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A jornalista Ana Claudia Paixão (@anaclaudia.paixao21) fala de filmes, séries e histórias de Hollywood
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Uma história de amor sobre nostalgia que completa 50 anos

“Nosso Amor de Ontem” é um dos 10 mais românticos do Cinema e traz Barbra Streisand e Robert Redford inesquecíveis

Por Ana Claudia Paixão
24 fev 2023, 09h42

Nostalgia e romance andam de mãos dadas no cinema. Amores impossíveis, amores inocentes, amores intensos. Lágrimas? Claro! E quem ama um bom conteúdo de amor certamente tem Nosso Amor de Ontem (The Way We Were) entre os seus favoritos. Sua temática, já com a canção principal, fala de como a memória brinca com a gente, apagando tristezas e adocicando as alegrias. O impacto do filme é tanto que o marcante episódio final da 2ª temporada de Sex and The City, no qual Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker) compara sua história com Mr. Big (Chris Noth), é um dos mais emocionantes de toda franquia. Carrie se vê como Kate e Big como Hubbell.

“Sua garota é adorável”, ela diz citando a fala final de Barbra Streisand no filme. “Não entendo”, diz Big, sem saber que também está usando a mesma frase de Robert Redford. Na série, Carrie encerra a conversa com “Você nunca entendeu”, mas, no original, eles se abraçam sem dizer uma palavra, se afastando e cada um seguindo o seu caminho. Os créditos sobem e a canção – The Way We Were – traduz o que eles pensavam: Memories may be beautiful and yet, what’s too painful to remember we simply to choose to forget. So it’s the laughter, we will remember whenever we remember the way we were (Recordações podem ser bonitas e ainda o que é doloroso demais para lembrar, nós simplesmente escolhemos esquecer. Então é o riso que vamos lembrar sempre que nos lembrarmos do jeito que éramos)

Já deu para perceber que faço parte do (enorme) grupo de fãs desse pequeno clássico que em novembro de 2023 completa 50 anos, né? E não estou sozinha. Nosso Amor de Ontem não apenas foi incluído na lista “100 maiores histórias de amor do cinema” pelo American Film Institute, ao lado de CasablancaTarde Demais Para Esquecer (An Affair do Remember), como está na sexta posição, à frente de Doutor Zhivago. Incrível para um filme “pequeno” que tem muita história de bastidores também. Nesse nosso cantinho de nostalgia, vamos relembrar algumas das lendas.

Nosso Amor de Ontem foi um veículo criado especialmente para Barbra, gerou documentários e até um livro, The Way They Were: How Epic Battles and Bruised Egos Brought a Classic Hollywood Love Story to the Screen ( Do jeito que eles eram: como batalhas épicas e egos machucados trouxeram uma clássica história de amor de Hollywood para a tela), escrito pelo jornalista Robert Hofler. Nele, o autor comenta os dramas, as discussões e os problemas entre as estrelas. A produção tinha poucas expectativas e conta a improvável história de amor entre uma mulher da classe trabalhadora, Kate Morosky (Barbra Streisand), e o rapaz rico e bonito, Hubbell Gardiner (Robert Redford). Quando juntos, os dois se entendem e despertam o melhor de cada um, mas as diferenças sociais e de personalidade são colocadas à prova, os impossibilitando de ficarem juntos. Como pano de fundo há as questões políticas e sociais que definiram os Estados Unidos desde a Segunda Guerra Mundial até os tempos de Macartismo.

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Barbra Streisand e Robert Redford - nosso amor de ontem
Barbra Streisand e Robert Redford durante as gravações de ‘Nosso Amor de Ontem’. (Art Zelin/Getty Images)

Em 1973, Barbra já era uma estrela e vencedora do Oscar, mas reconhecida por sua veia cômica e musicais. Nosso Amor de Ontem era um drama “tradicional” e por isso precisava de um astro à altura, sendo que o primeiro nome cogitado foi o de Ryan O’Neal, que queria voltar a trabalhar com ela (juntos tinham acabado de fazer Essa Pequena é uma Parada (What’s Up Doc)), mas o diretor Sydney Pollack queria – e conseguiu – seu amigo, Robert Redford. Redford, que já era uma das estrelas mais respeitadas de Hollywood, politicamente engajado e lindíssimo, tinha muito receio de trabalhar com uma atriz com fama de difícil e que ele temia que iria sair “cantando em cena aberta”.

Relutou, mas gostou do roteiro e aceitou o desafio (hoje diz que teve a melhor experiência trabalhando com Barbra).Nosso Amor de Ontem é uma adaptação do livro escrito por Arthur Laurents, que já era respeitado e conhecido por roteiros tão distintos como Amor, Sublime Amor (West Side Story) e Festim Diabólico (Rope) e que se baseou na própria experiência dos anos terríveis da lista negra de Hollywood para pensar em uma história que abordasse o tema. Mesmo com Oscar e fama, Arthur ficou sem trabalho porque um jornal esquerdista elogiou uma de suas peças. Conhecendo o drama de outros que passaram por perseguição ainda pior, ele queria que expor a hipocrisia de Hollywood naquela época. Como era amigo de longa data de Barbra Streisand, adorou que ela tivesse sido a escolhida para o filme. Anos mais tarde assumiu que escreveu Kate pensando nela.

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Já a história de amor de Katie e Hubbell tinha outra fonte: ele mesmo. Segundo o livro de Robert Hofler, Hubbel foi inspirado em Tom Hatcher, um aspirante a ator cujo romance com Arthur foi inicialmente descomplicado, mas que não resistiu ao engajamento politico do roteirista. Arthur mais tarde entendeu que idealizou Tom como um Príncipe Encantado, bonito e perfeito, mas que não passava de sua visão apaixonada, não exatamente a realidade, assim como Katie conclui no final do filme.

Falar do sucesso de Nosso Amor de Ontem sem passar pelos problemas é um pouco o que o que o filme faz alusão. Durante as gravações, os estilos pessoais de Barbra e Redford – assim como suas personagens, eram conflitantes e colaboravam para crescer as tensões no set. O diretor Sydney Pollack também teve dores de cabeça com Barbra, que brigou por várias cenas que acabaram cortadas da versão final, algo que ela tinha o apoio de Arthur Laurents e do produtor, Ray Stark.

“Do jeito que o filme é hoje, sem as duas cenas [cortadas], parece que eles [Katie e Hubbell] se separam porque ele dormiu com outra”, a atriz se queixou em uma entrevista de poucos anos atrás, lamentando que a decisão das personagens de se afastarem porque a política e a sociedade impediam que seguissem se amando tinha mais força dramática. Posso dizer? As cenas estão no Youtube. Barbra Streisand tem razão. Raso ou não, o público não se importou com a história de amor que segue os clichês. A química entre os dois astros compensou e já no ano de seu lançamento fez mais de 50 milhões de dólares nas bilheterias. A canção tema do filme, hoje uma assinatura no repertório de Barbra, merecidamente ganhou o Oscar. Nascia o clássico que celebramos hoje, com saudade de um tempo em que filmes assim eram feitos. Como gostamos de lembrar!

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