“Sofro mais preconceito pelo cabelo liso do que por ser gorda”
A cantora Preta Gil falou sobre haters, preconceito e sua luta pela conquista da liberdade de sermos quem quisermos
A Salon Line, marca reconhecida pelas soluções para cabelos cacheados, promoveu ontem, em São Paulo, um evento para o lançamento de sua nova linha para cuidados com os fios. Ao contrário do esperado, a novidade não era voltada para cabelos cacheados e em transição capilar (como a maioria dos produtos da marca) e sim para cabelos lisos (ou alisados).
Junto com a surpresa, a marca trouxe, porém, um debate muito interessante, com opiniões calorosas de mulheres poderosas como Preta Gil, Rafa Brites e Jana Rosa. O tema era justamente sobre a liberdade de podermos ter o cabelo (entre todos as outras coisas como roupa, estilo, etc) que quisermos ter. Não importa nossas raízes, podemos alisar, cachear, ser loiras, morenas, estilizar como quiser (claro que estamos falando de estilo e não de limites em relação a química e ferramentas térmicas, que cada cabelo tem um).
Entre tantas falas boas e empoderadas, uma, em especial, me chamou a atenção. Preta Gil contou que, por ser negra, muita gente acha (e por isso se incomoda) que ela alisa os fios. E que acaba sofrendo mais preconceito com isso do que por ser gorda – como se fosse uma negra que não aceita o cabelo cacheado ou crespo. “Muitas pessoas dizem que não aceito o meu cabelo crespo e, além de alisar, pinto de loiro – como se, caso ele fosse de fato crespo, eu não pudesse clarear”, disse Preta, durante o debate. Filha de pai negro, com cabelo crespo, e mãe branca, de cabelo liso, ela é a única, entre sete irmãos, que tem cabelo liso naturalmente. “Como cresci nesse ambiente, com irmãos e familiares de cabelo crespo, me sentia diferente. Fiz até promessa, quando pequena, para o meu cabelo cachear”, conta.
“Hoje eu aceito o meu cabelo e gostaria que todos entendessem que ter os fios lisos não me fazem menos negra do que se eu fosse crespa. Meu nariz, por exemplo, é um traço tão característico da raça negra quanto o cabelo crespo”.
A cantora demonstrou, ainda, sua defesa e luta diária para difundir a liberdade de sermos e fazermos o que quisermos para estar feliz com a nossa própria imagem (e ela é o melhor exemplo disso!). “A partir do momento que a gente se ama do jeito que somos, nos tornamos livres para tudo”, concluiu.
Desse debate, fica uma esperança: que o preconceito passe cada vez mais longe e possamos escolher entre ser lisa, cacheada, crespa,loira, morena, ruiva… E você, o que quer ser hoje?