Receita de longevidade? A do Sr. Miura, de 93 anos, é plantar cerejeiras
O japonês Haruji Miura diz que só vai descansar quando cumprir sua missão de cobrir todo o Brasil de cor de rosa
Cobrir o território brasileiro de cerejeiras. Essa é a meta de Haruji Miura, o Sr. Miura, personagem que tive o prazer de visitar virtualmente no Conversa de Vô (uma versão masculina deste projeto que o coração me mandou criar há poucos meses). Aos 93 anos, esse japonês que veio para o Brasil junto à uma leva de imigrantes japoneses, em 1927, entende essa missão como um agradecimento aos brasileiros pela gentil acolhida ao povo do seu país.
Até antes da pandemia, Miura viajava pelo território brasileiro palestrando e levando mudas de cerejeira que planta nos jardins de casa em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte. O processo começou há mais de 30 anos, quando se aposentou da vida corporativa e resolveu semear a icônica árvore pela vizinhança.
Primeiro ele presenteou os vizinhos com mudas e depois foi espalhando pelas vias principais do condomínio Morro do Chapéu, que, há cerca de quatro anos, transformou-se numa espécie de ponto turístico sempre que acontece a florada das cerejeiras, por volta do mês de julho. Para isso, ele e os netos criaram uma versão mineira do Hanami (ritual de contemplação das flores da Sakura), em que recebem milhares de pessoas para festejar as tradições japonesas e, claro, admirar as flores.
Sr. Miura nunca ficou doente, nunca precisou ficar internado num hospital e nem toma um coquetel de medicamentos, como a maioria dos idosos da sua faixa etária. Ah e não faz muito tempo, criou uma segunda missão para si: plantar ipês amarelos lá no Japão, fazendo uma espécie de intercâmbio de gratidão.
É inevitável se perguntar qual a receita de longevidade desse personagem vigoroso que me disse que só vai descansar quando cumprir sua missão de cobrir todo o Brasil de cor de rosa. Bom de garfo, ele come de tudo (torresmo, pastel, frituras e muita carne com gordura, como faz questão de frisar), além de tomar um cálice de vinho por dia, e garante que a chave está em manter-se em constante movimento. “Estou sempre firme, sempre trabalhando, nunca parei. Porque se parar, enferruja, né? Eu quero trabalhar até morrer”’. Que assim seja, Sr. Miura.
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