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Memórias e afeto povoam os ambientes desta casa de campo

A mineira Ju Avellar compôs a morada de seus sonhos, feita de telhas, piso, janelas, portas, móveis e objetos reunidos ao longo de cinco anos.

Por Reportagem Visual Juliana Hamacek | Texto Lyna Barbosa | Fotos Daniel Mansur
Atualizado em 26 Maio 2022, 10h20 - Publicado em 9 jun 2014, 18h32
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O cimento queimado cobre o piso da área de jantar, que tem mesa da Oficina de Agosto e cadeiras da Thonart.  (/)
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Nem sempre nossa Pasárgada coincide com o local onde nascemos ou passamos a maior parte da vida. Ju Avellar precisou construir seu paraíso e fez isso numa área de 1,2 mil m², remanescente da mata Atlântica, a 20 km de Belo Horizonte. Ali, passeiam micos e jacus, e cantam tucanos e outros pássaros. Antes mesmo de a morada ser erguida, a proprietária já se imaginava andando pelos ambientes, fazendo caldo no fogão a lenha, organizando a coleção de potes de barro numa das vigas. “Dar expressão a seus desejos é um compromisso que toda pessoa deve cultivar”, diz ela. Os sonhos eram traçados sempre que encontrava algo de interessante nos antiquários da capital mineira, nas lojas de demolição ou nos ateliês de Tiradentes, MG, onde mantém uma casa. Durante cinco anos, guardou os achados nesse endereço até tirar do papel o projeto pelo qual seu coração bateria mais forte. Para o arquiteto José Ricardo Fois, responsável pelo layout da planta de 200 m², fazer tudo se encaixar foi um desafio. “Tive de montar um quebra-cabeça com elementos antigos e de dimensões diferentes. Isso sem perder a estética, tão preciosa a Ju”, afirma. Seis viagens de caminhão transportaram os itens de uma cidade à outra – e a obra sonhada começou a se concretizar.

Além dos itens da casa, os caminhões levaram à Pasárgada de Ju histórias bonitas que habitaram sua infância na morada dos pais e na fazenda dos avós, no sul de Minas. Ela traz, desde menina, o olhar que se encanta com assoalhos e móveis de madeira, panelas e potes de barro, colchas de crochê e lamparinas de ferro. “Reencontrei muitas dessas memórias em Tiradentes, onde minhas raízes foram atualizadas e revitalizadas. Assim, nasceu esta construção, que expressa minha história”, conta. A proprietária também fala que o projeto reflete os diversos saberes das pessoas que confeccionaram os elementos usados na obra, muitas conhecidas apenas pelo primeiro nome, como o artesão Mauri, de Bichinho. Ele fez a esteira de bambu, aplicada no forro da cozinha. “Segundo a crença popular, para evitar o caruncho, o bambu deve ser colhido nos meses sem a letra R no nome (os mais frios e menos úmidos na região Sudeste). Mauri tomou esse cuidado”, explica. Os espaços se adequaram ao modo como Ju gosta de viver: cercada do belo, das boas lembranças, dos amigos e da natureza. “As grandes aberturas trazem a mata para dentro da casa, e as áreas de convívio são integradas”, comenta José Ricardo. “Este projeto, embora tenha referências coloniais, é muito contemporâneo.”

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