No universo Star Wars, cadê a série sobre a Princesa Leia?
Heroína icônica, princesa, rebelde, general e Jedi, Leia Organa merece sua história contada em maiores detalhes e ter protagonismo também
O impacto de Star Wars na minha vida foi imenso. Ainda me lembro de quase ter sido colada na cadeira do (extinto) cinema Leblon 1, no Rio de Janeiro, quando passava minhas férias de verão na cidade, visitando meus avós. Era criança, portanto mais aberta ao gênero de fantasia, mas sem necessariamente curtir aventuras no espaço. Tudo mudou quando ouvi o tema dos rebeldes e vi a Princesa Leia (Carrie Fisher), toda de branco, com uma arma na mão, atirando contra os vilões. Uau! E nada de Han Solo (Harrison Ford) ou Luke Skywalker (Mark Hamill) para conseguir escapar do Império: é a princesa que toma a atitude e salva os “heróis”. Isso há 45 anos. Icônica.
Leia era tudo: princesa inteligente, rebelde que luta pelo Bem, e uma líder que não quebrou nem mesmo sendo torturada (aquela injeção até hoje me dá arrepios). Mais do que isso, ela permitia às meninas sonhar poder estar de igual com os meninos e salvar o mundo. Poderosa. Impertinente. Linda. Sexy. Líder. Inigualável. Foi paixão à primeira vista.
Depois descobrimos, era gêmea de Luke (como gêmea, eu só fiquei ainda mais ligada à ela) e filha de Darth Vader (Hayden Christensen). Mais tarde, abandona o título monárquico herdado de sua família adotiva, passando a ser General entre os rebeldes. Uma posição, vamos combinar, que sempre deveria ter sido sua. No filme de 1977, sempre me incomodou que ela fez tudo e na hora do ataque final ficou em uma sala torcendo pelos parceiros.
Para os homens, Leia virou um sex symbol no filme em que é escravizada por Jabba The Hut, depois de tentar salvar Han Solo. Machismo puro ter que despi-la (depois de aparecer em todos os filmes sem decote), mas ela mais uma vez provou que, com ou sem roupa, não era menos que nenhum homem ou ser de qualquer planeta. Literalmente tinha a Força.
O charme de Leia Morgana está ligado à inteligência e beleza inegáveis de Carrie Fisher. Carrie, filha de lendas de Hollywood, tinha apenas 19 anos quando deu vida à personagem. Embora tenha feito hilárias e perfeitas colocações sobre os penteados da princesa, entre outras observações, ela respeitava a importância e o símbolo que ganhou sua imagem. Mais ainda, o fato de que Leia não era a usual loirinha de olhos azuis fazia dela ainda mais “real”, é preciso ressaltar.
Estamos vendo e celebrando que a Rebelião será filmada, que Obi-Wan Kenobi (Ewan MGreggor) terá sua série e Ahsoka Tano (Rosario Dawson) vai aparecer na plataforma da Disney Plus em 2023, mas aqui fica o meu sonho: cadê a série da Princesa Leia? Como assim ainda não ganhou protagonismo?
Há muito que saber de Leia, antes e depois de descobrir ser uma Skywalker. Ela cresceu como filha de Bail Organa, que a adotou assim que nasceu. Separada de seu irmão gêmeo, Luke, que foi criado pela família de Anakin Skywalker, ela era filha da princesa Padmé Amidala, que morreu no parto. Com DNA duplamente corajoso e forte, ela tomou o lugar de seu pai adotivo na rebelião, sendo essencial para a primeira grande vitória na Guerra (a destruição da Estrela da Morte). Se fossemos focar na juventude da princesa, como se envolveu na luta dos rebeldes e como lidou com seus poderes (que desconhecia ter), teríamos um super conteúdo, antenado com o que nós mulheres finalmente passamos a ter acesso.
Igualmente, cabe uma série pós “vitória”, para nos mostrar como Leia ajudou na formação da Nova República, como Luke a treinou para ser uma Jedi, como seu casamento com Han Solo desintegrou quando o filho dos dois, Ben, desertou e decidiu abraçar o lado obscuro da Força, virando Kylo Ren. Como sabia da origem de Rey, que a idolatrava. Como não amar Leia? Sem falar que a relação dela com Poe Dameron (Oscar Isaac) sinalizava algo mais do que profissional entre os dois. Ainda há muito que descobrir sobre ela, é inacreditável que uma lenda tenha sido relegada à coadjuvante. Alô, Disney? Tenho certeza que muitas jovens também vão se projetar em Leia, não apenas nossa querida Rey. Fica o sonho!