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Patrícia Zaidan

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Coluna da jornalista e psicóloga Patrícia Zaidan: atualidades, feminismo, direitos humanos
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Premiado, “Entre-laços” tem pré-estreia e bate-papo na quarta (16)

Com história delicada, longa-metragem é boa oportunidade para vivenciar o que a comunidade LGBTQ enfrenta quando é impedida de exercer a sua cidadania

Por Patrícia Zaidan Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 12 Maio 2018, 00h13 - Publicado em 11 Maio 2018, 20h13
Cena do filme "Entre-laços" (Reprodução/Divulgação)
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Fiquei curiosa quando li o release de Entre-laços, filme da diretora japonesa Naoko Ogigami, que estreia dia 17. Por quê? Além de informar os prêmios que a ficção ganhou (um deles no Festival de Berlim), o texto trazia o poema “O Laço e o Abraço”, do brasileiro Mario Quintana.

Feliz escolha. Quintana combina com o espírito do filme, que me amarrou — como um laço faz. Me vi nos braços de Rinko (Torna Ikuta), mencionada no release como mulher trans. Pode-se dispensar a qualificação. Rinko é mulher. Ponto. Com as especificidades que sua personalidade deu a ela. É um ser humano amoroso, gentil, afetivo e intuitivamente maternal. Não há modelos para inspirar-se – pois a mãe de Rinko é um poço de frieza, um tipo estabanado e superficial. A protagonista se entrega à vida que se apresenta para ela, e está feita a sua forma de agir, decidir, querer. Ela tricota para elaborar os sentimentos ruins. Simples assim. E ensina isso à sobrinha do namorado, uma menina de apenas 11 anos, que se vê abandonada pela mãe – uma mulher jovem, mais ligada à noite e à bebida do que à criança que depende dela.

Topei participar do debate que acontecerá após a exibição do filme, na véspera da estreia em circuito nacional. Quero muito ouvir a plateia, saber como sentiu essa história tão delicada. Na bancada estará a cineasta e psicanalista Mirian Chnaiderman, que dirigiu De Gravata e Unha Vermelha. A conversa promete.

O lançamento está atrelado ao Dia Internacional Contra a Homofobia (17/07). Então, é uma boa oportunidade para vivenciar o que a comunidade LGBTQ enfrenta sempre que lhe tiram a cidadania. Sempre que é discriminada ou odiada. Mas vale ver o filme, sobretudo, por se tratar de um banho de humanidade. Os dias têm sido brutos demais, radicais ao extremo, crivados de insatisfação, solidão, desesperança e de falta de amor até dentro de casa. Rinko me parece a antítese de tudo isso. E me chegou embalada no poema O Laço e o Abraço do velho e bom Quintana. Pra quem quer se enternecer, como eu, segue o poema. E também um trecho do filme, que entregamos aqui com exclusividade.

 

“Meu Deus! Como é engraçado! 

Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço… uma fita dando voltas. 

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Enrosca-se, mas não se embola, vira, revira, circula e pronto: está dado o 

laço. É assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de 

braço. É assim que é o laço: um abraço no presente, no cabelo, no vestido, 

em qualquer coisa onde o faço. 

E quando puxo uma ponta, o que é que acontece? Vai escorregando… 

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devagarzinho, desmancha, desfaz o abraço. 

Solta o presente, o cabelo, fica solto no vestido. 

E, na fita, que curioso, não faltou nem um pedaço. 

Ah! Então, é assim o amor, a amizade. 

Tudo que é sentimento. Como um pedaço de fita. 

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Enrosca, segura um pouquinho, mas pode se desfazer a qualquer hora, 

deixando livre as duas bandas do laço. Por isso é que se diz: laço 

afetivo, laço de amizade. 

E quando alguém briga, então se diz: romperam-se os laços. 

E saem as duas partes, igual meus pedaços de fita, sem perder nenhum 

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pedaço. 

Então o amor e a amizade são isso… 

Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam. 

Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço!”

 

Filme: Entre-Laços

Exibição e debate: Dia 16/05

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 Hora: 20 horas

 Local: Espaço Itaú Frei Caneca, sala 6

Shopping Frei Caneca, Rua Frei Caneca, 569

São Paulo

 

 

 

 

 

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