dia eu não aprendo nada. Hoje não me interessa mais nada, só me interessa ir embora.

Seus desejos não realizados.
Carol Angelucci: Uma vez perguntei o que teria feito se ela tivesse tido a oportunidade de finalizar os estudos e fazer uma faculdade,  e ela disse que faria medicina. Uma vontade dela não realizada ainda é dirigir um Volks, como ela se refere a um Fusca. Vou ver com meus tios se conseguimos um emprestado para levar ela para dar uma voltinha, colocá-la no volante! Daria uma foto maravilhosa!

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