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Sustentabilidade: designer francesa cria peças com pó metálico

Em seu ateliê, Ariane Prin usa sobras de pó metálico para criar belos objetos

Por Texto: Liége Copstein | Fotos: Divulgação
Atualizado em 25 Maio 2022, 14h47 - Publicado em 16 dez 2015, 21h14
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O resíduo do polimento das peças de metal, misturado com a ecorresina Jesmonite, dá forma aos potes, vasos, bandejas, bowls e porta-joias da coleção Rust, assinada pela designer francesa, radicada em Londres. “Recolho o material em oficinas de chaves e nas empresas metalúrgicas”, afirma ela. Por causa da oxidação pós-manufatura, os artigos, feitos a mão, têm veios e matizes temporariamente mutantes – e nenhum deles se repete. A fim de valorizar esse efeito tão especial, as formas dos produtos são simples. “Durante o desenvolvimento de uma série, já fico pensando em como utilizar os restos em outro projeto. Sou o tipo de pessoa que não joga nada fora”, revela a engajada Ariane. Abaixo, leia a entrevista com a profissional.

O que as pessoas esperam do design e da arte atualmente?

– Não posso falar por outras pessoas pois isso varia conforme a cultura ou mesmo a posição social de cada um, mas acho que o que as pessoas esperam da arte é sentirem-se inspiradas, e do design, é sentir que conseguiram tirar dele alguma felicidade, transmitir alguma felicidade para a vida cotidiana, que aquilo fez suas vidas melhores. Você sempre se lembra dos objetos que não funcionaram da forma como deveriam, que falharam enquanto ferramentas, por exemplo, bem no momento em que você precisava cozinhar se utilizando dele. Você nunca vai esquecer aquele objeto que não funcionou de forma apropriada. Os objetos que funcionam, o fazem silenciosamente. Acho que a felicidade que o design ou a arte podem trazer à existência é muito subjetiva, mas sim, você acaba sendo mais feliz se tem presenças que “funcionam” na sua vida, sejam objetos ou pessoas. E nós não precisamos de fato de muitas coisas. É estranho que eu diga isso, afinal sou uma designer de produtos, o que eu faço é vender objetos, mas recentemente mudei para um novo apartamento onde ainda não tenho móveis, nada mesmo, e estou amando. Estou super feliz com nada. A maioria das minhas coisas ainda estão fechadas em caixas de papelão e estou feliz do jeito que está. Claro que planejo eventualmente abrir as caixas… (risos) Mas não estou com pressa, percebi que na verdade preciso de muito pouco.

Qual a importância de trabalhos que abordam a sustentabilidade de forma conceitual?

Estamos vivendo uma época muito importante, o mundo está mudando, estamos no limiar de algo totalmente novo. É bom estar vivo agora para ver isso acontecer. Acho que as pessoas estão percebendo que já faz muito desde a revolução industrial, que agora estamos iniciando a revolução ecológica, e aprendendo a partir dos nossos erros. Tivemos que chegar onde chegamos para perceber que não era o caminho certo. Claro que existe muita hipocrisia – e eu me incluo entre os hipócritas – por exemplo, tantos ótimos designers que se dedicam a criar móveis e objetos bonitos em geral e só depois disso percebem, talvez muito tarde, que tomaram as decisões erradas. Fico pensando se não somos muito bons em falar e não tão bons em agir. Mas a verdade é que toda essa mudança virá muito lentamente. As coisas mudam devagar mas inevitavelmente, e designers são as pessoas em melhor posição para promover mudanças, pois estão posicionados entre os bens de consumo e a indústria, lidando com o mercado em muito diferentes níveis. Assim, o trabalho que aborda a sustentabilidade de uma forma conceitual, como é minha inspiração, pode não ser tão importante em termos quantitativos, mas ele representa o comportamento que deveria ser a norma. Nós deveríamos agir sempre de forma sustentável. Chego a ficar chocada quando percebo que pensar e agir de forma sustentável não é a norma, mas a exceção. Nem deveria existir uma palavra para sustentabilidade, isso deveria ser simplesmente o senso comum.

Você acha que está acontecendo uma redescoberta, um renascimento do artesanato?

Eu sinto um maior interesse por artesanato em torno de mim, mas isso pode ser porque considero a mim própria como uma artesã e vivo cercada de pessoas com o mesmo tipo de visão e interesses. Nem todos os meus amigos são designers, mas todos são habilidosos e produtivos, preferem produtos em menores quantidades e maior qualidade, produtos que têm uma história, uma identidade. Então sim, eu acho que o renascimento do artesanato pode ser uma possibilidade, mas num sentido muito mais amplo. Muita gente está mudando para o campo, pois perceberam que as cidades se tornaram muito caras e superlotadas para viver, e que, com a internet, não é mais preciso estar lá. Muitos vão viver em sítios, voltam a cultivar vegetais livres de químicas, parece que tudo está mudando para melhor. É muito estimulante.

 

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