Páscoa, passa na frente!
Continuo a acreditar que vai dar certo e, se a passagem é o caminho, preciso aprender a ser feliz durante o processo
Páscoa é caminhada. Travessia. É transformação. Nesses tempos sombrios acho ainda mais importante nossa reflexão. A família como conhecíamos, com os grandes almoços de domingo, quase não existe mais. A nostalgia dos tempos alegres, na maturidade, fica apagadinha. Tenho esse banzo da lembrança que nem sei se cura ou dói ainda mais na carne.
Dizem que lembrar traz conforto. Sei não. Aqui sou só solidão. Meu marido saiu de casa e decidimos namorar novamente. Uma nova ordem se impôs e preciso reorganizar as órbitas dos planetas trazendo minha mãe para morar comigo. É o velho precisando do não tão novo e fazendo uma pororoca geracional com as minhas filha ainda esperançosas no tal futuro.
Uma lágrima caiu aqui. Estou tão mexida que nem sei nominar as minhas emoções atuais. Tá um bololô só e acho que eu preciso de um combo de coach-Rivotril-unguentos . A planilha continua no vermelho. Ando tendo dores de cabeça insistentes. Ranjo os dentes à noite. Mas eu eu continuo a acreditar que vai dar certo e, se a passagem é o caminho, preciso aprender a ser feliz durante o processo – enquanto ando – e não quando eu finalmente chegar ao meu destino.
Aliás, a cigana anda faltando ao batente e há tempos não sei o que o amanhã me reserva. Atualmente vivo de hojes. Tá de bom tamanho. E pretendo não me entupir de chocolates. Eles pioram a minha menopausa severa e conferem dobras ao meu corpo roliço. A pança grita. Mas prometo ir à missa Pascal e ressuscitar da minha letargia. Minhas amigas dizem que sou um furacão, mas me percebo marolinha. A violência do cotidiano criou valas em mim. Prometo maremotos, mas por segurança vou invocar Moisés para abrir meus mares. Vai que me afogo né?