O segredo para transformar seu comportamento com dinheiro
Ações pequenas e repetitivas (como anotar os gastos ou olhar o seu extrato toda semana) ajudam a refazer os mecanismos certos no seu cérebro
Qual é a melhor forma de mudar o seu comportamento com relação ao seu dinheiro? Esta é uma pergunta que há anos me intriga. Desde que lancei o Finanças Femininas, há cinco anos, tenho testemunhado a dificuldade de tantas mulheres de lidar com sua vida financeira, enquanto outras conseguem operar transformações poderosas. Qual será o fator que faz a diferença?
A chave estava em um livro – O Animal Social, de David Brooks. Na obra, Brooks conta como todo processo de tomada de decisão é composto por três passos:
- Perceber a situação
- Usar o poder da razão para avaliar se aquela decisão é do nosso interesse
- Aplicar nossa força de vontade para executar a decisão
Segundo o autor, a humanidade passou séculos focada no segundo e no terceiro passos. Se dependesse apenas da nossa razão ou da força de vontade, ninguém teria problema com dinheiro: todo mundo sabe que se endividar é algo ruim e que você precisa controlar os gastos para não cair no vermelho. No entanto, nem todo o conhecimento que temos sobre dinheiro conseguiu evitar com que milhares e milhares de pessoas tomassem decisões erradas com sua grana.
Para mudarmos um comportamento, diz Brooks, precisamos olhar para a forma como percebemos a situação. Quando você passa anos construindo referências “negativas” com dinheiro, você passa a ver uma dívida de uma forma completamente deturpada – nisso, uma tarde de “terapia de compras”, parcelar todas as compras e não fazer as contas ou verificar o extrato antes de fazer uma grande aquisição se tornam algo completamente natural.
Já quem encara dinheiro de forma mais responsável (e sem moralismos aqui, tá?), consegue fazê-lo graças a uma série de experiências bacanas e cautelosas com dinheiro. O mesmo vale para os famosos “mão de vaca” e assim por diante.
Mas isso não quer dizer que o jeito com que você percebe o seu dinheiro está escrito em pedra e não pode ser mudado. A nossa percepção é sim construída graças à “interação misteriosa de milhões de boas influências”, como diz Brooks no livro – e é este o pulo do gato. Você precisa de uma boa comunidade – precisa estar rodeada de pessoas que pensam da forma como você gostaria de pensar – para poder mudar a sua forma de ver as coisas.
Ninguém consegue construir autocontrole sozinho – e se você está rodeada de pessoas que vivem sem controle com dinheiro, esta tarefa vira uma missão impossível. Por isso, vale a reflexão sobre quem são as pessoas que te influenciam quando o assunto é dinheiro: elas são boas ou más referências?
E mais uma dica bacana: se você quer ter mais controle com sua grana, fique de olho nos seus hábitos. Ações pequenas e repetitivas (como anotar os gastos ou olhar o seu extrato toda semana) ajudam a refazer os mecanismos certos no seu cérebro, e logo eles viram hábitos.
Se você quer transformar a sua relação com seu dinheiro, comece então por mudar pequenas atitudes e cercar-se de gente que não sai correndo pro shopping a cada liquidação. Ações pequenas como anotar os gastos ou baixar um app de controle financeiro podem ter um impacto muito maior do que você imagina.
Se você quer aprofundar esta discussão, acesse o Finanças Femininas.