Avós que transam
Não faz mais sentido quantidade, e qualidade virou uma espécie de perseguição máxima
Na semana em que perdemos Rita Lee, vimos Roberto de Carvalho se esborrachar de amor na entrevista lacradora na televisão. E pensei: essa avó viveu. Amor, transou, sentiu… e tenho convivido a maior parte da minha vida atual com avós.
Avós saradas , avós malhadas, chipadas. Que se entregam a Eros sem a menor cerimônia. Aplicativos de relacionamento, pau amigo, foda antiga, vale tudo. Até motorista de Uber se bobear pode ser a solução, além, é claro, do autoprazer. Nunca se vendeu tanto vibrador pra mulherada madura. E penso nesta ressignificação do prazer.
As balzacas estão querendo sentir diferente. Não faz mais sentido quantidade, e qualidade virou uma espécie de perseguição máxima. Missão possível, diria. É uma revolução o que temos visto na longevidade. Somos a geração responsável por essa mudança. Eu ainda fui criada para casar virgem, apesar do desbunde dos anos 1970 quando tinha meus pequenos 6 anos.
Atravessei gerações de grandes revoluções horizontais. Já dei sem querer, por pena, por pressão e tenho certeza que fui estuprada algumas vezes sem nem saber o que era isso. Hoje, pentelhos brancos, varizes mil, estou no ponto. No meu ponto de partida para uma nova relação comigo. Disse, certa vez, que quando transei pela primeira vez com meu segundo marido, já cinquentona, eu me comi. E, assim, neste desbunde que é a nova forma de amar, volto para a eterna roqueira do Brasil, Santa Rita do rock: amor é bossa nova, sexo é Carnaval.