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Kika Gama Lobo

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Focada na maturidade como plataforma pessoal, a jornalista Kika Gama Lobo escreve sobre as sensações e barreiras que as mulheres 50+ vivenciam

Festinha 50+

A minha festa, Kikando, é quase uma autocelebração (e um retorno delicioso no tempo)

Por Kika Gama Lobo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
3 abr 2024, 15h00
Kika e Marcos Mamede
Kika e Marcos Mamede (Acervo pessoal/Acervo pessoal)
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Inventei mais uma. Criar uma festa adulta, para pessoas mais velhas caírem na gandaia. A inspiração foi uma DJ sueca, de 80 anos, chamada Madelein Mansson, a DJ Gloria. As sincronicidades começaram aí. Descobri que ela foi casada com um brasileiro, carioca, que fala português, e sua filha – Anna – é fluente em nosso idioma.

Amiga das banqueteiras cariocas Laura e Roberta Pederneiras, que chegaram a ir ao casamento da filha da DJ, virei amiga virtual de ambas. Já me escreveram mensagens de incentivo, mandaram fotos, áudios e estão sempre “perto” de mim.

O meu amigo e sócio na empreitada, DJ Marcos Mamede, que será o responsável pelo som da festa Kikando – olha bem o nome – está a mil com tantas dicas de batidas e hits que ouvimos quando ainda não havíamos transado, nem nos drogado, e quando os perrengues financeiros, mentais e corporativos ainda não nos possuíam.

Não tinha covid-19, inteligência artificial e nem celular. Era mesozoica, diria. Mas tínhamos bocas e peitos, paus e bundas e nos divertimos à vera. Eu me joguei. Fui uma mocinha intensa. Comecei cedo horizontalmente. Claro que me arrependi de muitas fodas, mas, no geral, vivi.

E a dança sempre esteve como cenário. Me desbundei no Hippo, Chez Castel, Resumo da Ópera, Papagaio, Nuth, Noites Cariocas – boates da época. Não era cocadinha milionária, mas tinha outros atrativos. Era cigana, divertida, livre, dada e, olhando para trás, nesse caleidoscópio do tempo, faço uma revisão por eras.

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Os 1970 e 1980 foram décadas de sonho. Podíamos tudo. Queríamos tudo. Achávamos que juventude e conexão bastavam. Não contava com a derrocada de grana da minha família, com meus devaneios mentais, meus amores líquidos, minha alma que mergulhou sem rede e se estabacou, claro.

Mas cheguei aqui. E completo 60 primaveras ( ou seriam outonos?), em agosto. E a minha festa Kikando é quase uma autocelebração. Criei para mim esse ambiente que traz a Kika jovem de volta numa nave espacial imaginária. Já me vejo de bota branca, capa e fumaça. Sou fruto de toda essa mistureba de tempo. E digo mais. Vou me jogar. Ali naquela festa quicarei. Haverá sinais.

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