Os móveis desse apartamento contam a história desta família
O apartamento da jornalista Mônica Figueiredo guarda muitos objetos, vindos de tempos e lugares distintos, e que agora, lado a lado, contam uma só narrativa: a do afeto.
Não são as paredes que definem esta casa, mas os objetos que elas contêm. São elas, as paredes, que ordenam, agora juntos, artefatos que vieram de lugares diferentes, de momentos espaçados na vida de quem os escolheu. Porta-retratos, pincéis, desenhos, azulejos e panos bordados se juntaram para narrar a história de Mônica e Antônia Figueiredo, mãe e filha. Neste apartamento em São Paulo, não por decisão, mas por intuição, elas trazem para perto coisas que contam a história das duas. São símbolos de experiências passadas, pequenas e grandes, vindas de muito perto, como presentes de amigos e parentes queridos, ou de muito longe, como azulejos de além-mar ou uma casinha de brinquedos do século 19, comprada em Nova York. São peças que, trazidas do passado, próximo ou distante, fortalecem o presente e, ao fazer isso, apontam para um futuro mais acolhedor, posto que tão reconhecível. É assim que, num dos cantos do quarto da jornalista, pequenos vidros trazem penas, pedras, areia, conchas – como que numa coleção de ciências. Em cada um desses potes, uma etiqueta indica o lugar em que foi coletado: “jardim da casa da Paula, Lisboa”, por exemplo. Mônica conta que fazia essas coletas nas viagens e nos passeios ao lado de Antônia, ainda pequenina. Em seu gesto, salvou da passagem do tempo as alegrias vividas entre mãe e filha. “Era muito gostoso”, diz ela. E continua sendo. Na parede da sala, há o vestidinho vindo de Veneza que a menina usou em seu batizado. Aos pés da cadeira, o par de sapatos holandeses que foi do pai de Mônica, Abelardo Figueiredo, cuidado pela filha até o dia de sua despedida, em 2009, e um dos grandes empresários do teatro e da música do Brasil. Motivo pelo qual a jornalista viu sua vida acontecer primeiro no Rio de Janeiro e, depois, em São Paulo, num território lúdico, lírico e povoado de poesia. “Este é o meu mundo”, conta, “e ele se expressa em minha casa.”