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A jornalista Ana Claudia Paixão (@anaclaudia.paixao21) fala de filmes, séries e histórias de Hollywood
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Você já conhece o drama do Oscar 2023? É a corrida de Melhor Atriz

A britânica Andrea Riseborough em menos de uma semana saiu de potencial zebra para a grande polêmica da festa de 2023

Por Ana Claudia Paixão
Atualizado em 2 mar 2023, 14h13 - Publicado em 3 fev 2023, 09h53

Quem acompanha o Oscar todo ano sabe que uma boa atuação é apenas a metade do trabalho para garantir a estatueta. O peso das campanhas de marketing que conduzem a trajetória das telas até a indicação e, depois dela, à vitória, rende dramas de bastidores históricos. Sendo assim, orçamento, conexão e influência determinam a festa ainda mais do que boas atuações. Afinal, só quem já foi indicado ou que ganhou que pode votar, portanto estar bem com cada membro da Academia conta muito. Mas há regras para coordenar o lobby: não se pode alimentar competição, não pode mandar múltiplos e-mails pedindo voto e etc. Nada que nós, meros mortais, acompanhemos com transparência. No entanto, em 2023, uma surpresa furou o esquema dos grandes distribuidores e marcou para sempre a carreira da atriz Andrea Riseborough. Ela surgiu “do nada” para entrar para seletíssima lista das cinco indicadas ao Oscar de Melhor Atriz. 

Quem é ela? Que filme é esse, To Leslie? Onde posso ver? Que essas perguntas sejam usuais para nós é admissível, mas foram feitas pelas principais estrelas de Hollywood, chocadas ao ver que Andrea “tirou” do páreo as duas atrizes negras favoritas para a vaga: Viola Davis por A Mulher Rei ou Danielle Deadwyler por Till- A busca por Justiça. Os americanos dizem que foi uma “grassroot campaing” ou “campanha popular”. Resultado: de azarão, Andrea Riseborough virou referência para falta de inclusão e até terça-feira, dia 31 de janeiro, correu o risco de ser banida da festa. Não foi. A Academia a manteve entre as indicadas, mas vai rever como se aplicam as regras daqui para a frente. Sei. A conclusão é que o Oscar 2023, sem tapas na cara ou erros de vencedores, já é drama puro. E precisamos falar de algumas coisas sobre o problema.

 Primeiro, vamos “apresentar” Andrea Riseborough, uma ótima atriz inglesa que há anos vem se destacando em boas produções nos Estados Unidos, tendo trabalhado com Tom Cruise e outras estrelas. Ela estava no elenco de filmes oscarizados como Birdman e A Guerra dos Sexos. Está em Amsterdam e no musical Matilda, mas é como a alcóolatra Leslie Rowlands que tirou o fôlego de seus colegas, com uma atuação comovente e totalmente entregue. A história é inspirada em um fato, a atriz está sem maquiagem, em uma interpretação que comparam com a vencedora do Oscar por Nicolas Cage com Despedida em Las Vegas. Tinha cara de favorita. Mas, To Leslie é uma produção independente, sem orçamento como os demais concorrentes que trabalharam massivamente com anúncios e distribuição em grandes salas de cinema para dar destaque às suas estrelas.  Foram os amigos de Andrea, incluindo Jenniffer Aniston, Gwyneth Paltrow e até a indicada Cate Blanchett, que declararam seus votos e lutaram por ela, falando tanto de seu trabalho nas redes sociais que Andrea chegou no top 5 sem gastar um tostão de divulgação. Em tempos de valorizar campanha orgânica de influência, passamos a dizer que é injusta com os milhões gastos pelos estúdios para fazer anúncios. Louco, não? 

Till- A busca por Justiça
Till- A busca por Justiça. (Reprodução/Instagram)

Mas é porque com essa “ousadia”, alimentou-se o drama da exclusão, algo inegável e a principal consequência do sistema falho. Porque falar de justiça em uma festa que é uma competição, mesmo que sob o manto de merecimento, é paradoxal. De centenas de boas atuações, os membros da Academia precisam eleger apenas cinco e dessas cinco, uma única “vencedora”. Claro que terá injustiça. Todo ano. Arte não é pontuação, Arte não se mede por algoritmos e nesse campo cinzento não ter representatividade entre os votantes resulta nas repetidas exclusões. Pessoalmente eu não tenho problemas com a indicação de Andrea Riseborough, mas questiono outras das quatro na mesma lista. Por mim, estariam na festa: Viola Davis, Danielle Deadwyler, Cate Blanchett, Michelle Yeoh e Andrea Riseborough. 

A essa altura, tenho pena da atriz que terá que passar pelas perguntas sobre sua indicação quando e se for ao tapete vermelho. Ela meio que virou a “nova Marisa Tomei”. Você lembra da Marisa Tomei? Em 1991, ela era a única jovem e americana indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, com apenas lendas do teatro britânico sendo consideradas favoritas. Ao ter seu nome anunciado, a piada que começou a correr foi a de que Jack Palance teria errado o nome e que a Academia ficou sem ter como expor o constrangimento. Desde então, mesmo isso sendo uma cruel lenda urbana, a sombra da dúvida do merecimento pairou sobre Marisa. A mesma coisa vai ficar com Andrea. Quando vi seu nome e a própria Cate Blanchett comemorando, apostava na inglesa como a mais forte candidata para ser a surpresa do Oscar 2023. Em menos de 24h a surpresa virou outra.

Assim, meu palpite de quem leva volta a ser Cate Blanchett por “Tár”. Lembrando que o Oscar não terá o vencedor do ano anterior para entregar a estatueta, pois Will Smith está banido da festa depois do tapão que deu na cara de Chris Rock, portanto a premiação de Melhor Atriz de 2023 já é a categoria bafão do ano. Mas, me despedindo em uma nota mais séria, que fique claro que é lastimável não conseguir solucionar o problema de inclusão no Oscar. A única atriz negra vencedora nessa categoria foi Halle Berry, por “A Última Ceia”. E isso foi há 21 anos. É impossível que em mais de duas décadas nenhuma outra atriz negra tenha chegado perto. Com ou sem campanha. Está muito certo questionar, sempre.

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