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Ana Claudia Paixão

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A jornalista Ana Claudia Paixão (@anaclaudia.paixao21) fala de filmes, séries e histórias de Hollywood

My Mom Jayne: Mariska Hargitay escava o passado e encontra a si mesma

No documentário em que estreia como diretora, a atriz de Law & Order: SVU reexamina a figura icônica de Jayne Mansfield

Por Ana Claudia Paixão
Atualizado em 13 jul 2025, 09h33 - Publicado em 13 jul 2025, 09h30
Por trás dos holofotes, uma história de mãe e filha. 'My Mom Jayne' na Max, narrado por Mariska Hargitay, é um mergulho profundo na vida de Jayne Mansfield — e na busca por compreensão e perdão.
Por trás dos holofotes, uma história de mãe e filha. 'My Mom Jayne' na Max, narrado por Mariska Hargitay, é um mergulho profundo na vida de Jayne Mansfield — e na busca por compreensão e perdão.  (Reprodução/Reprodução)
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Há algumas semanas, chegou à Max o documentário My Mom Jayne, dirigido e narrado por Mariska Hargitay, estrela de Law & Order: SVU. Mas antes de falar sobre o filme em si, é preciso falar de Jayne Mansfield — e do peso que uma mãe pode ter na vida de uma filha, mesmo quando morre cedo demais.

Jayne Mansfield foi uma dessas estrelas maiores que a vida. Loira, voluptuosa, fotogênica até a caricatura, ganhou a fama de “Marilyn de segunda linha” — um rótulo cruel, que lhe dava brilho e sombra ao mesmo tempo. Por trás do estereótipo, havia uma mulher inteligente, poliglota, musicista, membro da Mensa e dona de um senso de autopromoção raríssimo nos anos 1950. Ela entendeu cedo como o escândalo podia ser capitalizado. Usou-o como ferramenta. Mas também foi engolida por isso.

Em 29 de junho de 1967, Jayne morreu em um acidente de carro. Tinha apenas 34 anos. No banco de trás, ferida e com apenas três anos, estava sua filha Mariska. Sobreviveu. E passou a vida inteira tentando entender o que significava ter vindo daquela mulher — tão amada e tão julgada.

É aí que entra o documentário. My Mom Jayne é menos uma cinebiografia e mais uma escavação íntima. Mariska não quer glorificar a mãe. Quer entendê-la. E, para isso, precisa antes olhar para si mesma com a mesma franqueza. O filme começa como carta de amor, vira pedido de perdão e termina como libertação. Há coragem ali — e também muito afeto.

Ao longo do filme, Mariska admite: teve vergonha da mãe. Queria menos escândalo, menos decotes, menos julgamento alheio. Cresceu em escolas católicas, querendo se encaixar, enquanto a imagem da mãe era a de uma pin-up de maiô, estampada nos arquivos da imprensa sensacionalista. O retrato mais famoso — aquele em que Sophia Loren a observa com reprovação — virou um símbolo da sua infância: sempre sob olhar dos outros.

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Mas o que mais mexe no documentário é uma revelação até hoje pouco comentada: a possível identidade do pai biológico de Mariska. Criada por Mickey Hargitay, marido de Jayne na época, Mariska descobre na vida adulta que pode ser filha do cantor brasileiro (e cidadão italiano) Nelson Sardelli. O que fazer com isso? Ela escolhe o silêncio — por respeito a quem a criou —, mas decide, agora, colocar tudo na mesa. E o filme se transforma num gesto de reparação.

My Mom Jayne é também um espelho para a carreira da própria Mariska. Há pelo menos 26 anos, ela interpreta Olivia Benson, talvez a personagem mais maternal e empática da TV americana e nada sexy. Não é à toa. Em vez de repetir o ciclo da mãe hipersexualizada, ela construiu outra narrativa: a da mulher que acolhe, que ouve, que protege. Não há cura sem escuta — e é disso que o documentário trata, no fundo.

Mariska entrevista irmãos, reconstrói laços, junta peças de um quebra-cabeça emocional que passou décadas incompleto. Há uma cena comovente em que todos assistem ao filme juntos, de mãos dadas, em silêncio. Finalmente, todos conseguem olhar para o passado — e não desviar o olhar.

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Jayne Mansfield, por sua vez, ganha ali o que nunca teve em vida: contexto. Não é mais só a loira estonteante dos tabloides. É uma mulher complexa, brilhante e também cheia de contradições. Sua vida foi marcada por ousadia, sim — mas também por uma luta contínua para ser levada a sério. Ela queria mais que aplausos. Queria voz.

E é isso que Mariska oferece agora. Uma filha que sobreviveu ao impacto, literal e simbólico, do passado. Que cavou fundo nas dores que evitou por anos. Que decidiu, enfim, contar a história como ela foi. Não para julgar. Mas para entender. E talvez, perdoar. Vale conferir, mas mesmo com meu spoiler, deixe um kleenex de stand by…

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