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Ana Claudia Paixão

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A jornalista Ana Claudia Paixão (@anaclaudia.paixao21) fala de filmes, séries e histórias de Hollywood

A Jornada de Lara Suleiman em Garotas Malvadas – O Musical

Atriz interpreta a icônica personagem com intensidade, autenticidade e potência vocal no musical em cartaz em São Paulo

Por Ana Claudia Paixão
1 Maio 2025, 17h00
Confira a entrevista completa com Lara Suleiman, atriz presente no musical "Garotas Malvadas"  (Assessoria/Reprodução)
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Desde que Tina Fey assinou o roteiro de Garotas Malvadas, em 2004, nasceu um fenômeno cultural e um cult instantâneo. Amado por sua sagacidade, frases icônicas (“Vestimos rosa às quartas-feiras”), crítica social e representação afiada da dinâmica adolescente, a história era inspirada no livro não-ficcional Queen Bees and Wannabes, de Rosalind Wiseman e, em 2017, também virou sucesso na Broadway quando foi transformado em musical. Aliás, a refilmagem quase vinte anos depois foi justamente da versão musical, que está em cartaz em São Paulo.

Embora se fale muito da rivalidade entre Cady Heron e Regina George, quem alimenta toda confusão e ação da história é Janis Sarkisian, a sarcástica, criativa e rebelde estudante que “adota” Cady e odeia Regina.

Com um estilo alternativo e uma postura crítica às convenções sociais do colégio, é Janis que elabora o plano de derrubar a rainha abelha, com consequências inesperadas para todos.

De todas personagens icônicas, a autenticidade de Janis a transforma uma das favoritas do público. A atriz Lara Suleiman, que já estrelou sucessos como Les Misérables, Beetlejuice e A Família Addams, entre muitas grandes produções, é quem dá vida à jovem. Em meio às apresentações, conversou com exclusividade com CLAUDIA.

Janis Sarkisian é o grande nome da adaptação teatral de
Janis Sarkisian é o grande nome da adaptação teatral de “Meninas Malvadas” (Victor Miranda/Reprodução)

CLAUDIA: Janis é uma personagem cheia de personalidade e muito querida pelo público. Como foi o seu processo de construção para essa versão teatral?

LARA: O processo de construção da Janis foi ao mesmo tempo divertido e desafiador. Ela é uma adolescente cheia de camadas, todas essenciais para o entendimento tanto da personagem quanto da história. A Janis se divide entre a narradora, que já viveu as situações e sabe o que aconteceu, e a personagem inserida na trama, que está vivenciando tudo pela primeira vez. Para mim, como atriz, é uma experiência incrível dar vida a essas duas versões dela e acompanhar o seu amadurecimento ao longo da trama. Tanto o filme quanto o musical da Broadway são grandes referências para os fãs da obra, então, além de imprimir minha própria personalidade na Janis, também busquei trazer elementos tanto do clássico cinematográfico quanto da inovação do musical.

CLAUDIA: Você comentou que “I’d Rather Be Me”, a canção de destaque de Janis, reflete muito a maneira como escolhe viver sua vida. O que essa música significa para você, dentro e fora dos palcos?

LARA: I’d Rather Be Me é uma música de libertação. No musical, a personagem canta essa canção para si mesma, como um sinal de coragem, de quem já não tem mais medo de ser quem realmente é, e também a canta para as outras garotas do colégio, incentivando-as a abraçar o mesmo pensamento. Acredito que, em algum momento da vida, todos nós mudamos um pouco da nossa personalidade para nos encaixarmos em padrões sociais, mas, para mim, não há nada mais libertador do que a maturidade de ser fiel a quem realmente somos. Nem todas as pessoas irão gostar de nós, e vice-versa, mas, ao sermos honestos com nós mesmos, atraímos as pessoas certas e não precisamos nos preocupar em agradar, apenas ser.

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CLAUDIA: A demanda vocal de Janis é intensa. Como tem sido o desafio de manter a voz saudável enquanto encara essa performance exigente?

LARA: Um dos maiores desafios desta temporada é manter a saúde vocal, pois a demanda é muito alta e o descanso, escasso. Tenho muito a agradecer aos meus médicos: Dr. Reinaldo Yazaki, meu otorrinolaringologista, que está sempre atento à minha saúde; minha fonoaudióloga, Adriana Bezerra, sempre à disposição para me ajudar a recuperar da fadiga; mas, principalmente, ao meu mestre e professor de canto, Maestro Marconi Araújo, que me ensinou toda a técnica vocal que eu possuo hoje, permitindo-me performar as músicas com o menor esforço e a maior qualidade possível. O teatro musical é uma profissão que exige muito de nós, e interpretar a Janis é uma responsabilidade imensa. Requer muito estudo e cuidados pessoais para garantir que o show oferecido seja de qualidade para todos os públicos que nos assistem.

CLAUDIA: Você já viveu personagens icônicas no teatro musical, de Éponine a Lydia Deetz. Existe alguma personagem que marcou mais sua trajetória?

LARA: Todos os musicais e personagens que interpreto marcam minha trajetória de maneiras únicas. No entanto, acredito que Éponine vai ficar para sempre no meu coração. Les Misérables é meu musical favorito e foi a minha porta de entrada no mercado do teatro musical brasileiro, o que torna essa experiência ainda mais significativa para mim. Conheci pessoas incríveis nesse processo, aprendi muito sobre minha carreira, sobre mim mesma, tanto como pessoa quanto como artista. Foi lá que soube com certeza que tinha escolhido a profissão certa. Tinha apenas 17 anos quando interpretei Éponine pela primeira vez: jovem, um pouco imatura, com algumas visões que hoje já não compartilho. Adoraria ter a oportunidade de subir ao palco mais uma vez como essa personagem, com minha maturidade atual. É uma personagem complexa, trágica e sonhadora, e seria um privilégio poder estudar e representar todas essas camadas novamente, a partir de uma nova perspectiva.

CLAUDIA: Além do teatro, a dublagem se tornou uma parte importante da sua carreira. Como foi a experiência de dar voz à Princesa Jasmine e outros personagens da Disney?

LARA: Para mim, trabalhar com a Disney é um sonho de criança realizado. É uma honra e um privilégio imenso ter dado voz à Princesa Jasmine no live action de Aladdin. Esse filme sempre teve um lugar muito especial na minha vida, pela minha descendência árabe e por ter sido uma das minhas VHs preferidas durante a infância. Aladdin (2019) foi o primeiro filme que dublei, então tive muitas dificuldades e muitas inseguranças durante o processo. É uma responsabilidade gigante dublar uma personagem que marca uma geração de crianças, mas tive diretores incríveis que me ajudaram muito durante as gravações, Thiago Longo e Nandu Valverde. Todos os personagens que eu fiz foram muito importantes para mim. Poder transmitir tantos sentimentos só com a voz, ter o poder de mudá-la a cada personagem e tornar o audiovisual mais acessível para tantas pessoas, é realmente muito especial.

CLAUDIA: Você transita entre o teatro e a dublagem com muita naturalidade. Existe alguma técnica ou aprendizado de uma área que você aplica na outra?

LARA: É quase como se uma “chavinha” se virasse no cérebro quando fazemos a transição entre o teatro e a dublagem. Cada uma dessas áreas exige um tipo de atenção diferente, pois são artes bem distintas, cada uma com suas especificidades. No teatro, ensaiamos por meses e apresentamos as peças diversas vezes, com cada apresentação sendo um pouco diferente da outra. A cada dia, corrigimos erros e aprendemos mais sobre a peça e os personagens. Já na dublagem, temos contato com o material apenas no momento da gravação, com alguns minutos para ensaiar, mas com muito mais dinamismo e a exigência de acertar nas poucas tentativas. Acredito que o foco é algo essencial em ambas as áreas. No palco, precisamos de foco para lembrar das marcas, do texto e estar atentos a qualquer imprevisto. É preciso estar atento também às deixas de música e às trocas rápidas de figurino. Na dublagem, o foco é crucial para captar a emoção transmitida pelo rosto da personagem, a velocidade da fala, as pausas e, acima de tudo, para garantir que tudo soe o mais natural possível. Contudo, o objetivo em ambas as áreas é o mesmo: oferecer qualidade e autenticidade para todos os públicos.

CLAUDIA: Sua jornada artística começou cedo, mas você também se formou em Cinema. Como essa formação influencia sua visão sobre teatro e dublagem?

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LARA: O cinema é uma grande paixão minha. A minha formação me ajuda a entender mais sobre os bastidores das áreas com as quais eu trabalho. Por exemplo, consigo ter mais entendimento sobre tudo que precisa ser feito para levantar uma peça de teatro musical, desde a compra dos direitos, até a desmontagem final. O que, além de ter empatia com as produções que trabalho, me dá autonomia para caso, um dia, eu escolher produzir algo por conta própria ou autoral. Na dublagem, percebo os jogos de câmera, o porquê do diretor ter escolhido certo take para entrar no filme ou ter ido para certa direção de atuação para representar o que pensou. Uma área completa a outra, me permitindo ter uma visão mais completa de todas elas.

CLAUDIA: Você mencionou que Janis passa por uma grande transformação ao longo do musical. Você já viveu um momento na vida em que sentiu que precisou mudar sua perspectiva como ela?

LARA: A Janis é uma adolescente, que passa por vários momentos importantes dessa fase da vida, e durante a trama ela alcança um grande amadurecimento pessoal. Eu fui uma adolescente que buscava muito o “perfeccionismo” e a aprovação das outras pessoas, acredito que isso seja muito comum, nunca senti que precisava mudar essa perspectiva. Mas depois da escola, quando comecei minha carreira no teatro musical, eu conheci pessoas diferentes do padrão que eu estava acostumada a conviver e aprendi muito com cada uma delas, principalmente a assumir minha própria personalidade, sem me preocupar com o que os outros iriam pensar. A arte me deu acolhimento e me faz sentir segura de ser quem eu sou, acredito que esse seja um dos maiores privilégios de trabalhar nessa área.

O elenco do músical
O elenco do músical “Garotas Malvadas” (Victor Miranda/Reprodução)

CLAUDIA: Você tem o desejo de escrever e dirigir um projeto de suspense/thriller. Já começou a desenvolver essa ideia?

 LARA: Sim! Eu sou muito fã de filmes de terror e uma grande amante dos livros da Agatha Christie, então a minha ideia é equilibrar esses dois gêneros em um roteiro “who dunnit?” com uma pitada de Stephen King. A história se passa em uma única locação, um teatro, e o assassinato acontece durante os ensaios de uma peça. Infelizmente ainda não consegui desenvolver muito do roteiro, pois é um tema difícil e que precisa de tempo para ser estudado, e com a rotina do teatro musical, é quase impossível conciliar os dois. Porém, meu objetivo é que as gravações comecem no final de 2026.

CLAUDIA: Se pudesse escolher qualquer musical para estrelar no futuro, qual seria e por quê?

LARA: Provavelmente escolheria Rent, adoraria interpretar a Maureen. Eu sou muito fã de Jonathan Larson e acredito que esse musical é uma mistura perfeita de uma narrativa bem construída com uma trilha sonora de tirar o fôlego. As questões abordadas, como a sexualidade, o desemprego, a vida do artista, a libertação e a AIDS, são assuntos ainda pertinentes nos dias atuais e importantes de serem ressaltados. Está na minha lista de desejos poder contar essa história.

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