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Marta Bakowski: a designer que trabalha com arte manual e tecnologia

Conheça a designer francesa e sua obra que mescla arte manual e materiais tecnológicos

Por Texto: Helena Tarozzo
Atualizado em 25 Maio 2022, 14h25 - Publicado em 18 dez 2015, 18h56
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Impossível não se encantar com a delicadeza da arandela Rays, de Marta Bakowski. “A ideia saiu de um estudo sobre trançados artesanais para fazer cestos”, conta a designer, que usou a técnica no miolo das peças de acrílico cortado a laser. Em vez de materiais naturais, porém, ela usou cordões de poliéster e apostou no mix de tons. Espelhada, a lâmpada de LED joga a luz para trás, alterando todos os matizes. Nascida em Paris e graduada pela Central Saint Martin’s, a designer foi assistente de Hella Jongerius, diretora de arte da Vitra e da Danksina e, com ela, aprendeu muito sobre o uso de cores – como é possível ver no primoroso trabalho com as luminárias.

Leia a entrevista com Marta e veja mais a respeito de sua obra.

Por que você se tornou designer?

Quando eu era jovem, pensava muito em fazer faculdade de artes ou de moda. Não pensei primeiro em design de produto. Mas eu conhecia a famosa Central Saint Martin’s School, em Londres, porque dois dos meus estilistas favoritos estudaram lá, Alexander McQueen e John Galliano. Então eu sempre disse que tentaria estudar lá. Era a faculdade dos meus sonhos. Depois de um curso que fiz em Paris, cheguei à conclusão que eu tenho muito tato para coisas e objetos em três dimensões. Na hora de entrar numa faculdade, fui para Londres, tentei a Central Saint Martin’s e consegui! É assim que começou a minha história. Aos poucos, fui ficando mais consciente das minhas escolhas, conhecendo gente criativa e fazendo projetos fascinantes. Percebi que o design me oferece uma ótima base criativa.

O que você gosta mais na sua profissão?

É preciso trabalhar com alguns obstáculos (produção viável, limites de materiais, custos, necessidades…), mas esses obstáculos não são limitações. Eles te impulsionam a achar soluções, a testar o seu produto, a simplificar e captar a essência. Algo que tenho aprendido muito com o design atual a contar a história do objeto antes mesmo de a peça estar pronta. Isso porque muitos designers têm se tornado criadores de seus próprios materiais e processos produtivos.

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O que te inspira a criar?

Eu sou muito observadora. Meus elementos de inspiração estão em toda parte; mas é preciso parar e olhar atentamente. No meu estúdio tem bastante espaço para cores e materiais, mas, às vezes, o que preciso é sair, viajar, andar em uma rua desconhecida e dar de cara com uma parede de textura interessante ou uma associação de tons para ter o começo de uma ideia. Muitos de meus projetos surgem de uma curiosidade que tenho por processos feitos a mão e meu trabalho como designer industrial é achar uma maneira de traduzi-los. Gosto muito de arte primitiva, especialmente a africana, e suas formas simples, suas estampas e o uso elementar dos materiais me inspira muito. Recentemente fui chamada para participar de uma residência em Burkina Faso, no projeto Design For Peace. Imagino que não terá melhor lugar para me inspirar.

Você usa muitas cores no seu trabalho. Elas são escolhidas instintivamente ou é algo mais cerebral?

As cores são um tópico apaixonante e eu sempre fui sensível a elas. Geralmente, no processo de design, elas são consideradas como parte final do trabalho, o último a se pensar. Mas, ao contrário, eu prefiro pensá-las desde o começo. Afinal, elas são o que mais chama atenção e o que mais influencia a escolha das pessoas. Claro, eu tento sempre estar atenta às tonalidades que são tendência e procuro respeitar o tom de uma marca e a identidade da coleção, mas eu tenho minhas combinações de cores favoritas. Que são muito intuitivas, inclusive. E eu tento não ter medo de matizes considerados “feios”, porque eles podem se tornar incríveis se usados de uma maneira inteligente. E aí vem a parte cerebral, de olhar para uma cor dependendo da textura do material no qual ela está, da luz que irá bater nela – por que isso influencia muito!

Você poderia contar um pouco de seu processo criativo no desenvolvimento das Rays?

Elas surgiram de uma pesquisa espontânea que fiz sobre trançado de cestos. Explorei várias técnicas para fazer inúmeros protótipos. Quando você faz um cesto, geralmente se começa do fundo até a borda. Para as Rays, contudo, eu fiz apenas a parte de baixo, enquanto ela ainda estava plana e redonda. Depois disso, testei outros materiais não naturais, uma vez que eu queria dar um efeito mais industrial e contemporâneo ao produto. Cheguei então ao fio de poliéster encerado. O disco que segura a luminária surgiu depois, pois imaginei que ficaria bonito deixar o trançado semipronto para mostrar os raios. E, finalmente, desenvolvi a combinação de cores, que são mais fortes no centro e, conforme chegam nas bordas, mudam de tom. Minha paleta de cores é um pouco “tecno”, mas é delicada e moderna ao mesmo tempo.

 

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