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Bloco de Notas, por Lorena Portela Autora do sucesso "Primeiro Eu Tive que Morrer", Lorena Portela é cearense, escritora e jornalista. Vive em Londres, mas a cabeça mora aqui, no Brasil.
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Assédio no trabalho e um alerta vermelho para empresas e empregadores

Como os casos recentes que chegaram à mídia exemplificam uma cadeia de abusos no ambiente corporativo

Por Lorena Portela
21 jun 2023, 08h25
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  • Bom, o cerco está se fechando. Apesar de ainda bem longe do ideal, a verdade é que cada vez mais mulheres denunciam violências e abusos sofridos em casa ou no trabalho por meio das redes sociais, nos grupos de apoio das amigas, colegas ou coletivos. Se o sinal de alerta ainda não está ligado para a maioria dos homens (principal grupo de agressores), deveria.

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    Acontece que não apenas indivíduos em posições de poder devem ficar atentos, mas me parece inteligente que empresas e empregadores peguem esse bonde também, se não quiserem sentar no banco dos réus, como acaba de acontecer com o maior conglomerado de comunicação do país. 

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    Os muitos casos de assédio na emissora – dentre eles os que envolvem o diretor Marcius Melhem –, a incluíram como responsável pelo que as vítimas sofreram, conforme noticiado pela Piauí. Lendo a matéria, é possível identificar uma obviedade: se a empresa contrata alguém, deve, dentro de todo o âmbito que engloba o trabalho, garantir a segurança física, emocional e mental do empregado, além de condições ideais para o exercício das funções que exige. Se alguém sofre assédio ou abuso de um colega, não é precipitado concluir que o empregador deve segurar sua fatia de responsabilidade. 

    O caso de Vinicius Jr. também nos aponta algo neste sentido. O jogador sofreu sucessivos ataques racistas na Espanha e, mais recentemente, quando torcedores do Valencia o atacaram e Vinicius foi expulso pelo juiz, numa sequência de movimentos que chocou o mundo e envergonhou o futebol espanhol.

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    Não é um paralelo equivalente com casos cotidianos de assédio no trabalho, claro, não há como comparar um caso explícito e televisionado com o dia-a-dia de empresas, mas há uma nuance aí: se é assim tão difícil identificar os racistas e agressores, se o Valencia nada faz nesse sentido, se não há um levante que previna a reincidência, então o time é responsabilizado e punido. E

    foi: o time foi multado em 45 mil euros (valor reduzido para 27 mil após recurso), perdeu assentos em outros jogos da La Liga, além de outras penalidades. Está muito longe de ser justo ou suficiente diante da violência que Vini Jr. sofre sistematicamente, além disso, a própria La Liga também deveria ser responsabilizada pelo que acontece em seu campeonato, mas é um começo se comparado ao nada que costuma acontecer nestes casos. 

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    Dentro das paredes do escritório é um pouco diferente, nem todo caso de assédio é simples de detectar, mas há vários que são. Há inúmeros casos explícitos que acontecem diante dos olhos e com a conivência de chefes e colegas. É importante que haja um movimento assertivo e consciente, projetos ou iniciativas criadas para solucionar casos de abusos e, muito mais importante, preveni-los.

    É preciso que empresas, empregadores, RH, consultores, psicólogos, grupos de apoio ou tudo junto olhem para seus times com compromisso. Abusos no trabalho são uma realidade banal no Brasil, os números são tão tristes quanto previsíveis: quase metade das brasileiras sofreu assédio sexual no trabalho em 2022, segundo pesquisa da Datafolha divulgada em março deste ano. Em material publicado no Instagram, o Think Eva, em parceria com o Linkedin, fez um levantamento inédito sobre assédio no mercado de trabalho no Brasil e tocou justamente no ponto que trago aqui: os riscos corporativos e financeiros que companhias podem enfrentar se permanecerem de braços cruzados. 

    Talvez chefes e empregadores ainda acreditem que a vítima é que deve lidar com o problema, mas como quase tudo na vida, compartilhar a responsabilidade e prevenção dos danos coletivamente pode ajudar a mexer uma pecinha neste sistema e, melhor, fazer com que enxerguemos a questão como ela realmente é: um problema não só da vítima, mas de todo mundo.

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