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Livro de Adélia Borges mostra como artesanato e design podem se unir

O artesanato é um patrimônio inestimável que nenhum povo pode se dar ao luxo de perder. Mas esse patrimônio não deve ser congelado no tempo. Congelado, ele morre. E é na transformação respeitosa que entra o papel dos designers.” O trecho escrito por Adélia Borges para o jornal Gazeta Mercantil em 2000 já anunciava seu […]

Por Por Baba Vacaro, designer, curadora e diretora de arte da Dominici
Atualizado em 26 Maio 2022, 15h53 - Publicado em 20 mar 2012, 18h41

O artesanato é um patrimônio inestimável que nenhum povo pode se dar ao luxo de perder. Mas esse patrimônio não deve ser congelado no tempo. Congelado, ele morre. E é na transformação respeitosa que entra o papel dos designers.” O trecho escrito por Adélia Borges para o jornal Gazeta Mercantil em 2000 já anunciava seu interesse pelo tema. O resultado dessa investigação, misto de reportagem e ensaio, Adélia apresenta em seu livro Design + Artesanato – O Caminho Brasileiro.

Leia o texto de Baba Vacaro sobre Adélia Borges

 

Escrever sobre o trabalho de Adélia Borges requer uma boa dose de audácia. Desajuizada que sou, sigo adiante, com respeito e admiração pelo modo como transforma seu profundo conhecimento em texto cadenciado, gostoso de ler, que aproxima leitor e assunto de um jeito que – quando nos damos conta – estamos fisgados totalmente. Ela sabe como poucos usar as palavras. Um elogio rasgado ou uma crítica contundente saem da ponta de seus dedoscomo que a mimetizar a serenidade de sua presença. Começo pelo capítulo final – uma reflexão sobre a relevância do objeto artesanal na nossa sociedade e os indícios de sua demanda crescente num mundo cada vez mais massificado – um parágrafo que, sozinho, seria suficiente para justificar a publicação: “Os objetos artesanais surgem como um contraponto. Num mundo virtual, oferecem uma experiência real. Em vez da uniformidade e da padronização dos objetos industriais, são únicos, nunca idênticos. Têm a beleza da imperfeição – ou a ‘boniteza torta’ de que falava a escritora Cecília Meirelles. Envelhecem com dignidade, podendo permanecer ao nosso lado por toda a vida. Eles nos contam de um lugar preciso, onde foram feitos por pessoas concretas. São honestos, confiáveis. Transmitem cultura, memória. Trazem um sentido de pertencimento. Por tudo isso, podem tocar – e o uso do verbotocar não é fortuito – o nosso coração, a nossa alma”. Adélia sabe como poucos usar as palavras.

Visto que o mercado atual tem a necessidade de consumir signos de calor humano, singularidade e pertencimento nos produtos que adquire, e dado que a aproximação entre design e artesanato é, sem dúvida, um fenômeno de extrema importância por sua dimensão social e econômica, Adélia nos guia por um desencadear de informações e reflexões indispensáveis para estudantes e profissionais ligados ao design, para gestores de projetos de revitalização do artesanato e também para todos que se interessam pelo potencial material e humano de nosso país. Sem intenção de catalogar extensivamente a produção de nosso objeto artesanal, Adélia escreve com liberdade, em primeira pessoa. Relata, exemplifica, questiona. Parte do afastamento entre design e artesanato para então construir sua aproximação. Começa por definir a palavra artesanato, depois nos ajuda a entender a distânciaque o separava do design industrial, ao questionar a visão funcionalista do ensino de design no Brasil, e apresenta por oposição as iniciativas de Lina Bo Bardi e Aloisio Magalhães. A seguir nos lembra dos primeiros exemplos de aproximação, ainda nos anos 1980. E, a partir daí, nos transporta para diversas localidades do Brasil ao apontar as possibilidades abertas e o trajeto percorrido por designers, entidades e artesãos nos últimos 25 anos, em busca de uma relação ética e saudável de intervenção do design no produto artesanal. Ilustra os muitos frutos colhidos nessa interação, como melhoria de condições técnicas para o artesão, aporte de novos materiais locais, construção de marcas e suporte para as não menos importantes questões de distribuição, comercialização e promoção dessa produção. Mas não se furta a colocar o dedo na ferida e abre espaço para falar também das experiências ruins e dos equívocos ocorridos ao longo do caminho. Afinal, o lado bom de todo erro é que ele tem o poder de ensinar. Baba Vacaro é designer, curadora, colunista e diretora de arte da Dominici

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