O território de Fernanda Young: conheça a casa na árvore da escritora
Em seu sítio no sul de Minas Gerais, a escritora montou um pequeno paraíso: esta casa na árvore cercada de verde
“Tudo meu”, diz o aviso escrito a mão com tinta verde-menta na porta da casa na árvore. Assim FernandaYoung demarcou seu território. A 5 m do chão e ao redor do tronco de duas araucárias, o chalé de 80 m² é o lugar em que a escritora, roteirista e poeta, nascida em Niterói (RJ) e paulistana de coração, se isola para curtir os pequenos prazeres da vida ao som de Chopin e Vivaldi. “Eu me adoro e me divirto comigo. Danço, bebo, dou festa para mim, preparo coisas, fico entediada, às vezes me sinto chatérrima. Acho triste quem não consegue fcar sozinho”, afirma.
Para os quatro filhos, ela ensina que se sentir bem acompanhado por você mesmo é uma questão de autoconhecimento. “Sou taurina. Preciso do meu espaço, das minhas coisas e tenho muitas manias. Gosto de habitar em mim”, conta. Nos fins de semana e feriados, Fernanda usa a cabana de peroba-rosa, com suíte e varanda, construída pela empresa paranaense Casa na Árvore no alto de um morro, no sítio da escritora.
Apaixonada por decoração, a dona do pedaço montou o ambiente à sua maneira, com de tudo um pouco e muito valor afetivo. Peças herdadas, outras que ganhou ao longo da vida, lembranças de viagens e pôsteres de exposições compõem um cenário acolhedor e sem frescuras. O acervo está sempre em mudança, pois de uma hora para a outra Fernanda tem ideias diferentes, reorganiza móveis e objetos e cai de amores novamente pela casa. “Sou inquieta, capaz de criar o caos na tranquilidade e trazer paz a um ambiente caótico. Às vezes, cismo e troco tudo de lugar”, diz.
A história entre ela e esse paraíso a três horas de São Paulo, com ar puro, silêncio e clima agradável, começou em 2009, quando decidiu investir o cachê que recebeu após posar nua para a revista Playboy. “Compre um terreno que tenha água corrente”, aconselhou um amigo. O achado veio de uma despretensiosa busca na internet. A propriedade de 12 mil m², repleta de vegetação exuberante e com uma mina d’água, causou entusiasmo no ato. Tanto que o negócio foi fechado em apenas quatro dias. Originalmente, havia no local uma casinha tipicamente mineira, com estruturas centenárias e janelas amarelas.
Aos poucos, a escritora foi transformando o cenário. Primeiro reformou e decorou a construção principal, com quatro quartos, para receber com todo o conforto a família e os amigos (apesar de ter seus momentos de isolamento sagrados, Fernanda adora ver a casa cheia), depois ergueu o refúgio na árvore e, mais recentemente, seu novo xodó: o ateliê de madeira, ainda sem portas, com claraboias no teto, construído pelo caseiro para abrigar as telas e tintas da moradora, matriculada no segundo semestre da faculdade de artes visuais.
Nessa cabana, a autora do recém-lançado A Mão Esquerda de Vênus (Ed. Globo) passa as tardes se dedicando a descobertas artísticas. Escrever, apenas diante da desordem urbana. “Aqui eu pinto, faço cerâmica, bordo. Escrevo para manipular uma realidade que não está boa, e não sinto necessidade disso num lugar assim.” Certa vez, ela teve a chance de conhecer os antigos donos da chácara e soube que foram muito felizes nos anos que viveram aqui. Ela diz perpetuar esse sentimento. “Acho, defnitivamente, que fui abençoada. Não gosto de praia, sempre vivi rodeada por concreto e nunca tinha visto um sapo até chegar aqui. Ganhei um dos jardins mais bonitos da região e, depois que conheci a história do sítio, passei a me identifcar ainda mais. Reconheço que esse é o meu lugar no mundo.”
Confira mais detalhes no vídeo abaixo:
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